Pronunciamento do presidente Lula após reunião bilateral com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, em Georgetown, na Guiana
Meu caro presidente, Irfaan Ali, presidente da Guiana.
Eu, sinceramente, quero começar agradecendo o convite que me foi feito para participar da 46ª Reunião da CARICOM. Eu fui convidado pela primeira vez para participar da CARICOM em 2005, que foi no Suriname, depois eu convoquei uma reunião da CARICOM no Brasil, para que nós começássemos a dar sequência à nossa estratégia de integração sul-americana. Lamentavelmente, depois do impeachment da presidenta Dilma, houve um apagão na relação do Brasil com a América do Sul e, sobretudo, houve um apagão na relação com a Guiana e com os países da CARICOM.
A nossa vinda à Guiana é para afirmar a todos os países que fazem parte da CARICOM, que compõem uma comunidade de 19 milhões de habitantes, que todos juntos tem um PIB, aproximadamente, de 120 bilhões de dólares. E que, no caso do Brasil com a Guiana, além dos 12 milhões de brasileiros que aqui residem, que aqui trabalham, nós temos 1.605 quilômetros de fronteira. E, portanto, nós temos todo interesse em discutir com a Guiana muitos temas importantes na área de infraestrutura, na área de segurança alimentar, na área da cooperação fronteiriça, na área de transportes aéreo e rodoviário, na questão de comércio e investimentos, na questão energética, e, uma coisa muito importante, que é a discussão sobre a questão do clima.
É importante lembrar que a Guiana faz parte da OTCA, e portanto, com a mesma preocupação do Brasil, a Guiana está fazendo um esforço incomensurável para cuidar das suas florestas e por isso eu os convidei para participar da reunião climática no Brasil do G20, para que eles possam expor a monetização que eles estão fazendo sobre a preservação da floresta da Guiana. Esses assuntos me fizeram convidar o presidente Irfaan, para que preparem uma missão empresarial e que visite logo o Brasil para mostrar aos empresários brasileiros as oportunidades que a Guiana oferece para investimentos brasileiros, na área de mineração, na área energética, na área de petróleo, na área da agricultura e na questão energética.
Ou seja, há um vasto campo de interesse de empresários brasileiros para fazer investimentos na Guiana. E há muito interesse da Guiana de que esse processo de integração permita que a Guiana possa ter acesso aos produtos agrícolas brasileiros, sobretudo, a partir do seu vizinho mais próximo, o estado de Roraima. Ou seja, essa minha visita é a recuperação de uma política que estava sendo levada avante em 2010, que teve continuidade pela presidenta Dilma, e que depois foi paralisada.
Não apenas com a América do Sul, e não apenas com a Guiana, mas na verdade o Brasil parou suas relações internacionais com o mundo. Eu queria dizer ao presidente Irfaan que, da mesma forma que a Guiana vive um momento excepcional de possibilidades econômicas, eu quero dizer que eu vi isso quando desci no aeroporto que fui para o hotel, a quantidade de construções novas e as rodovias modernas que estão sendo construídas. Eu tenho certeza que da mesma forma que está acontecendo esses investimentos em infraestrutura, também está acontecendo os investimentos na melhoria da qualidade de vida do povo da Guiana.
O Brasil também vive um momento muito importante. Nós tivemos um primeiro ano de recuperação do nosso país, remontar todas as políticas públicas que tinham sido exterminadas e planejar um forte investimento em políticas de infraestrutura em um projeto que envolve praticamente 350 bilhões de dólares, que é o nosso PAC. E dentre esses projetos de investimento em infraestrutura, nós temos o compromisso com a integração do nosso continente. A ministra Simone Tebet que veio aqui ontem, que fez a apresentação do projeto de integração, que integra o Brasil, além da Guiana, a outros países da América do Sul, com o objetivo de chegar ao Pacífico e diminuir em 10 mil quilômetros a distância do nosso comércio com a China, com o Japão e com outros países.
Bem, o que que está em jogo nesse momento. A economia brasileira voltando a crescer, o emprego voltou a crescer, estamos fazendo muito investimento em ciência e tecnologia, muito investimentos em educação, da creche à universidade. Estamos colhendo frutos de uma política muito promissora. Só pra ter uma ideia, presidente Irfaan, somente no mês de fevereiro, nós abrimos 14 novos mercados para os produtos brasileiros, 14 em janeiro, já 6 no mês de fevereiro, e ao todo chegamos a quase 70 mercados novos em apenas um ano de governo. A nossa renda per capita está crescendo, 80% dos trabalhadores estão fazendo acordos com percentual acima da inflação. Estamos retomando com muita força todas as políticas de inclusão social que foram sucesso nos nossos primeiros mandatos.
A nossa integração com a Guiana faz parte da estratégia do Brasil de ajudar não apenas no desenvolvimento, mas trabalhar intensamente para que a gente mantenha a América do Sul como uma zona de paz no planeta Terra. Ou seja, nós não precisamos de guerra. A guerra, ela traz destruição de infraestrutura, traz destruição de vida e traz sofrimento. A paz traz prosperidade, traz educação, traz geração de emprego e tranquilidade aos seres humanos. Esse é o papel que o Brasil pretende jogar na América do Sul e no mundo. Todo mundo sabe que o Brasil é contra a guerra na Ucrânia, todo mundo sabe que o Brasil é contra o que está acontecendo na Faixa de Gaza, da mesma forma que fomos contra aos atos terroristas do Hamas. E todo mundo sabe que o Brasil não tem e não quer contencioso com nenhum país do mundo.
O Brasil quer paz, quer prosperidade, quer crescimento econômico e quer melhoria de vida do nosso povo. Por isso, presidente Irfaan, estejam certos, eu vim aqui com a minha ministra do Planejamento, eu vim aqui com o meu ministro dos Transportes, eu vim aqui com o ministro de Portos e Aeroportos, eu vim aqui com o ministro da Integração Regional e ainda faltaram vários ministros.
E o nosso vice-presidente da República vai junto com o seu vice-presidente, companheiro Jagdeo, a construir todas as equipes técnicas necessárias para que a gente faça acontecer a integração necessária ao desenvolvimento da nossa região. Por isso, eu quero lhe comunicar que saio daqui satisfeito, agradecido pelo carinho, pela hospitalidade do povo da Guiana. Você sabe que eu estou indo à CELAC, em São Vicente e Granadinas, vou agradecer pessoalmente o presidente Ralph, por ser o coordenador das conversas entre a Guiana e a Venezuela e espero que a gente tenha uma reunião da CELAC produtiva, harmoniosa e que todos nós saiamos de lá falando em paz, em prosperidade, em alegria, em amor e não em ódio.
Muito obrigado.