Pronunciamento do presidente Lula ao acompanhar primeiro embarque de carne para a China em planta recém-habilitada
Queridas companheiras, queridos companheiros, é uma alegria muito grande estar de volta ao nosso querido estado do Mato Grosso do Sul. Eu poderia ter vindo mais vezes aqui. Acontece que o Zeca, que era um companheiro que me convidava muito para vir aqui, parou de me convidar porque eu me transformei no maior pescador de pintado na região de Porto Murtinho. Depois que eu pesquei um jaú de 47 kg e depois que eu peguei os maiores pintados no rio em Porto Murtinho, o Zeca parou de me convidar porque era um vexame as pessoas que ficavam do meu lado pegando peixe de 50 gramas, 100 gramas, do tamanho de um lambari.
Eu então parei de vir aqui porque também, do lado do Paraguai não tinha uma certa regulação naquele tempo, eles podiam pegar qualquer peixinho. Uma vez eu fui num lugar pescar com o Zeca, acho que foi no Rio Miranda. E depois de quatro dias no Rio Miranda, nós fomos num outro rio, porque não deu nada no Rio Miranda. E por acaso, Simone, eu peguei um pacu, um pacu pequeno, acho que não tinha um quilo e meio, dois quilos. E eu tiro o pacu do anzol, coloco o pacu no banco do barco. O Zeca falou: “Tem que devolver porque a polícia florestal vai vir aqui”. Eu sentei em cima do meu pacu, eu falei: “Eu passei quatro dias sem pescar, ninguém vai levar o meu pacu aqui, nós vamos comer o pacu”. Mas aí, depois de muita insistência, eu tive que devolver o pacu para a água. E se quisesse comer pacu, eu tive que comprar no supermercado.
Mas eu queria começar cumprimentando o nosso querido seu Zé, o nosso jovem de 90 anos de idade. Eu estou dizendo para ele que ele se prepare, porque como eu quero viver 120, nós vamos nos encontrar em algum lugar daqui a, pelo menos, 30 anos para a gente comemorar ele fazendo 120 e eu fazendo 110 anos. Pode se preparar, seu Zé. Eu quero cumprimentar porque eu conheci o seu Zé no meu primeiro mandato, ainda não tão grande como ele está hoje, e eu fico sempre muito orgulhoso quando alguém consegue vencer na vida em qualquer que seja a sua atividade.
E depois ele criou uma família que é uma família que todas elas estão predestinadas a ter sucesso, e eu quero cumprimentar o Joesley e o Wesley aqui que são os herdeiros primeiros deles, responsáveis por que essa empresa se transformasse na maior empresa produtora de proteína animal do mundo. E isso para mim é motivo de orgulho saber que, se a gente quiser, a gente faz tudo que a gente sonhou. A gente só não faz se a gente for covarde, se a gente não tiver ousadia, se a gente não tiver coragem, se a gente não tiver crença naquilo que a gente pensa.
Quero cumprimentar o nosso querido governador Eduardo Riedel e sua esposa, Mônica, quero cumprimentar o embaixador da China que eu pedi para o Fávaro convidar ele para vir para cá porque é uma homenagem que a China faz para o Brasil, sabe, exportando a nossa carne, e é uma homenagem que nós fazemos para o Brasil, para que a gente possa mostrar para o Xi Jinping amanhã. O Stuckinha vai filmar o povo do Mato Grosso do Sul batendo uma salva de palmas para o nosso embaixador chinês, no dia em que nós estamos exportando o primeiro carregamento de carne desse frigorífico para a China.
Daqui a alguns dias, essa carne que nós colocamos a mão hoje vai ter muitos chineses comendo, para a alegria dos chineses que vão comer e para a alegria nossa que estamos vendendo essa carne. Quero cumprimentar o meu querido companheiro Carlos Fávaro, meu ministro da Agricultura. Quero cumprimentar a Simone Tebet, porque a Simone é a terceira pessoa com quem eu disputei uma eleição que eu convido para trabalhar comigo. Primeiro foi o Ciro Gomes, depois agora o Alckmin virou meu vice e a Simone virou a nossa ministra de Planejamento. É uma pessoa importante e participa do Conselho Monetário Nacional, o que é uma tarefa muito séria, porque tem muito a ver com a nossa política de inflação, a nossa política de câmbio, tem que ver com tudo que a gente faz nesse mundo e nas nossas relações financeiras com o mundo. Quero cumprimentar o Gilberto Tomazoni, presidente da JBS Global, o Wesley Batista e o Joesley Batista, acionistas, Gilberto Xandó, Renato Costa e Aguinaldo Filho, todos diretores de algum grupo da JBS.
Quero cumprimentar o nosso companheiro Vander Loubet, deputado federal, coordenador da bancada do Mato Grosso do Sul. Quero cumprimentar o Beto Pereira, do PSDB, a Camila Jara, do PT, o Dagoberto Nogueira, do PSDB, o Geraldo Rezende, do PSDB, o deputado estadual Gerson Claro, presidente da Assembleia Legislativa do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, sempre tem que falar do Sul. E o companheiro Zeca do PT, o nosso querido companheiro, que já foi quase tudo aqui no estado do Mato Grosso do Sul, menos pescador. Eu quero cumprimentar o Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, quero cumprimentar Wilson Gregório, nosso companheiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores, que também soube reivindicar sem fazer cara feia, com muita alegria, com muita simpatia, e eu acho que aquele sorriso que ele deu é o motivo pelo qual vocês vão atender a pauta de reivindicação do sindicato.
Eu quero cumprimentar as companheiras trabalhadoras e trabalhadores da JBS, a Erlandia Lima, a Sonia Fonseca da Conceição. Cadê a Sonia Fonseca da Conceição? E cumprimentar o Rubens Conceição. Cumprimentando eles, eu cumprimento todos os companheiros da JBS e do estado do Mato Grosso do Sul.
Bem, companheiros e companheiras, eu tenho um discursinho tão pequeno, e eu aprendi que quando a gente quer falar rápido, a gente tem que ler, porque se a gente falar de improviso, a gente fica toda hora querendo terminar, e nunca termina, e nunca termina, mas eu vou falar poucas palavras de improviso com vocês.
Há uma coisa que as pessoas precisam aprender. A relação humana é uma coisa muito mais emocional do que uma coisa racional. Nós, homens e mulheres, nós somos no mínimo 70% a 80% emoção e 20% razão. Se a gente permite que a emoção fique menor do que a razão, a gente passa a ficar irracional no nosso comportamento. Porque você tem que olhar no olho da pessoa, você precisa pegar na mão da pessoa, você precisa conversar, falar bom dia. Se você perder esse jeito de ser da humanidade, a gente deixa de ser humanista. É por isso que a sociedade brasileira anda um pouco raivosa. É porque uma parte de nós está virando algoritmo.
Uma parte de nós levanta 5 horas da manhã, a primeira coisa que faz não é olhar para a cara do filho nem para a cara do marido e nem o marido olhar para a cara da mulher ou do filho. É pegar o celular e ver se tem alguma bobagem para ele poder assistir. Isso é o dia inteiro e, à noite, quando vai dormir, ao invés de dar um beijo nos filhos, abraçar o filho, porque não existe mais a palavra benção. Eu sou criado em uma geração em que a gente dava benção para a mãe, benção para o pai, benção para o tio, benção para a tia. Hoje isso acabou. Hoje a meninada bate a porta, vai dormir, não dá explicação a hora que chegou. E todo mundo está conectado 24h por dia. E as pessoas deixam de conversar. As pessoas deixam de conversar.
Você vê num campo de futebol hoje, você vê quando o jogo é à noite, ninguém está vendo o jogo. Estão vendo o jogo pelo celular. A pessoa paga o ingresso e fica no campo com o celular, tentando fotografar jogador. E nós estamos deixando de falar “bom dia, companheiro, boa tarde, companheira, como é que vai?”. Eu levantava, quando era dirigente sindical, eu levantava quatro meia da manhã para ir na porta de fábrica só para falar bom dia. Na Volkswagen era para 20 mil trabalhadores, pegando na mão de cada um: “Bom dia, bom trabalho para você, não sei das quantas”.
Porque nós, seres humanos, nascemos para viver em comunidade. Nós nascemos para viver, com fraternidade, nós nascemos para viver com muita solidariedade entre nós e isso está desaparecendo. Quando isso desaparece, a mentira ganha destaque. E não é possível você governar um país do tamanho do Brasil, com 203 milhões de habitantes, com mentiras. Porque mentira tem perna curta. É uma questão de tempo. Chega uma hora que ela aparece.
E eu queria dizer para vocês do orgulho que eu tenho, porque os meus adversários falam: “O Lula tem sorte, as coisas dão certo porque o Lula tem sorte”. Olha, quem é que quer casar com uma mulher que só tem azar? Quem é que quer casar com um homem que só tem azar? Quem quer fazer negócio com um cara que só tem azar? Quem quer contratar um goleiro que só tem azar? Não! A gente precisa ter sorte. Sorte, um pouco de inteligência, assessoria competente, as coisas dão certo. Eu só queria dar um dado para vocês: quando eu deixei a presidência, em dezembro de 2010, esse país vendia 3,8 milhões de carros por ano, 3,8 milhões de carros por ano. Quando eu voltei agora, esse país vendia 1,9 milhão de carros por ano. A metade do que a gente vendia em 2010.
Agora já recuperamos para 2 milhões e trezentos e vamos chegar outra vez aos 3 milhões e oitocentos. Porque está acontecendo um milagre igual esse da JBS. A indústria automobilística, que tinha passado muitas décadas sem anunciar nenhum investimento no Brasil, depois que os nossos amigos chineses resolveram vir para a Bahia produzir carro elétrico. Hoje à tarde eu saio daqui e vou na Anfavea, em São Paulo, que é a Associação Nacional dos Produtores de Veículos do Brasil, e eles vão anunciar, até 2028, investimento de mais de R$ 111 bilhões nesse país, todas as empresas. Até você vai poder comprar carro novo, Joesley.
E eu fico imaginando os nossos amigos chineses vieram fazer vistoria nesse frigorífico em 2018. Eu estava preso na Polícia Federal por conta da maior mentira já contada nesse país que a história se encarregará de provar. Mas os chineses vieram e não abriram as exportações que tanto a gente queria. Ano passado eu fiz uma viagem à China. Foi a mais extraordinária viagem que eu fiz à China com muita gente do meu governo, fomos recebidos com muita, mas com muita competência e com muito carinho pelo governo chinês, do Xi Jinping a quase todos ministros, fizemos muitas reuniões, almoçamos, jantamos. Teve muita gente que comprou terno. Eles fazem um terno em um dia. Nem faz prova. Só fala: “Você quer um terno?”. Ele já te dá um terno. E barato. Na época custava 75 dólares um terno.
O Stuckert comprou um. Nem foi tirar a medida, o cara comprou por fotografia e fez um terno para ele. E deu certo, 75 dólares. Pois bem. Foi uma viagem extraordinária, nós vamos receber agora o Xi Jinping no Brasil em novembro, já está comprometido que ele vem numa viagem de chefe de Estado e ele vem participar do G20. Mas depois da China, eu só quero dizer para vocês que, em um ano, eu fiz uma reunião com todos os presidentes da União Europeia e com todos os presidentes da América Latina. São 66 presidentes. Depois eu fiz uma reunião do G20 na África do Sul, depois eu fiz uma reunião dos BRICS, depois eu fiz uma reunião com todos os países do CARICOM, que são os países do Caribe. Depois eu fiz uma reunião com toda a América Central, e depois eu fiz uma reunião com todos os países da fábrica.
Em quatro reuniões, eu me reuni com mais de 110 presidentes da República do mundo. E por que que é importante fazer essa reunião? É importante fazer essa reunião porque, quando eu volto, eu digo para os meus ministros: “Agora vocês preparem a bolsa de vocês, coloquem o que o Brasil tem para vender embaixo do braço e vá viajar ao mundo”. Porque ministro lá em Brasília só sabe pedir mais dinheiro para o ministério dele. Então, viaje o mundo para vender os produtos brasileiros.
E vou dar mais um dado para vocês. Seu Zé, quando eu assumi a primeira vez a presidência, em 2005, a gente atingiu pela primeira vez um fluxo comercial de 100 bilhões de dólares. Eu lembro que o ministro Furlan colocou um contêiner pendurado na frente do ministério, que hoje é do Alckmin, e ficou uns três meses aquele contêiner mostrando que a gente tinha chegado a 100 bilhões de dólares. Hoje, quando eu deixei a Presidência, a gente tinha 488 bilhões de dólares. Hoje, o nosso fluxo de exportação e importação já ultrapassa 560 bilhões de dólares. Eu dizia pro Fávaro: “Se a gente tiver competência, se a gente trabalhar, a gente pode prometer para o povo brasileiro que mais em 10 anos a gente chega a um trilhão de dólares de comércio exterior”.
Porque nós temos capacidade de vender, capacidade de produzir, qualidade e produtividade e temos mercado para consumir também. Porque política internacional é bom a gente vender, mas a gente também tem que comprar, porque a gente não pode permitir que um país tenha muito déficit na balança comercial. Se ele só compra, o pessoal dele vai se queixar. Então tem que vender e comprar, vender e comprar. É como se fosse uma rodovia de duas mãos. E é por isso que as coisas estão dando certo.
Nós, esse ano, vamos ter uma reunião do G20 no Brasil. No ano que vem, vamos ter uma reunião dos BRICS no Brasil. E no ano que vem também vamos ter a COP30 no Brasil, que é a maior reunião climática. E a surpresa é que nós vamos fazer a reunião no coração da Amazônia. Porque o mundo inteiro fala da Amazônia. Agora a gente vai querer que a Amazônia fale para o mundo o que que ela é, o que que ela quer. Porque as pessoas sabem, governador, as pessoas pensam que vendo fotografia de satélite, as pessoas pensam que passando de avião, que só tem floresta. Não. Lá embaixo, além da riqueza da nossa biodiversidade, da nossa fauna, lá tem gente, lá tem mulheres, lá tem homens, lá tem pescadores, lá tem indígenas. E essas pessoas não querem viver perdidas no meio do mato. Essas pessoas querem ter acesso às coisas boas que todo ser humano tem direito de ter.
Por isso, governador, eu queria fazer uma proposta para você. Você tem mais dois anos e nove meses de mandato. Já foi reeleito uma vez, não vai poder ser mais reeleito. Ah, é a primeira vez? Deixa eu fazer uma proposta para você. Vamos comprar, em sociedade, uma terra para a gente salvar aqueles guarani que vivem ali perto de Dourado, na beira da estrada. Eu quero lhe dizer que, se você encontrar as terras para que a gente recupere a dignidade daquele povo, o Governo Federal será parceiro na compra e no cuidado para que eles voltem a viver dignamente do jeito que eles viviam. O que eles não podem é ficar na beira da estrada, mendigando a liberdade.
Tá feito, governador? Você pode me telefonar na hora que você encontrar as fazendas para comprar. Que nós vamos comprar essas fazendas e vamos fazer o que precisar fazer na terra para dar àqueles indígenas o direito à decência que eles perderam por falta de trato e respeito com eles. Vocês estão acompanhando pela imprensa, e vocês estão percebendo que a economia brasileira voltou a crescer. Vocês estão percebendo que a inflação voltou a cair. Vocês estão percebendo que a massa salarial voltou a crescer. Há três anos atrás, 80% dos acordos salariais nesse país eram abaixo da inflação. Hoje, 87% é acima da inflação.
Vocês estão percebendo que o salário mínimo voltou a subir, e o salário mínimo sobe de acordo com o crescimento do PIB dos últimos dois anos. E por que que a gente faz isso? A gente faz isso porque eu tenho um sonho. As pessoas falam: “Ah, o Lula governa só para pobre”. Não. Ninguém gosta que a pessoa seja pobre. Ninguém nasce gostando de ser pobre. As pessoas são pobres porque as pessoas não têm a oportunidade que o Estado deveria oferecer. É o Estado que tem que oferecer condições para as pessoas progredirem na vida.
É por isso que a semana passada eu anunciei mais 100 institutos federais nesse país. Joesley, quando eu cheguei na presidência em 2003, o Brasil em 100 anos tinha construído 140 institutos federais. Nós temos hoje 682. Nós vamos para o ano que vem para 782. E eu quero fazer que nem o Pelé, que marcou mais de mil gols. Eu quero terminar meu mandato com mil institutos federais nesse país para garantir qualificação profissional para as nossas meninas e para os nossos meninos, para os nossos homens e para as nossas mulheres.
Porque é a qualificação profissional que dá competitividade ao país. Quanto mais formação profissional, mais qualidade terá os nossos produtos, seja industrial, seja carne, seja verdura, seja qualquer coisa que a gente quiser vender. Quanto mais profissional, mais qualidade. Quanto mais profissional, mais ganha aumento do salário, mais pode construir família e viver dignamente. É esse mundo que nós precisamos construir no Brasil. Não é o mundo das fake news, da mentira, das acusações, das infâmias, das bobagens que se fala todos os dias. As pessoas precisam saber que quem é eleito presidente da República não tem o direito de falar bobagem. Ele foi obrigado a governar esse país e para cuidar do povo brasileiro. É por isso que eu estou feliz aqui.
É por isso, governador, que eu estou feliz. Eu estou feliz, Seu Zé, por encontrá-lo. Eu tinha encontrado o senhor no meu primeiro mandato lá em Brasília. O senhor ainda era um capialzinho, não tão grande como é hoje, não tão famoso como é hoje, mas eu fico feliz. Eu fico feliz porque esse país vai voltar a crescer e muito. Vocês viram que a renda das famílias cresceu 11,7%. É o maior crescimento em 28 anos. E a gente vai gerar emprego na agricultura. A gente vai gerar emprego na cidade. A gente vai gerar emprego no comércio. Porque a economia, ela tem que funcionar como uma roda gigante. Na hora que o trabalhador ganhar mais, ele vira consumidor. Na hora que ele vira consumidor, ele vai na loja, no supermercado, comprar. Na hora que ele vai na loja, a loja vai encomendar da fábrica, a fábrica vai produzir mais. E aí é um círculo virtuoso de geração de oportunidade para todos nós.
Eu já fiquei desempregado uma vez, um ano e meio. Ficar desempregado é uma coisa triste. Chegar em casa, ver os filhos querendo um guaraná, você não tem dinheiro para comprar, chega no Natal, você está numa pendura desgraçada, chega no aniversário dos filhos, você não pode dar nada, nem um chinelo para o filho. Nós precisamos ter uma obsessão: gerar emprego para que as pessoas possam trabalhar e construir a sua família. Por isso meus agradecimentos ao grupo JBS e meus agradecimentos…
O embaixador vai ter que ligar para o Xi Jinping e vai ter que falar para o presidente Xi Jinping: “Presidente Xi Jinping, o presidente Lula mandou dizer ao senhor que ele agradece porque ele embarcou o primeiro contêiner de carne de qualidade para a China”. É importante lembrar que a China, antes a China também era muito pobre. E a China comprava só carne de terceira. A China não comprava carne boa. Mas a carne que eles estão comprando agora é carne de qualidade. É aquela que a gente quer comer, é aquela que a gente gosta. E quanto mais qualidade a gente tiver, mais a gente vai exportar.
É importante que a gente tenha noção de que esse país merece uma chance na vida. A chance de crescer, a chance de gerar emprego, a chance de fazer mais universidade. Vocês sabem que nós criamos essa semana um programa chamado Pé-de-Meia. Vocês já viram o que é o programa Pé-de-Meia? Seu Zé, preste atenção o que que é o programa Pé-de-Meia. Se eu fosse presidente, quando o senhor tivesse 14 anos de idade, o senhor teria ganho o programa Pé-de-Meia, teria virado doutor. Sabe por quê? Porque nós descobrimos que o ano passado 480 mil crianças de 14, 15 anos deixaram de fazer o ensino médio porque tinham que trabalhar para ajudar a família. E eu fiquei pensando o que vai fazer essas crianças se não aprenderem uma profissão. O que vai fazer, o que espera essas crianças que não estudaram? Então nós resolvemos criar um programa chamado Pé-de-Meia. Cada menino do Ensino Médio, tem uma linha de corte, porque não dá para dar para todo mundo. Nós pegamos o pessoal que ganha menos e nós resolvemos dar R$ 200 para 2,8 milhões de meninos e meninas, R$ 200 por mês durante 10 meses. Se ele passar de ano e ele tiver um comparecimento de 80%, além dos R$ 200 que ele recebeu em 10 meses, que já vira R$ 2 mil, ele vai receber R$ 1 mil na poupança.
No ano seguinte, a mesma coisa. No ano seguinte, mais 10 de R$ 200 e mais uma de R$ 1 mil. Se ele tiver 80% de comparecimento e se ele passar de ano. No terceiro ano, ele vai ter R$ 9 mil na poupança. R$ 9 mil. Ele vai poder, então, começar a planejar melhor a sua vida. Tem gente que fala: ”Mas, Lula, isso é gasto”. Não, isso não é gasto. Isso é investimento. É investimento. Gasto vai ser o dia que eu tiver que fazer cadeia, se eu não formar essas crianças. Gasto vai ser o dia que eu tiver que fazer coisa para evitar e tirá-la do crime organizado, do narcotráfico. Por isso as pessoas precisam aprender. Eu tenho obsessão de investir em educação porque eu não tive chance de fazer universidade.
Eu fui o primeiro filho da minha mãe a ter um diploma primário, eu fui o primeiro a ter uma televisão, eu fui o primeiro a ter um curso do Senai, eu fui o primeiro a ter uma casa, uma geladeira, nenhum outro meu irmão conseguiu diploma. E eu, por isso, eu quero que o filho do trabalhador, que o filho dos mais pobres, que o filho da classe média tenha direito de ser doutor. Ele pode ser médico, ele pode ser engenheiro, ele pode ser qualquer coisa que ele quiser.
Porque é isso que vai qualificar esse país e transformar esse país em classe média. É assim que a China virou a potência econômica que ela virou, investindo em educação, formando profissionais, investindo em profissionais para que os homens possam ajudar o país crescer.
Então, eu quero terminar dizendo aos empresários aqui presentes, aos deputados, ao seu Zé, que passa a ser um exemplo de sucesso nesse país. Eu queria dizer o seguinte, esse país precisa apenas de uma coisa, de tranquilidade. Tranquilidade e verdade. Eu, se pudesse, eu faria um decreto: é proibido mentir. Quem mentir vai ser preso. Porque a gente não pode viver subordinado à mentira, a gente não pode viver subordinado à maldade, a gente não pode viver subordinado à intriga.
As pessoas que estão em casa, a mãe, ela quer tranquilidade para cuidar dos seus filhos, ela quer que os filhos tenham uma boa escola, no ensino fundamental, no ensino médio e na universidade. Ela quer que seu filho e sua filha tenham um bom emprego, que possam construir família e viver decentemente. É isso que nós precisamos. Para isso, nós precisamos ter empresários que façam investimento, precisamos ter países parceiros que compram as nossas coisas para que o Brasil se transforme um dia numa economia verdadeiramente rica e que a gente não seja dividido entre pobre e rico, mas que a gente crie uma sociedade de classe média. Como eu sou um homem que crê em Deus, como eu sou um homem que crê em Deus, como eu sou um homem que saiu do Nordeste para não morrer de fome em 1952 e estou aqui, bonitão, presidente da República, vocês podem conseguir as coisas que eu consegui. Vocês podem conseguir, é só teimar, é só teimar.
E não precisa ficar bravo não. Faça como nosso presidente do sindicato. Na frente dos empresários dele, sorridente, falou “gente, ô companheiro, vocês estão ganhando mais agora, companheiro. Vocês vão fazer mais. Então, companheiro, um aumentinho de salário, não custa nada para nós, companheiro”. Essa que é uma coisa boa. Portanto, um beijo no coração de cada mulher, de cada homem. Obrigado, governador, obrigado deputados e obrigado, presidente Xi Jinping por reconhecer mais 38 frigoríficos brasileiros para exportar carne para a China.