Pronunciamento do presidente Lula durante inauguração de obras viárias na rodovia Presidente Dutra
Minhas amigas e meus amigos de Guarulhos,
Eu quero, primeiro, agradecer ao senador Renan [Filho], que, além de senador, é o meu ministro dos Transportes, que está, há algum tempo, insistindo para que eu venha inaugurar esse trevo dessa obra, aqui em Guarulhos. E o Alencar [deputado federal Alencar Santana] também, que telefonava sempre: “Presidente, o senhor tem que ir a Guarulhos, o senhor tem que ir a Guarulhos para inaugurar esse trevo”. E eu dizia, tanto para o Renan quanto para o Alencar, que não havia necessidade de eu vir a Guarulhos para inaugurar esse trevo, mas que eu poderia vir para fazer outras coisas aqui, porque, o que é importante nesse trevo é que, a partir de hoje e a partir de amanhã, ninguém vai ficar mais duas horas no trânsito para chegar em casa. Nunca mais, nunca mais nenhum professor da universidade federal aqui vai pedir para mudar a universidade, porque não conseguia chegar para dar aula em tempo correto.
Nunca mais a mulher e a filha vão ficar esperando seu pai demorar duas horas para chegar em casa. Ou o marido esperar a mulher duas horas para ela chegar em casa. Esse trevo é uma demonstração de competência. Primeiro, do ministro Renan, segundo, da própria CCR, porque esse trecho estava previsto inaugurar no ano que vem. E nós antecipamos em nove meses a inauguração desse trevo para facilitar a vida do povo de Guarulhos.
Não é apenas isso. É que o Renan é muito humilde e ele falou muito das estradas brasileiras, mas eu queria dizer uma coisa para vocês compreenderem: em apenas um ano, apenas um ano, em 2023, a gente investiu mais em rodovia do que o outro governo investiu em quatro anos neste país. Em apenas um ano, nós investimos quatro vezes mais do que ele. Isso vale para o transporte, vale para a saúde, vale para a educação, vale para todas as obras que esse país precisa para se desenvolver, para crescer, para gerar emprego, para distribuir renda.
Eu acho que Guarulhos é uma cidade que eu vim várias vezes mesmo. Só aqui no bairro do Pimentas, eu devo ter feito uns quatro comícios aqui. Aqui, nós inauguramos um hospital, aqui nós inauguramos uma universidade e aqui nós fizemos muito comício para eleger muitos prefeitos do PT nessa cidade aqui.
Pois bem. Eu estou de volta para dizer para vocês: eu até queria lembrar, eu estou vendo alguns companheiros levantando cartaz ali para mim. “Estamos de greve”. Que bom que vocês podem vir em um comício do Lula e levantar um cartaz dizendo que estão em greve. Que bom. Que maravilha que é garantir o direito democrático das pessoas lutarem, das pessoas reivindicarem e das pessoas chegarem a um acordo no momento correto. Porque, há pouco tempo atrás, os estudantes não podiam se manifestar, os professores não podiam reivindicar, os reitores não podiam reclamar e o governo não estava disposto a negociar. Agora, não. Agora vocês têm o direito de protestar, têm o direito de levantar cartaz, levar faixa, porque o nosso governo é democrático e o nosso governo sabe lidar com as diferenças. E sabe lidar com as contradições.
O que eu quero que vocês tenham certeza é que a inauguração de hoje aqui é apenas um gesto nosso para essa rodovia, que é a rodovia mais importante do Brasil. O que nós precisamos é garantir que todas as rodovias nesse país estejam em qualidade para transportar gente e transportar carga. Para transportar a nossa riqueza, porque, quanto mais riqueza a gente produzir, mais emprego a gente vai gerar, mais salário a gente vai ter. E salário com mais qualidade.
Vocês estão lembrados: há quantos anos esse país não aumentava o salário mínimo? Nós estamos há apenas um ano e seis meses e já aumentamos duas vezes. Nós conseguimos fazer com que a renda do povo trabalhador crescesse 11,7%. Isso significa mais possibilidade de colocar comida.
Essa semana eu fiquei meio nervoso, porque eu vi o preço do arroz muito caro no supermercado. Essa semana eu fiquei um pouco irritado, porque o preço do arroz, em um pacote de 5 quilos, em um supermercado, estava R$ 36. Em outro, estava R$ 33. Eu chamei o Paulo Teixeira, que é ministro do Desenvolvimento Agrário, chamei a Conab, que é a nossa Companhia de Abastecimento. Chamei o ministro [Carlos] Fávaro, que é o ministro da Agricultura, e nós decidimos: arroz e feijão é uma coisa que nós brasileiros não sabemos e não queremos abrir mão. Por isso, eles têm que estar no preço que o povo mais humilde e trabalhador possa comprar. E, por isso, tomamos a decisão de importar 1 milhão de toneladas de arroz, para que a gente possa equilibrar o preço do arroz nesse país. E, para isso, o companheiro [Geraldo] Alckmin [vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços] assinou uma redução dos impostos que a gente cobrava para importar arroz, para que o arroz possa chegar aqui no Brasil mais barato e a gente garantir que não vai faltar arroz na mesa das crianças, na merenda escolar e, muito menos, na casa das pessoas.
E podem ter certeza de uma coisa: esse ano, o Brasil vai crescer outra vez. Quando o Brasil crescer, vai crescer o salário. Quando o salário crescer, vai crescer o poder de consumo. Quando crescer o poder de consumo, vai ter mais gente trabalhando, mais mulher trabalhando, mais homem trabalhando, mais adolescente estudando, que é o que nós queremos nesse país.
É por isso que nós já anunciamos mais 100 Institutos Federais nesse país, para que a gente possa formar as nossas crianças.
Eu vou contar uma coisa para vocês, que é uma coisa extraordinária. Nós descobrimos, no mês passado, que quase 500 mil crianças, entre 14, 15 e 16 anos, desistiam de fazer o ensino médio porque essas crianças tinham que trabalhar para ajudar no orçamento familiar. Preste atenção: quase 500 mil pessoas, entre 14, 15 e 16 anos, não iam fazer o segundo grau, porque essas crianças têm que ajudar no trabalho da família.
O que que nós fizemos? Nós criamos um programa chamado Pé-de-Meia para que a gente garanta uma poupança para que essas crianças que estão fazendo o ensino médio não deixem de estudar, que continuem estudando e vão receber R$ 200 por mês, durante dez meses, e mais R$ 1 mil no final do ano, durante os três anos. Quando terminar, essas crianças vão ter R$ 9 mil na poupança. E nós queremos que essas crianças estudem, porque quem fala que nós estamos gastando dinheiro com o Pé-de-Meia devia entender que nós estamos investindo para que essas crianças possam se tornar cidadãos e cidadãs brasileiras de qualidade, casar, constituir família e viver dignamente, porque, se a gente não investir na educação, a gente vai ter que investir em cadeia depois. A gente vai ter que investir em policiais para poder prender os bandidos.
Então, nós vamos fazer investimento em educação. Quem quiser ficar de biquinho, fique. Quem quiser ficar de beicinho, fique. Eu não tenho diploma universitário, mas eu quero que o povo brasileiro tenha.
Companheiros e companheiras,
Eu sei a diferença entre um trabalhador ou uma trabalhadora que vai procurar emprego e não tem profissão. E conheço a experiência de um trabalhador que tem profissão. Quando a gente não tem profissão, a gente bate palma na porta da fábrica, a gente fica esperando o diretor de relações humanas durante duas ou três horas. E, quando ele vem, pega nossa carteira e pergunta: “Você tem profissão?”. “Não”. Ele fala: “Então não tem vaga”. E a gente vai embora. A gente fica andando, perambulando dias a dias.
Eu, Alckmin, eu andava da Vila Carioca, lá em São Paulo, divisa com São Caetano, até São Bernardo do Campo, procurando emprego. Eu sei a diferença. O que é andar com uma carteira no bolso e não ter emprego. E sei o que é importante ter uma profissão. Quando você tem uma profissão, pode não ter vaga, mas o cara fica com seu currículo e ele fala: “Se eu precisar, eu chamo”.
E eu vou contar a minha história para vocês saberem o quanto é importante uma profissão. Eu sou filho de uma mulher que teve doze filhos. Quatro morreram e oito sobreviveram. Desses oito filhos da minha mãe, eu fui o primeiro a ter um diploma primário. Eu fui o primeiro a ter uma profissão. E, pelo fato de eu ter tido uma profissão, eu fui o primeiro a ganhar mais que um salário mínimo. Eu fui o primeiro a ter uma geladeira, eu fui o primeiro a ter uma televisão, eu fui o primeiro a ter uma casa. E fui o único a virar presidente da República, por conta de vocês, que acreditaram que era possível a gente mudar esse país. E a gente vai continuar mudando. E eu vou vir muitas vezes a Guarulhos, porque vai ter muita coisa para a gente fazer nessa cidade.
E eu quero terminar dizendo para vocês: nunca deixem de reivindicar. Nunca abaixe a cabeça e nunca se conforme, porque somente com muita luta é que o povo consegue ser ouvido nesse país e em qualquer lugar do mundo.
Mas eu quero terminar prestando para vocês uma salva de palmas ao povo do Rio Grande do Sul, que são verdadeiros heróis sobrevivendo naquela catástrofe climática que aconteceu.
E também quero pedir para vocês uma solidariedade às mulheres e crianças que estão morrendo na Palestina, por conta da irresponsabilidade de um governo de Israel, que continua matando mulheres e crianças. E a gente não pode se calar diante das aberrações. A gente não pode deixar de ser solidário, porque amanhã a gente vai precisar da solidariedade.
Por isso, CCR, obrigado. Por isso, companheiro Renan, obrigado. Por isso, trabalhadores, obrigado em ter feito essa obra. Senador [Alexandre Luiz] Giordano e, sobretudo, muito obrigado e um beijo no coração de cada mulher, de cada homem e de cada criança de Guarulhos.
Um abraço, gente, e até a próxima vinda.