Pronunciamento do presidente Lula na entrega de unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida em Magé (RJ)
Uma coisa que me deixa muito emocionado é quando eu venho a uma cidade entregar a chave de uma casa para uma pessoa. Eu vou falar um pouco sobre isso, mas eu queria só cumprimentar as pessoas que estão aqui. A minha querida companheira Janja. O nosso querido vice-presidente da República Geraldo Alckmin, que estava lá em Santo Antônio da Posse, em São Paulo. O governador Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro. O nosso querido Jerônimo, que estava lá em Euclides da Cunha, governador da Bahia. O nosso querido Helder Melillo, ministro de Estado da Cidade em exercício. A nossa querida ministra Anielle Franco, ministra de Estado da Igualdade Racial. O nosso querido Padilha, que falou ali também de Santo Antônio da Posse, em São Paulo. O nosso Thiago Pampolha, vice-governador do estado do Rio de Janeiro.
Os deputados e deputadas federais; a nossa querida Benedita da Silva; o nosso companheiro Aureo Ribeiro do Solidariedade, do Rio de Janeiro; o nosso companheiro Dimas Gadelha do PT do Rio de Janeiro; o Dr. Luizinho do PP do Rio de Janeiro e o Lindbergh Farias do PT do Rio de Janeiro. Quero cumprimentar o nosso querido prefeito de Magé, o Renato Cozzolino, e sua esposa Lara Torres.
Quero cumprimentar o nosso companheiro Carlos Vieira, presidente da Caixa Econômica Federal; o deputado estadual Vinicius Cozzolino, por meio de quem cumprimento as deputadas e os deputados estaduais. Quero cumprimentar o prefeito Fabiano Horta de Maricá, eu não tinha visto o Fabiano. Cadê o Fabiano? Fabiano, sempre discreto, chega e vai para o cantinho dele sentar. O Celso Horta (Pansera), presidente da Finep. Cadê o Celso, da Finep? E quero cumprimentar as famílias que estão recebendo a casa, no nome da Ana Maria da Piedade e Adelma de Carvalho Pereira e seu filho Raul Pereira.
Contar um pequeno caso para vocês. Não existe nenhuma explicação. Como é que um conjunto habitacional como este ficou paralisado desde 2011? Não é possível. Porque no Brasil você tem gente que tem carro que não precisa de carro, você tem gente que tem carro que não precisa de transporte, você tem gente que tem casa que não precisa de casa, mas você tem uma parte da população que não tem carro, que não tem casa e que não tem sequer dinheiro para pagar aluguel. É dessa gente que o governo tem que tratar, é dessa gente que o governo tem que cuidar.
É por isso que eu não gosto de utilizar a palavra governar. Governar é uma coisa chique e eu não quero governar, eu quero cuidar das pessoas que precisam ser cuidadas. Uma pessoa que tem um bom emprego, uma pessoa que ganha um bom salário, não precisa do governo. Não precisa do governo. Quem precisa do governo é o povo mais humilde desse país, é o povo que ao longo da história foi esquecido, é o povo que só é lembrado pelos políticos na época da eleição. Na época da eleição, o pobre é a coisa mais importante da face da Terra. Na época da eleição, qualquer candidato xinga banqueiro, qualquer candidato xinga empresário e fala bem do pobre. Mas, na hora de governar, governa para o empresário e governa para os banqueiros e o pobre fica esquecido.
É isso que acontece nesse país durante 500 anos. E é por isso que eu voltei e, no primeiro mês, eu refiz a medida provisória para recriar o Minha Casa, Minha Vida que foi o mais bem sucedido programa habitacional da história de 500 anos do Brasil. Foram mais de 4 milhões de casas contratadas e foram entregues muitos milhões de casas nesse país. E vocês sabem, o presidente da Caixa poderia ter falado aqui agora, quem tá recebendo essas casas não vai pagar nada, não vai pagar nada.
Porque é preciso que a gente tenha consciência de ajudar um pouco. Essa dona Ana que ganhou a casa. Essa mulher tem uma mãe com mal de Alzheimer, essa mulher tem um filho com problema também e tem um neto com problema e é ela que cuida e ganha R$ 300 por mês. Se o Estado não ajudar, quem vai ajudar essa mulher? Não, e eu tô puto aqui, porque ela não deveria estar ganhando R$ 300 do Bolsa Família. Eu vou saber porque ela está ganhando R$ 300.
Ela deveria estar ganhando, no mínimo, R$ 600. Eu vou ver se aconteceu alguma coisa, Ana. Porque não é possível. Não é possível, gente. Eu tenho dito ao longo da minha história: para cuidar dos pobres, a gente não governa com a cabeça. Para cuidar dos pobres, a gente governa com o coração. É o coração que tem que falar. Porque tem coisa que somente o coração obriga a gente a fazer. É preciso ter um pouco de sensibilidade nesse país.
Então, companheiros, eu queria dizer para vocês que eu estou feliz pelo seguinte: eu comprei a minha primeira casa popular, e quero que vocês escutem bem, minha casa tinha 33 m². Não era 35, era 33 m². E eu fui morar nessa casa, com mulher, três filhos, uma sogra e dois cachorros. E vivi vários anos nessa casa e já era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. E eu sei o que é viver em casa pequena e é por isso que eu tenho dito para os companheiros do Ministério e da Caixa: é preciso melhorar a qualidade da casa. É preciso que a gente trate com respeito as pessoas pobres. O cara é pobre não porque ele quer ser pobre, ele é pobre porque ele não teve chance de não ser pobre. Ou será que alguém é pobre que escolheu? “Ah, eu quero nascer pobre, eu quero ser pobre, eu quero comer mal, eu quero vestir mal”. Ninguém quer isso. Olha, o homem lá de cima está dizendo: todo mundo tem direito, a gente quer morar bem, a gente quer se vestir bem, a gente quer comer bem, a gente quer criar bem a família da gente, a gente quer viver bem com as nossas mulheres, com os nossos filhos, a gente quer que os nossos moleques tenham uma boa escola e vai ter escola pra vocês aqui perto.
E vou anunciar uma nova… Vem aqui, prefeito, vem aqui, governador, que eu vou anunciar, eu vou anunciar uma coisa que não estava no programa para vir aqui. Quero lhe avisar, prefeito, que até 2026 você vai ter aqui em Magé um Instituto Federal pra você formar esses meninos da cidade de Magé. E tô dizendo isso pra você, porque eu quero vir aqui inaugurar o Instituto, quero vir aqui. Eu quero voltar à Magé pra inaugurar esse instituto. Nós vamos fazer um aqui, vamos fazer um em Belford Roxo, vamos fazer um em São Gonçalo, vamos fazer um em Teresópolis, vamos fazer um no Complexo do Alemão e vamos fazer um na Cidade de Deus, para a gente levar possibilidade do filho das pessoas mais humildes aprender uma profissão. Porque quando a gente tem uma profissão, a gente vira tudo na vida.
Eu sei o que é, eu sei o que é um trabalhador sem profissão procurar emprego. E sei o que é com profissão. Quando você tem profissão, as pessoas pegam a tua carteira, as pessoas pedem um currículo, pedem o teu telefone para te chamar. Quando você não tem profissão, o cara pergunta: “o que você tá pra fazer?” Nada. “Ah, de tudo um pouco". Tá mentindo, ninguém sabe fazer de tudo um pouco. Ou sabe, ou não sabe. E eu quero que os filhos de vocês tenham uma profissão como eu tive. Eu quero que os filhos de vocês aprendam uma profissão para ele poder virar cidadão de primeira classe, para ele poder construir a sua família, casar, ter filhos, ter uma casa e dar dignidade à família. Esse é o sonho.
Gente, eu sou filho de uma mulher que nasceu analfabeta e morreu analfabeta e largou do meu pai com oito filhos no rabo da saia. Largou do meu pai e sozinha ela criou oito filhos. Porque a mulher, quando ela tem coragem, ninguém segura a mulher. Ela faz o que ela quer, participa do que ela quer.
Então, eu voltei para isso. A única razão para eu ter voltado a ser presidente da República é cuidar do povo pobre desse país. É a única razão. Eu não precisava ser mais presidente da República. Ninguém no país tem três mandatos de presidente, vocês me deram o terceiro mandato, e eu vou governar este país até o dia 31 de dezembro de 2026, e 24 horas por dia eu quero cuidar das mulheres, das crianças, dos adolescentes desse país, dos homens, para ver se a gente cria uma sociedade sem raiva, sem ódio, sem mentira, sem fake news, sem ofensa às pessoas. Uma sociedade em que a gente vive em comunidade da forma mais respeitosa possível, que a gente possa ajudar um ao outro, que a gente possa estender a mão, que a gente possa, se for possível, dar uma lata de óleo para uma pessoa que não tem, dar uma xícara de sal para uma pessoa que não tem. E não ficar no nosso mundo no celular, um falando mal do outro.
É por isso que eu quero dizer ao governador do estado: eu já fiz uma vez e vou fazer, eu digo olhando na cara de todo mundo, inclusive com a imprensa, eu duvido que na história do país um presidente da República já investiu mais no Rio de Janeiro do que eu investi de 2003 a 2010. E vou dizer outra coisa agora, governador: eu voltei e vou lhe dizer que nós vamos investir no Rio de Janeiro mais do que todo e qualquer outro presidente dessa República já investiu porque nós estamos recuperando a Petrobras porque nós vamos recuperar a indústria naval desse país, a gente vai voltar a fazer navio aqui, a gente vai voltar a fazer plataforma aqui, a gente vai voltar a fazer sonda aqui, a gente vai voltar a investir no Rio de Janeiro. Porque esse estado aqui não nasceu para sair nas páginas policiais, não nasceu para ser dominado pelo crime organizado, porque o crime organizado é uma minoria, a maioria dos cariocas é gente decente, é gente de bem, é gente de família, é gente trabalhadora.
Então, é por isso que eu estou feliz, prefeito, de estar aqui, estou feliz de estar aqui. Eu não o conhecia, mas quando eu vi a sua cara, eu falei: tem cara de gente boa. E quando eu soube que você namorou com a sua mulher cinco anos para depois casar, eu falei: é do bem, porque senão tinha abandonado a mulher, como muitos fazem. Então, meus parabéns, prefeito, Deus queira que você tenha um mandato e quero lhe dizer que eu nunca perguntei de que partido você é, porque se o povo do Magé merecer, a gente vai trazer pra cá o que for necessário trazer, porque nós temos que cuidar do povo que precisa do governo.
Por isso, meus parabéns, e quero dizer para vocês, gente, olha, pense numa coisa, o que é ter uma casinha? Quando eu voltar aqui, nós vamos sortear uma casa e eu vou ver quem é que tem a cerveja mais gelada e eu vou tomar uma cervejinha com vocês, um copinho de cerveja. O prefeito já me garantiu que se eu voltar aqui vai ter uma cervejinha gelada e ele vai me dar, vai me dar da adega dele uma dosezinha assim de cachaça das boas que ele gosta de beber. Aí que nós vamos fazer esse povo de Magé, sabe, ficar mais feliz da vida, gente.
Olha, eu vou agora para Belford Roxo. Quero dizer para vocês: o ministro da Educação ia vir comigo, ele não veio porque teve um problema de lotação do helicóptero. Mas eu quero dizer para você que eu não estou prometendo, eu estou dizendo para o povo e para você, perfeito: eu quero inaugurar um Instituto Federal aqui. E a prefeitura tem que aproveitar, fazer cursinho para começar a qualificar os meninos que estão terminando o ensino fundamental, para eles se prepararem para entrar no Instituto Federal e virarem profissionais de primeira qualidade nesse país.
Por isso, gente, um beijo no coração. Que Deus abençoe todos vocês. Um abraço prefeito, um abraço governador. Obrigado, companheiros deputados e deputadas.
Um beijo e até o próximo dia, se Deus nos ajudar.