Pronunciamento do presidente Lula durante cerimônia de inauguração do Terminal Intermodal Gentileza
Eu vou ter que cumprimentar vocês aqui, depois eu vou ter que cumprimentar vocês e vou ter que ir naquele lado para cumprimentar as pessoas que estão lá.
Eduardo (Paes, prefeito do Rio de Janeiro), eu queria te dizer uma coisa para que o povo do Rio compreenda o que está acontecendo no Brasil. Primeiro, depois da fala do Eduardo aqui, eu vou ter que em toda cidade que eu for dizer que amo a cidade, porque se passar a história que eu amo só o Rio de Janeiro não vai ficar bem para eu ir no restante do Brasil.
Mas eu queria dizer pra vocês que o Rio tem uma coisa especial. Eu acho que o Brasil tem uma dívida com o Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro foi o estado que, durante um bom tempo, foi a capital do Império. Ou seja, desde 1808, o Rio de Janeiro se transformou na capital do Brasil com a vinda do Dom João VI para cá. Depois, veio o império e Dom Pedro ficou até 1899. Depois, continuou sendo a capital desse país, até que Juscelino (Kubitschek, ex-presidente do Brasil) veio e mudou a capital para o Centro-Oeste, que estava correto em mandar a capital para o Centro-Oeste para ficar mais no centro do Brasil.
Mas com todas essas mudanças, o Rio de Janeiro foi perdendo investimento, o Rio de Janeiro foi perdendo história, depois teve a divisão do estado da Guanabara. Ou seja, e muita coisa no Rio de Janeiro ficou para trás e o que foi crescendo no Rio de Janeiro? Foi crescendo, por conta da pobreza do Rio de Janeiro e por conta de irresponsabilidade de governantes em outros momentos, o que foi crescendo foi a ocupação desordenada do Rio de Janeiro e vocês se lembram que até 1930 não se podia tocar um pandeiro na frente do Teatro Municipal, não se podia dançar capoeira, que era tudo considerado crime.
Então, quando eu falo que eu gosto do Rio de Janeiro é porque o país e o Governo Federal tem que cuidar de todas as cidades, mas o Rio de Janeiro tem que ser cuidado de uma forma muito especial, porque além de tudo o Rio de Janeiro é o cartão postal desse país em qualquer lugar do mundo que a gente for. E, obviamente, que o povo não tem totalmente culpa pelo tipo de governante que, de vez em quando, é eleito aqui nesse estado. Vocês sabem a diferença do companheiro Eduardo Paes quando governou da outra vez. Vocês sabem a diferença de Eduardo Paes agora, e vocês sabem quem veio depois dele, o que aconteceu.
Há uns 15 dias atrás, eu fui na cidade de Magé (RJ) inaugurar um conjunto habitacional. Vocês sabem qual é a tristeza? É que o conjunto habitacional que eu fui inaugurar estava paralisado desde 2013. A mulher que recebeu a chave da casa da minha mão, ela tinha uma mãe com mal de Alzheimer. Ela tinha um filho, que tinha um neto, o filho com problema de doença mental e o neto também com problema de doença mental. Essa mulher ganha R$ 300 por mês e essa mulher ficou 13 anos vendo o prédio que ia ser a casa dela parado, sem que fizessem nada nesse país.
Sabem quantas casas nós encontramos paralisadas no Brasil, Eduardo Paes? 87 mil casas paralisadas nesse país. Casas que começaram ainda no meu primeiro mandato, depois no mandato da Dilma. E essas casas foram abandonadas. Isso aqui, o Eduardo Paes diz, o contrato com a Caixa Econômica Federal foi assinado em 2013. De 2013 para 2024, são 11 anos. Por isso foi importante a volta do Eduardo para que a gente possa construir as coisas que o povo necessita e com uma certa urgência, porque o povo não pode ficar dependendo de um transporte vagabundo que leva 3 horas, 2 horas e meia para fazer o povo sair de casa e chegar ao trabalho.
Então, o que vocês estão recebendo hoje é uma entrega de uma prefeitura que tem compromisso com o povo do Rio de Janeiro. Todos vocês sabem da minha relação de amizade com o Eduardo Paes. Todos vocês sabem que eu nunca faltei em nenhum momento em que esse estado precisou de recurso ou a cidade precisou, eu sempre achei que a gente tinha obrigação de ajudar. Porque, quanto melhor estiver o Rio de Janeiro, melhor estará o Brasil.
Portanto, eu espero que vocês saibam fazer essa diferença. Eu espero que vocês saibam fazer essa diferença em quem trabalha, em quem faz as coisas e em quem fala muita bobagem e quem fala muita asneira. Vocês sabem o momento de mentira que vive esse país. Vocês sabem que tem gente que levanta de manhã mentindo no celular, almoça mentindo, vai no banheiro mentindo, sai do banheiro mentindo, vai dormir mentindo e passa a noite mentindo, achando que a sociedade brasileira é um bando de imbecil que acredita em todas as asneiras que ele fala.
Então, nós precisamos ter em conta de aprender uma lição. Vai ter eleição outra vez esse ano. Vai ter eleição. E a gente não pode votar num imbecil que fala mais bobagens. A gente não pode votar num imbecil que mais agride os outros. A gente tem que saber quem é que a gente escolhe para ser vereador, quem é que a gente escolhe para ser prefeito. Porque é essa gente que vai mudar ou piorar a qualidade de vida da gente. É isso que tem que acontecer nesse país. Então, quando eu venho inaugurar um terminal com o nome “Gentileza Gera Gentileza”, a gente só pode dizer que, finalmente, aqui no Rio de Janeiro, o amor venceu o ódio, a verdade venceu a mentira.
Portanto, Eduardo, parabéns. Agora pare de me pedir dinheiro. Porque não é possível, eu quando vejo esse cara chegando em Brasília, eu já tô inventando que tô viajando para não ter que recebê-lo, porque senão todo dinheiro público do BNDES, ele agrada o Aloizio Mercadante (presidente do BNDES), ele fala bem do Aloizio Mercadante, ele estava agradando a presidenta do Banco do Brasil, já estava fazendo cafuné no presidente da Caixa Econômica Federal, já sentou ao lado do ministro das Cidades, fica dizendo que a Janja (Lula da Silva, primeira-dama do Brasil) é a rainha do Carnaval. Tudo isso para pedir dinheiro para o Rio de Janeiro.
Aí, vocês podem ter certeza que vocês têm um cara que se preocupa em melhorar a vida dessa cidade. Vocês têm que ter certeza disso. Então, eu queria, Eduardo, dizer para vocês que eu vou parar de falar porque daqui eu vou na Petrobras. Nós vamos assinar um acordo, publicar um edital em que a Petrobras vai destinar R$ 250 milhões para a cultura brasileira, que foi abandonada durante muito tempo nesse país.
No mês de março, eu vou voltar aqui com o Eduardo. Eu vou voltar para ir a Niterói, nós vamos ver o que tem que fazer lá em Niterói, inaugurar um prédio na universidade, inaugurar uma dragagem que vai ter no porto, mas a gente vai anunciar também todos os institutos federais aqui no Rio de Janeiro e vamos dar aula inaugural na faculdade de matemática que foi criada aqui no Rio de Janeiro. Aqui, no Porto Maravilha, a gente vai ter uma faculdade de matemática, em que a gente vai escolher os gênios da matemática nesse país, os meninos e as meninas que passaram nas Olimpíadas de Matemática, aqueles que ganharam medalha de ouro, a gente está fazendo um vestibular e os 100 melhores vão vir estudar matemática. No ano que vem mais 100, no outro ano mais 100, até chegar a 400 meninos e meninas gênios desse país para que o Brasil se transforme num país altamente desenvolvido.
Mas, não é só isso. Também esse mês começa um programa chamado Pé-de-Meia. Não sei se vocês já ouviram falar. Esse programa vai fazer uma poupança para as crianças que terminaram o ensino fundamental e foram fazer o segundo grau. Essas crianças, no ano passado, quase 500 mil crianças desistiram da escola a pretexto de que tinham que ajudar o pai e a mãe no trabalho. Então, a gente resolveu fazer um investimento de R$ 7 bilhões. Cada menino vai receber, durante 10 meses, R$ 200 depositado na sua conta, no final do ano vai receber R$ 1.000. E se ele tiver 80% de comparecimento e se ele passar na prova, no ano seguinte ele vai ter mais R$ 200 depositado durante 10 meses e mais R$ 1.000 no fim do ano. Quando chegar no fim do terceiro ano, se cuidou direitinho, ele vai ter R$ 9 mil para ele começar a vida dele.
Tem gente que diz o seguinte: “O Lula está gastando dinheiro, dando dinheiro para as crianças do ensino médio”. E eu queria dizer para vocês: eu vou gastar dinheiro se eu estiver gastando para tirar esse menino da droga, mas se eu estiver colocando ele na educação é investimento. Eu vou tá gastando se eu tiver que fazer cadeia. Mas, se eu tiver que fazer escola, eu estou investindo. E a gente vai envolver praticamente 3 milhões de meninos e meninas nesse país que vão ter um dinheirinho para não ter que trabalhar, porque lugar de criança é na escola, não é trabalhando.
E também, uma outra coisa importante que vai ser a questão das escolas de tempo integral. O Rio de Janeiro é uma cidade que assinou um acordo com o Governo Federal e a gente vai ter, só neste ano, 1,058 milhão de crianças em escola de tempo integral, o dia inteiro, para garantir que a mãe tenha mais liberdade de trabalhar e sabendo que o filho vai estar cuidado numa escola dignamente. É isso que vai acontecer. Eu não pude vir no Carnaval, a minha escola não ganhou, mas se eu viesse, eu iria dançar um pouco, eu sou bom carnavalesco. Sou bom. Eu não gosto de dançar porque a Janja não sabe dançar, então eu também não gosto de dançar sozinho.
Mas eu já prometi ao Eduardo Paes que no ano que vem eu estarei aqui no Rio de Janeiro para sambar os quatro dias, para fazer inveja, para fazer inveja para as pessoas que não gostam de samba, para as pessoas que não gostam de amor, para as pessoas que não gostam de gentileza. E nós vamos fazer muita gentileza para fazer raiva a quem mente descaradamente nesse país.
Queridos companheiros e companheiras do Rio de Janeiro, um abraço no coração de cada um de vocês. Que vocês possam desfrutar desse terminal de transporte multiplus para que vocês possam chegar mais cedo em casa. Agora, eu vou dizer uma coisa. O malandro que chega em casa tarde dizendo: “ah, porque tem problema de ônibus, amor, eu demorei”. Agora, cara, parou. Agora não vai poder mais mentir que tem problema de transporte porque a mulher está marcando no relógio. São 25 minutos, não são mais 2 horas, não. Então, agora se manquem que vocês estão sendo controlados pela beleza de um intermodal chamando Gentileza para cuidar de vocês.
Um beijo, um abraço, e até a próxima volta ao Rio de Janeiro.