Pronunciamento do presidente Lula durante coletiva temática sobre Saúde e anúncios relacionados
Transmissão realizada pelo Canal Gov
Na verdade, eu não vou fazer essa mensagem, não, Nísia [ministra da Saúde, Nísia Trindade]. Eu não vou falar, porque a experiência, quando eu falo, é que se eu falar uma bobagem, a bobagem vira manchete, e não o que você falou.
Então, como você fez uma extraordinária apresentação, eu pretendo não falar e fazer um comentário do seguinte: vocês estão acompanhando e vocês viram que tem um canal da saúde, onde o Ministério da Saúde, a partir de agora, vai poder prestar orientação aos milhares de agentes de saúde espalhados nesse Brasil, que são agentes, homens e mulheres, contratados pelo Governo Federal, pagos pelo Governo Federal, mas eles são contratados pelos prefeitos. Então, normalmente, o Ministério da Saúde não tem contato. E é muito importante que a ministra da Saúde tenha uma relação direta para orientar sobre as políticas públicas que o governo vai colocar em prática.
Cada agente de saúde pode, na hora de levantar, o seu celular vai tocar e ela vai ter a noção de que a ministra está dando orientação ao que fazer com relação à endemia, pandemia e qualquer coisa parecida. Essa era uma coisa que estava faltando e é extremamente importante. Eu quero dar os parabéns para a Nísia.
E eu queria terminar dizendo uma coisa para vocês: outro dia, em uma reunião dos ministérios, eu disse para a Nísia que ela tinha que falar grosso na questão da saúde. Tava aquele problema dos hospitais do Rio de Janeiro. E a Nísia respondeu para mim o seguinte: "presidente, eu não posso falar grosso, porque eu sou mulher, eu falo manso".
E foi muito importante a apresentação da Nísia, porque é o seguinte, se é um homem falando, ele certamente ia falar grosso. Certamente ia falar grosso e ia dar a impressão de que estava falando de coisas que são inexequíveis, que são impossíveis de serem feitas. E eu acho que a Nísia, falando manso do que jeito que ela falou, eu posso até achar, Nísia, que alguém pode até não gostar de você, mas eu duvido que tenha alguém que não acredite em cada palavra que você fala. Porque, não apenas pelo fato de ser mulher, mas também. Mas é porque o seu jeito delicado de falar, sem rompante, sem tentar passar entusiasmo além daquilo que é necessário, você consegue falar com uma alma e com a consciência das pessoas.
Eu penso que a questão da saúde no Brasil ela precisa, sempre que possível, a ministra da Saúde se dirigir ao povo brasileiro – e hoje nós temos mecanismo para isso –, porque, muitas vezes, o povo precisa de orientação, porque esse povo mais pobre, mais periférico, mais longínquo das capitais, eles já sofrem na capital, porque na periferia a saúde nem sempre atende a necessidade das pessoas, porque é muita gente e a gente não tem a quantidade.
Mas o número que você passou, que eu achei extraordinário, ou seja, o Ministério da Saúde estava com 13 mil médicos na área da Saúde da Família, e passou para 25 mil médicos. Ou seja, isso é, simplesmente, dobrar o número de médicos neste país, em uma coisa que é extraordinária em, apenas um ano, você conseguir fazer isso.
E o que é mais importante é que 54% são mulheres. Eu acho que isso é extraordinário, ou seja, significa que as mulheres, definitivamente, aprenderam a ocupar os seus espaços no mundo do trabalho, no mundo da política. O que está faltando somos nós, os homens, aprender a usar espaço na cozinha e arrumar a casa para ajudar a nossa companheira.
Dito isso, eu termino passando a palavra para o Pimenta [Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República], que ele vai coordenar a coletiva. Eu não vou ficar na coletiva, como nas outras eu também não fiquei. Eu não sei se eu ia tomar a vacina, se não vou tomar vacina, se vou tomar vacina antes de falar.
Eu não sei se o Zé Gotinha entrou aqui. Se ele entrou, eu vou tomar a vacina. Eu não sei. Tá aí o Zé Gotinha? Manda ele entrar, eu não sei como é que eu vou fazer. É no ombro? A Ana vai aplicar? Melhor: não é o Zé Gotinha, é uma Ana Gotinha.
Pimenta, a palavra está com você.
Eu ia tomar vacina com a Nísia, na semana passada, em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), mas não deu. Então, vou tomar aqui, agora, a vacina para incentivar o povo brasileiro a tomar vacina outra vez. Com a vacina a gente não vira jacaré, a gente não vira o que a gente não quer. Com vacina, a gente evita de pegar doenças que podem matar as pessoas. Portanto, eu como sou... Dizem que, depois uma certa idade, você volta a virar criança, eu vou tomar a minha vacina aqui para incentivar todas as pessoas brasileiras, homens e mulheres, adolescentes e crianças que precisam, a não ter medo de tomar a vacina, porque a vacina é uma garantia de que você vai estar prevenido de doenças que podem te levar a morrer.
Então, Nísia, vamos lá. Se a Nísia fosse médica, eu ia pedir para ela dar a vacina, mas ela não é médica, ela é pesquisadora. Você é enfermeira? Eu ia perguntar: faz quanto tempo que você não dá uma injeção?