Pronunciamento do presidente Lula durante anúncio de que Ricardo Lewandowski será o novo ministro da Justiça e Segurança Pública
Companheiros e companheiras da imprensa, hoje é um dia muito, muito feliz pra mim. Feliz porque eu estou diante de um companheiro que está prestando um serviço extraordinário ao país, à Justiça brasileira e que, acertadamente, o Congresso Nacional homologou para que seja, a partir do dia 22 de fevereiro, um novo ministro da Suprema Corte. E feliz porque eu tenho do meu lado esquerdo um companheiro que foi um extraordinário ministro da Suprema Corte que deixa uma cadeira vazia e que ela vai ser ocupada pelo Flávio Dino. Não a mesma dele, mas a cadeira da Suprema Corte.
E ele vai ocupar a cadeira do companheiro Flávio Dino. Eu fiquei muito feliz porque eu tinha conversado com o ministro Lewandowski (Ricardo Lewandowski), tinha feito uma proposta para ele. Eu sabia das atividades privadas dele, conheço a família dele, conheço a mulher dele. E eu achava que ela ia colocar dificuldade dizendo pra ele, sempre fala assim: “Meu amor, vamos viver nossa vida agora, deixa pra lá esse negócio de política”. E graças a Deus, a Yara teve a compreensão de falar pro Lewandowski: “Eu sei que você quer ir, então vá, meu amor”.
E ele, ontem, me comunicou que ele aceita ser o novo ministro da Justiça desse país. Eu acho que ganha o Ministério da Justiça, ganha a Suprema Corte e ganha o povo brasileiro com essa dupla que está aqui do meu lado. Cada um na sua função. O que é importante é que os dois não vão falar para vocês agora, porque eles não têm nada para falar. Quando o Flávio Dino foi indicado, e qualquer ministro meu é indicado, quando eu indico uma pessoa, indico por uma relação de confiança. E eu digo para a pessoa: “Monte o seu governo, quando você estiver com o governo montado, você me procure que eu vou ver se eu tenho coisas contrárias a alguém ou tenho alguma indicação para fazer”.
Eu, normalmente, tenho por hábito cultural não indicar ninguém em nenhum ministério. Eu quero que as pessoas montem o time em que ele vai jogar. Se eu fosse técnico de futebol, eu não permitiria que o presidente do meu time, por mais importante que fosse, fosse escalar o meu time. O meu time sou eu quem escalo. Se eu perder, me tirem, se eu ganhar, eu continuo. Então, eu disse ao companheiro Lewandowski que ele só vai, só vou fazer o decreto da oficialização dele, a pedido dele, por conta de coisas particulares que ele tem que fazer no dia 19 e nós acertamos que ele toma posse como ministro no dia 1º de fevereiro.
Até lá, o companheiro Flávio Dino, o novo ministro da Suprema Corte também só vai tomar posse dia 22 de fevereiro. Ficará cumprindo a função da forma magistral que ele cumpriu até agora. Quando chegar dia 1º nós vamos fazer um ato, vamos fazer a posse do nosso querido Lewandowski como ministro da Justiça, aí ele já vai ter uma equipe montada, ele vai conversar comigo e vamos discutir quem fica, quem sai, quem entra, quais são as novidades.
E o Flávio Dino também vai montar sua equipe para trabalhar como ministro da Suprema Corte e nós vamos fazer um ato, vão ser dois atos importantes, é um ato do nosso companheiro Lewandowski entrando e um ato do nosso companheiro Flávio Dino saindo. Eu quero dizer pra vocês que é um momento muito extraordinário. Eu, às vezes, tinha dúvida se o companheiro Lewandowski não iria preferir dar um tempo para a vida particular dele.
Eu conheci o Lewandowski com 28 anos de idade, trabalhando na prefeitura de São Bernardo, no governo do companheiro Aron Galante, que era um prefeito médico que ajudou a gente a fazer o primeiro congresso da CUT, em 1983. Tive a honra de ser o presidente da República que indiquei o nome dele para o Senado e ele foi aprovado de forma extraordinária, com muitos elogios, por muita gente do Senado de direita, de esquerda, de centro.
O mesmo aconteceu com Flávio Dino. Então eu penso que o Brasil ganha duas coisas importantes. Eu também sempre sonhei que a gente deveria ter na Suprema Corte um ministro com a cabeça política, que tivesse vivenciado a política. Não que os que estão lá não tenham, mas ninguém que está lá tem a experiência política que tem o Flávio Dino, a experiência de deputado, de perder eleição, de ganhar eleição, de depois ser deputado federal, depois ser eleito governador e duas vezes senador. Essa é uma experiência que nós não temos nenhuma prática.
Não é segredo pra ninguém que eu tive um amigo que já morreu aqui em Brasília, chamado Sigmaringa Seixas, um dos grandes amigos que eu construí na vida, que era um companheiro que eu conheci no PSDB, mas durante todo o processo constituinte ele só votava junto com a bancada do PT. Quando foi um dia, nós convencemos o Simaringa a vir para o PT. E o Sigmaringa, convidei ele duas vezes para ser ministro da Suprema Corte. É a única pessoa na face do planeta Terra que recusou.
Recusou duas vezes. E ele dizia da forma mais singela possível: “Presidente, eu não estou preparado para ser ministro da Suprema Corte, por favor, me deixa aqui onde estou”. E não foi. Enquanto você está cheio de gente no mundo dos advogados brigando para ter um cargo desse, um cargo importante. Então, eu estou feliz porque eu tive muita sorte na minha passagem pelo governo. Meu primeiro ministro da Justiça foi o companheiro Márcio Thomaz Bastos, que era uma figura de maior respeitabilidade moral. Depois eu tive o companheiro Tarso Genro, que trazia na bagagem a experiência política dele, do estado do Rio Grande do Sul.
E agora, o companheiro Flávio Dino que aceitou quando eu convidei, não assumiu o Senado e veio para o governo. E prestou um trabalho extraordinário. E agora o Lewandowski. Então, eu quero dizer pra vocês que é um dia muito feliz, que dizer ao povo brasileiro que ele vai ganhar com essas duas escalações. Uma na Suprema Corte e a outra na Justiça. Então, quero dizer pra vocês que esse aviso é muito gratificante e ele coroa o meu primeiro ano de mandato.
Eu estou muito feliz com o que aconteceu no primeiro ano de mandato aqui. Eu estou muito feliz porque em janeiro eu fui a Hiroshima e, por acaso, eu encontrei com a diretora-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional). E ela me disse que o Brasil iria estar numa situação difícil, porque o ano seria difícil e porque o Brasil não iria crescer mais que 0,8%. E eu disse a ela: “Olha, com todo respeito que eu tenho à senhora, a senhora não conhece o Brasil, não me conhece, e o Brasil vai crescer mais do que a senhora está prevendo”.
E cresceu. E eu quero dizer a todas as pessoas que estão aqui da imprensa. Quando a gente faz uma análise política e econômica e a gente analisa pesquisa e a gente analisa que tem uma coisa que está difícil de acontecer, não é pra gente ficar transformando aquela pesquisa na verdade absoluta. A pesquisa existe para que a gente tenha condições de fazer mudança de rumo e fazer as coisas acontecerem. Eu não sou um presidente da República que faz um diagnóstico e fico feliz com o diagnóstico.
Eu fico feliz quando eu consigo fazer com que o diagnóstico seja colocado em prática as políticas capazes de mudar e melhorar a situação que foi diagnosticada e eu estou convencido, mas muito convencido, quero dizer para vocês agora, eu vou marcar. O Pimenta acho que tirou um dia de descanso agora, quatro dias. Quando o Pimenta voltar eu vou marcar um outro café da manhã com a imprensa, que eu queria fazer no final do ano e não deu, para discutir temas gerais.
E quero dizer pra vocês que eu também, agora, vou diminuir o lançamento de programas como nós fazemos aqui no Palácio e vamos fazer o programa “conversando com a imprensa”. Vamos juntar a imprensa especializada na educação, a imprensa especializada em economia, em saúde, em transporte, em qualquer assunto e vamos fazer apresentação para que vocês possam fazer as perguntas que vocês quiserem.
Eu estou convencido que nós vamos ter um outro ano primoroso nesse país. A economia vai crescer mais do que os especialistas estão dizendo. Vai crescer porque as coisas estão acontecendo. Se você pegar o que aconteceu esse ano, você vai analisar que em todas as atividades, em todas as áreas do governo tem investido em 2023 o dobro de dinheiro, muitas vezes do que foi investido nos quatro anos passados.
E esse dinheiro ainda não chegou socialmente na ponta. As políticas não chegaram na ponta. Quando você planta um pé de soja, você joga uma semente. Por mais pressa que você tenha, por mais necessidade que você tenha, você vai ter que esperar, no mínimo, quatro meses para fazer a colheita.
Então, nós esse ano vamos colher o que nós plantamos em 2023 e vamos plantar novas coisas para 2024, que vamos colher em 2025. Em 2025 vamos plantar novas coisas para que a gente possa colher em 2026. Em 2026, eu espero que o povo brasileiro esteja vivendo num país infinitamente melhor, do ponto de vista democrático, econômico, político e social. É isso que eu assumo o compromisso com vocês.
Eu fui eleito para cuidar desse país e vou cuidar desse país. Por isso, obrigado, gente. Obrigado. Lamento que não tem pergunta porque ele (Flávio Dino) é o ministro e não vai falar agora, ele (Ricardo Lewandowski) não tomou posse e também não pode falar. E eu não vou dar palpite, tá bem? Obrigado, gente, pela paciência e até o próximo encontro.