Pronunciamento do presidente Lula durante entrega de aeronave da Embraer à companhia aérea Azul
Eu tenho um pequeno problema que é o seguinte: o comandante encontrou a comissária e, agora, eu quero chegar em casa muito rápido, aterrissar esse avião e fazer o Brasil andar pra frente.
Companheiros. Stuckert, cadê o microfone?
O cara comprou um microfone especial pra mim, mas ele fica no bolso e nunca me dá um microfone. Olha, eu tenho dito que, ultimamente, Haddad, eu tenho tido um certo azar. Porque uma forma da gente fazer um discurso comedido, curto, dizendo tudo o que é importante dizer, é a gente ler o discurso.
Porque o improviso, às vezes, faz a gente falar demais. Nós fomos inaugurar a primeira fábrica de insulina no Brasil hoje, em Nova Lima, Minas Gerais. Significa que, nesse país, ninguém mais vai morrer de diabetes por falta de insulina, porque nós construímos a primeira fábrica de insulina na história desse país.
E como a história do fundador dessa fábrica era muito bonita, eu disse pra ele: “Companheiro Walfrido (Walfrido dos Mares Guia)”. Ele só tinha cinco minutos pra falar, o cerimonial deu pra ele cinco minutos. Eu falei: “Companheiro Walfrido, você não vai respeitar o cerimonial. Você vai contar a história da construção dessa fábrica”. Eis que ele resolveu contar a história e demorou quase uma hora falando.
Ele nem obedeceu o cerimonial e nem obedeceu a colher de chá que eu dei pra ele. Mas é uma história tão bonita, que eu acho que a gente deveria, quem sabe uma hora, vocês da Embraer, contar a história da Embraer. Porque construir um avião, uma empresa como essa, ou construir uma fábrica de insulina, ou construir qualquer outra fábrica que a gente vê, quando a gente pega o produto pronto, a gente não sabe o esforço que foi feito pra gente chegar àquele produto.
E por isso, muitas vezes, a gente menospreza. Eu estava pensando, Janja, que muitas vezes o pessoal fica meio nervoso, o pessoal mais pequeno, com relação ao crescimento do agronegócio. Aí você vê um cidadão que tem muita terra no Mato Grosso, no Mato Grosso Sul, em Goiás, em São Paulo, você já acha que ele é inimigo porque ele é um grande. E você não leva em conta, muitas vezes, a história que essa pessoa fez pra chegar daquele jeito. Tem muita gente no Brasil que ficou um grande proprietário de terra, depois de vender 30 hectares no Rio Grande do Sul, depois de vender 20 hectares em São Paulo, e adentrar ao Mato Grosso, que até pouco tempo não era muita coisa.
E essas pessoas compraram um pouco mais de terra, essas pessoas dormiram embaixo do encerado, essas pessoas pegaram malária, até crescer. A mesma coisa é a mãe da gente. Muitas vezes, Moisés, você que é meio nervosinho, chega em casa, a mãe colocava comida e você falava: “não gosto, não tem tal coisa”. Nunca se preocupou, falou: “ô, mãe, tem dinheiro pra comprar? Mãe, quantas queimadas de óleo a senhora teve pra fazer a minha comida?”.
Eu conheci esse jovem aqui. Eu conheci esse jovem no outro mandato meu da presidência. Ele foi conversar comigo sobre o entusiasmo de montar a Azul. E eu fiquei muito feliz, porque ele ia montar uma empresa, e além de montar a empresa, ele ia comprar os aviões feitos pela Embraer, que as outras empresas de aviação brasileiras não compram. Mas que eu e o Alckmin assumimos um compromisso da gente conversar com essa gente e dizer o seguinte: “olha cara, você quer viajar com 20 horas de autonomia? Tudo bem, você pode comprar um outro avião”.
Mas o Brasil tem quase 6 mil municípios, o Brasil tem 27 capitais, o Brasil tem cidades de 200 mil habitantes, de 250, de 300. Ora, a gente precisa ter voos regionais como tem o mundo inteiro, pra voar internamente. Os nossos companheiros do turismo, o nosso companheiro do Ministério do Turismo, o nosso Freixo (Marcelo Freixo, presidente da Embratur) da Embratur, a gente precisa intermediar um pouco. Ao invés de a gente querer viajar pra ver o Museu Louvre em Paris, ao invés de a gente querer viajar pra Disney, que é muito importante, era preciso que o nosso povo conhecesse o Brasil.
Nesse instante que a gente está discutindo a questão climática, era importante que os jovens brasileiros tivessem a preocupação de conhecer os biomas brasileiros. O que é a Caatinga, o que é os Pampas, o que é o Pantanal, o que é a Mata Atlântica, o que é a Amazônia. Quantos voos foram feitos de turismo para a Amazônia? Nenhum. Nenhum. As pessoas passam por cima da Amazônia e vão pra Europa e vão pros Estados Unidos, mas não vão pra Amazônia. Porque nós temos culpa, nós.
Eu estou dizendo nós, governo, nós empresários, nós ministros, porque se a gente não falar e não despertar na cabeça das pessoas a necessidade econômica e a ideia de eles ficarem conhecendo o seu país, ele não vai. O Alckmin, um dia, falou assim pra mim: “Presidente Lula, eu fui num lugar chamado Alter do Chão. Eu nunca tinha ouvido falar nesse nome”. Gente, é uma cidadezinha à beira do rio Tapajós, que não tem lugar do mundo mais bonito do que aquilo.
Eu fui com a Janja, nós ficamos quatro dias lá, comendo a melhor comida que se pode comer no mundo, porque o Pará é uma das melhores culinárias do mundo. E a gente não conhece, porque a gente não gosta do Brasil, a gente não visita o Brasil, porque a gente prefere ir pra fora.
Então, é preciso que a gente comece a mudar, inclusive, o discurso da Embratur, do Ministério do Turismo, do presidente da República, do presidente da Gol, do presidente da Embraer, do ministro da Fazenda. Ou seja, nós precisamos mostrar a necessidade de a gente conhecer as coisas. Vocês, de vez em quando, veem na televisão, o Pantanal é uma coisa extraordinária. A riqueza da biodiversidade, o ecossistema, todo mundo deveria ter o interesse.
Está certo que a gente não tem estrutura, está certo que a gente não tem tanta pousada, está certo que a gente não tem tanto hotel. E está certo que a gente não tem voo. Então não dá pra ir a pé. Não dá pra ir a cavalo. Precisa ter um avião ou ir de carro. Como o carro é muito longe, e nós temos uma empresa que produz avião. Então, nós precisamos encontrar um jeito, não apenas pensando em gerar emprego, não apenas pensando em dar emprego para engenheiro, não.
É pra fazer com que esse país deixe de ser um eterno país em vias de crescimento e se transforme num país rico. Num país de classe média. Num país em que os trabalhadores possam estudar, possam trabalhar, com salário pela sua qualificação profissional. Está tudo ao nosso alcance. Então, nós precisamos mudar um pouco de comportamento. É quase que a gente fazer um novo aprendizado sobre o Brasil.
Nós vamos ter três eventos extraordinários no Brasil. Nós vamos ter agora, em novembro, o G20. O G20 é um encontro das 20 nações mais ricas do mundo. E antes da gente fazer a reunião dos presidentes das Repúblicas em novembro, nós temos 65 reuniões: vai ter reunião de ministros da Fazenda, vai ter reunião de ministros da Justiça, vai ter reunião de especialistas não sei das quantas, vai ter reunião de Ciência e Tecnologia, vai ter reunião da área da Saúde. São 65 ou 67 reuniões do mundo inteiro aqui nesse país. Então, nós temos que aproveitar e dizer pra essas pessoas o que é que nós temos. Se eu não abro as portas da minha casa pras pessoas conhecerem, ninguém vai conhecer o que é o Brasil.
Nós decidimos fazer a COP30, que é o maior evento climático do planeta Terra, em Belém. Por que para fazer em Belém? Porque todo mundo no mundo parece que é dono da Amazônia. Todo mundo no mundo fala da Amazônia. Então, agora nós vamos fazer a COP lá, para que a Amazônia fale para o mundo o que que ela é, o que que ela precisa, como é que ela tem que ser tratada, porque os países ricos se querem, e nós queremos também, porque eu tenho um compromisso de diminuir o desmatamento a zero até 2030. Eu quero isso, eu necessito, e o mundo precisa.
Para a gente chegar até a descarbonização que o mundo precisa, para a gente chegar a não permitir que o planeta fique muito aquecido, para a gente não permitir que as intempéries destruam a vida das coisas que nós criamos, nós temos que cuidar, e nós vamos cuidar.
Nós vamos fazer a COP lá, mas os países ricos precisam ajudar. Se eles não tiveram o cuidado e desmataram, porque há 200 anos atrás eles já fizeram a Revolução Industrial deles, nós estamos fazendo a nossa agora. E eles precisam pagar para que a gente possa melhorar a qualidade de vida dos indígenas que moram lá, dos pescadores que moram lá, dos madeireiros, do pequeno produtor rural.
Porque a gente vai impedir madeireiros ilegais, vai proibir garimpo legal, para a Amazônia ser uma fonte de riqueza. A gente não quer que a Amazônia seja um santuário da humanidade. A gente quer que a Amazônia possa ser conhecida, possa ser visitada, e nós, Freixo, na área do turismo, temos que criar condições. Nós temos o Parque do Iguaçu, que é um modelo extraordinário de tudo o que a gente queria fazer e está fazendo para as nossas reservas florestais.
Não adianta fazer uma reserva de milhões e milhões de hectares e trancar a porta, não ter nada para ninguém visitar. Assim ninguém vem ao Brasil. Então, nós precisamos mudar o nosso comportamento para que a gente possa convencer os brasileiros e os estrangeiros a visitar o Brasil.
Eu fiz questão de dizer essas coisas, porque eu estou numa empresa que sempre foi motivo de orgulho nesse país. E quando eu fui presidente da outra vez, eu lembro que nós tínhamos uma empresa de avião, de aviação, que ela tinha comprado 15 aviõezinhos, financiado pelo BNDES. Ela entrou em crise e nós pegamos os 15 aviões para dar para a Aeronáutica, que estava quase falindo também, porque não tinha mais avião.
Porque nesse país as pessoas não cuidam. As pessoas não cuidam da nossa frota de avião. As pessoas não cuidam da manutenção das coisas que nós temos. A irresponsabilidade é tão grande, porque as pessoas têm medo de denúncia. As pessoas têm medo que o jornal fale alguma coisa. Quando, na verdade, esse país não vai dar certo, se a gente não tiver coragem de fazer o que tem que ser feito. Um país que tem uma Embraer, um país que tem uma cidade como São José dos Campos, um país que tem uma Azul, um país desse não pode pensar pequeno e não pode sonhar pequeno. Se a gente sonha pequeno, eu disse hoje à tarde, a gente nem lembra do sonho quando a gente levanta.
É preciso sonhar grande. Se o Ozires (Ozires Silva, cofundador da Embraer) não tivesse pensado grande, a gente não teria a Embraer. Se o Brigadeiro Montenegro (Casimiro Montenegro Filho) não tivesse pensado grande, a gente não tinha o ITA. Ou seja, as coisas grandes são o resultado de muita coragem, não é com covardia.
Então, eu quero que vocês saibam que esse momento para mim é muito histórico. Não só porque eu fui guindado ao posto de comandante, como junto com a minha promoção, ganhei a comissária. Vamos fazer uma parceria, uma parceria muito bem equilibrada, para que a Embraer dê certo, para que a Azul dê certo, para que a Gol volte a comprar avião da Embraer, para que a Latam volte a comprar avião da Embraer, para que o governo volte a comprar os aviões que precisa comprar para renovar a frota, cara, está muito ruim a frota de avião. Vamos comprar mais.
Qual é o avião que você vai pra casa? Qual é o avião que você vai pra casa? É um velhinho? Não, então... Olha gente, nós voltamos a governar esse país para fazer o Brasil dar certo. Não há possibilidade da gente continuar com base em mentiras. Veja, nós descobrimos há um mês atrás que, neste país, 480 mil crianças do ensino médio, 480 mil crianças deste país desistiram de fazer o ensino médio porque tinha que ajudar no orçamento familiar. Pessoas pobres que deixavam de estudar para ajudar no orçamento familiar. Ou seja, um país que permite que as crianças em fase de estudo, com 14, 15 anos, deixem de estudar porque têm que trabalhar, este país não tem futuro.
O que é que nós fizemos? O ministro Camilo (Camilo Santana, ministro da Educação) que está aqui, criou um programa chamado Pé-de-Meia. Nós criamos uma poupança para garantir que esse jovem e essa jovem não desista da escola. Ele vai receber 200 reais por mês durante 10 meses. No final de 10 meses, se ele tiver 80% de comparecimento e se ele tiver passado, ele vai ganhar mil reais. No segundo ano a mesma coisa: dez prestações de 200 reais, depois mais uma de mil reais.
Quando terminar o ensino médio, ele está com 9 mil reais na poupança para começar a vida dele. E se ele quiser utilizar os 200 mensais pra ajudar no orçamento familiar, tudo bem. Nós estamos atendendo agora quase 3 milhões e 600 mil alunos porque nós aumentamos em mais 1, 2 milhão. Mas ainda falta mais gente. Este país só vai pra frente na hora que a gente investir em educação.
Nós criamos uma Faculdade de Matemática agora no Rio de Janeiro. A gente vai premiar os alunos da Olimpíada de Matemática que ganharam medalha de ouro. A gente vai fazer um vestibular entre os medalhistas de ouro e os melhores irão estudar em uma faculdade de matemática no Rio de Janeiro, com um apartamento para eles morarem. E eles vão se formar porque a gente não quer mais ver a nossa inteligência sair do Brasil para estudar lá fora. Tem que estudar aqui e trabalhar aqui.
Nós temos um problema no Brasil. O meu Corinthians, caramba, eu estou desanimado. Nesse último jogo, a gente chutou duas bolas pro gol para fora. Então, é preciso preparar o nosso jogador, mostrar onde que ele tem que chutar a bola, que só faz gol quem chuta. Quem não chuta, não marca gol, não adianta ter 80% de posse de bola e perder. Então, a gente tá com um problema, porque a nossa molecada, com 14, 15 anos, fica bom de bola, já é comprada para ir para o exterior.
E agora eu tô sabendo que os engenheiros da Embraer também. Eu tô percebendo, a Boeing tentou comprar a Embraer. Teve um piripaque lá nos Boeing, não deu certo. Ela não quis e não pagou sequer o cumprimento do contrato da multa que ela tinha. E instalou aqui um prédio para levar os nossos engenheiros. Então, não é correto a gente formar engenheiro, investir dinheiro, e depois vir alguém aqui comprar da gente. Então jogador e engenheiro, nós estamos numa situação muito complicada, que nós vamos ter que discutir. Esse é o problema que eu e o Alckmin vamos discutir, envolver o Ministro do Trabalho.
Não é que a gente quer impedir alguém de trabalhar lá fora. Muito pelo contrário. Mas a gente precisa discutir que não é honesto vir aqui roubar nossos engenheiros sem gastar um centavo para formá-los. Somos nós que gastamos dinheiro para formá-los. Então esse país precisa de muita educação para a gente poder se transformar na nação que nós precisamos ser.
Eu tenho muito orgulho porque, quando eu deixei a presidência em 2010, a Azul não conseguia dar conta da quantidade de passageiros que queria voar. Pela primeira vez na história desse país, os pobres desse país, trabalhadores, iam visitar os seus parentes no Nordeste de avião. As pessoas não aceitavam mais ir de busão. Era de avião. Daí tinha gente que não gostava de ver pobres dentro do avião. Pobre, às vezes, não sabia nem sentar na cadeira, não sabia colocar a mala lá.
Às vezes ia ao banheiro e não sabia fechar a porta. Ao invés de ensinar, ficava nervosinho. “Esses pobres estão ocupando meu espaço, esses pobres não sei das contas”. Pois eu quero dizer uma coisa para vocês: esse país só vai melhorar quando as pessoas mais humildes voltarem a andar de avião, quando a empregada doméstica puder viajar de avião. Porque senão não tem sentido.
E é por isso que nós conseguimos fazer, pela primeira vez na história do Brasil, uma Reforma Tributária muito rápida. Quando, veja que interessante, nós só temos 70 deputados do meu partido em 500. Se juntar toda a esquerda, a gente não tem 130. E nós conseguimos, dialogando, conversando, não virando o nariz para ninguém, não empinando o nariz, conversar com todo mundo e conseguimos aprovar uma política tributária. Mérito do Padilha (Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais), que trabalhou muito. Mérito do Haddad (Fernando Haddad, ministro da Fazenda), que conversou muito. Mérito do Rui Costa (ministro da Casa Civil) e dos ministros que foram atrás para conversar. E nós conseguimos aprovar, pela primeira vez, no regime democrático, uma proposta de política tributária.
Eu falei que se o Haddad continuar assim, ele vai ganhar um prêmio Nobel de Economia.
Depois ele fez o Desenrola. Quando ele fez o Desenrola, eu pensei que era pra me enrolar. Eu falei: “se não der certo, nós estamos enrolados”. E tá dando certo, cara. As pessoas estão negociando dívida e pagando só 10% da dívida. Agora, nesta semana, Moisés, nós anunciamos a maior política de crédito já feita na história do Brasil. Não tem nenhuma política de inclusão. Não é de inclusão dos pobres, é de inclusão de ricos. Nós fizemos hedge cambial. Olha que coisa chique, hedge cambial. Eu nem sei o que que é, mas eu aprendi a falar hedge cambial. Eu aprendi a falar, e eu sei que é bom.
Eu sei que é pra gente dar garantia pros investidores estrangeiros que vêm investir aqui, não ficar com essa volatilidade do real, com esse negócio do dólar sobe e desce, sobe e desce, sobe e desce. Alguém ganha quando ele sobe ou alguém perde. Só quem não ganha nada são os trabalhadores brasileiros. Então, é uma extraordinária tomada de atitude. A outra foi a questão de criar um crédito para financiar a construção civil. Não o Minha Casa, Minha Vida. Porque nós estamos habituados a construir casas para as pessoas de um a dois salários mínimos.
Agora não. Agora vai ser casa para quem ganha oito mil, nove mil, dez mil reais. Não vai ser casa de quarenta ou cinquenta metros quadrados. Vai ser casa de oitenta, de noventa, do tamanho que ele quiser. Gente, nós precisamos aprender uma coisa. Quem gosta de miséria é intelectual. O pobre gosta de coisa boa, gente.
Essa frase não é minha. Essa frase é do Joãosinho Trinta, no Carnaval de 78, no Rio de Janeiro, quando a Beija-Flor ganhou o Carnaval. Então, nós vamos dar um jeito nesse país. Eu estou falando aqui na Embraer, numa empresa de ponta, estou falando numa empresa que tem 19 mil trabalhadores, estou falando numa empresa que tem 3 mil engenheiros, estou falando com piloto de avião que me disseram que deve ganhar por volta de 30 mil reais.
Não é muito, não. Porque se você imaginar que um comandante do avião, como eu, a hora que você entra naquele banco, liga o botão do avião e dá a partida, ele tem a responsabilidade com 140, 150 pessoas que estão lá dentro. Então, é muita responsabilidade, cara. Então, é o seguinte, não peça aumento agora que a gente tá em fase de crescimento. Mas quando as coisas melhorarem, mais passageiros, mais dinheiro, vocês também podem pedir um aumentozinho, porque a gente vai fazer as coisas acontecer.
Eu estou muito alegre com essa parceria da Azul e da Embraer. Estou muito alegre. Muito alegre. Eu fico muito feliz. Primeiro, porque eu preciso vir um gringo aqui pra dizer que as coisas do Brasil são boas. Você precisa falar mais, cara. Mas já aprendeu a falar português. Ia ter um filho corintiano. É o seguinte, esse país é muito importante. Esse país tem a maior reserva florestal do mundo. Esse país tem 12% da água doce. Esse país tem 18.600 quilômetros de fronteira seca. Esse país tem 8.500 quilômetros de fronteira marítima. Esse país tem 5.700.000 quilômetros de águas que ele tem que tomar conta no planeta Terra.
Esse país produz avião, esse país produz soja, produz milho, produz carro, é o maior vendedor de carne do mundo, é o maior vendedor de café do mundo, é o maior vendedor de laranja do mundo, e é o melhor vendedor de seres humanos do mundo porque não tem ninguém mais alegre e criativo que o povo brasileiro. Não é possível.
Eu vou terminar dizendo o seguinte: quando vejo umas pessoas inteligentes como vocês falarem, eu fico só assuntando. Eu nem sempre conheço todas as palavras que vocês falam. Eu, às vezes, tenho que anotar, chegar em casa, pegar o dicionário e falar: “o que é essa palavra?”. Mas eu sei que o cara é inteligente. Hoje eu ouvi o Walfrido falar.
O Haddad deve ficar sensibilizado. O cara com uma memória extraordinária. O cara falou uma hora sem parar. Lembrava o nome, lembrava a idade, lembrava o tamanho do sapato. Todo mundo, cara. Eu falei: “um país que tem um cara inteligente desse, por que nós estamos discutindo inteligência artificial?”. Vamos utilizar nossa inteligência humana, que está aqui, todo mundo aqui muito inteligente, muito estudado. Vamos colocar essa inteligência para criar a nossa inteligência artificial e não precisar comprar ou importar inteligência artificial de outro país, gente. Onde é que nós estamos?
Nós temos que pensar grande. Nós temos que pensar grande. Não precisa vir um americano aqui dizer que o avião da Embraer é bom. Ele é bom. Ele é bom. Eu não comprei um avião meu para viajar porque a autonomia é pequena, mas tem dois deles aqui. E se o Haddad ajudar, a gente pode comprar mais. Porque depende da Fazenda aportar um dinheirinho para a gente comprar mais. Por isso hoje é um dia de festa, companheiros. Hoje é um dia de festa.
A economia está crescendo. O sindicalista pode até reclamar, mas a verdade é que os salários mínimos estão aumentando acima da inflação. Há dois anos atrás, 86% dos acordos salariais eram feitos abaixo da inflação. Hoje, 87% dos reajustes salariais das categorias organizadas nesse país é feito com ganho de aumento real acima da inflação. O emprego está crescendo. A massa salarial está crescendo. A inflação está caindo. A gente está cada vez vendendo mais e exportando mais.
O arroz estava meio caro e o feijão estava meio caro. Por isso que tem muita gente zangada, “porque, o feijão está caro”. É porque diminuiu a nossa área plantada e a gente deu uma vacilada porque a gente deveria ter importado arroz mais barato da Venezuela. Mas a gente ficou na expectativa de que quando começasse a colheita do arroz no Brasil, a gente iria baratear o arroz e começou a abaixar?
Começou a abaixar, eu já tô comendo picanha com cerveja, obviamente. Quem não come picanha pode comprar uma verdura saudável plantada pela Agricultura Familiar. Então é o seguinte, companheiros. Vocês aí de baixo, e nós aqui de cima, somos um corpo só. E só temos um compromisso que é fazer esse país se respeitar, fazer esse país gostar de si mesmo, fazer a gente ter orgulho desse país e fazer as coisas acontecerem.
E as coisas vão acontecer quando a gente fizer com que todas as meninas e meninos na idade daquele grupo que tá ali tenha a certeza de que o Estado vai garantir o direito dela se formar.
Quando a empregada doméstica tiver a certeza que o filho dela vai sentar num banco de escola e vai disputar uma vaga com o filho da sua patroa, e aí não vai prevalecer o dinheiro, não. Vai prevalecer a inteligência. E a gente vai provar que quem tiver inteligência vai, quem não tiver não vai.
É esse país, é esse país que está em nossas mãos. Querida Amélia, eu conheço a Amélia há tantos anos. Acho que a Embraer nem existia e a gente já se conhecia. Gente, olha, obrigado pelo dia de hoje.
Obrigado, Joe (John Rodgerson, CEO da Azul Linhas Aéreas, no Brasil) . Obrigado pelo dia de hoje. Obrigado pela promoção que me deu a vontade de ir embora pra casa, cara, que você não sabe. Então, gente, um beijo no coração de vocês. Que Deus nos abençoe.
Vocês podem ficar certos. Eu estou falando hoje no dia 26 de abril de 2024. Guardem essa data, porque quando for dia 26 de abril do ano que vem, eu vou fazer uma avaliação do Brasil. De como é que ele está.
E eu quero dizer pra vocês, esse país, definitivamente, vai voltar a ser grande. A gente vai ficar entre as maiores economias do mundo. E, na minha opinião, esse país só será grande, Luizinho, quando o povo trabalhador não precisar receber Bolsa Família, quando ele tiver emprego de qualidade, salário de qualidade, e ele poder viver às custas do seu suor e dos seus artifícios.
É esse Brasil que me move. É esse Brasil que me deixa tão jovem. Eu falo pra Janja: “Janja, eu tenho 78 anos. Mas a energia é de 30, e o tesão político é de 20.” Porque eu estou aqui. Nada, nada, nada, o que me motiva é uma causa.
É eu acreditar nas coisas. Eu sou filho de uma mãe que nunca desanimou. Às vezes, minha mãe, com oito filhos, não tinha comida para colocar no fogão de domingo. Minha mãe dizia: “Hoje não tem, mas amanhã vai ter.”
E a minha vida é essa. Se hoje a gente não consegue, amanhã a gente consegue. O que a gente não pode é desistir e desanimar. Porque lutar sempre e desistir jamais.
Um abraço. Parabéns, Azul. Parabéns, Embraer. Parabéns aos trabalhadores e trabalhadoras da Embraer.