Pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no lançamento do Novo PAC, no Rio de Janeiro (RJ)
Tá bom, tá bom, tá bom... Eu vou fazer um decreto dizendo que o presidente da República tem que ser o primeiro a falar. Porque, sinceramente, eu acho que tudo que tinha que ser falado sobre o PAC já foi falado. E eu quero começar, Rui [Rui Costa, ministro da Casa Civil da Presidência da República], dando os parabéns a você, à Casa Civil e aos ministros que trabalharam na elaboração do PAC. Sinceramente.
Eu já participei da criação de dois PACs. A Dilma [Dilma Rousseff, ex-presidenta da República] coordenou os dois. Um, a Dilma era candidata, a Miriam [Miriam Belchior, ex-ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão] coordenou mais do que a Dilma. E a Dilma falou: “parabéns. Esse PAC é mais preparado do que o que nós fizemos”.
E eu sei que tem um aprendizado das pessoas que já tinham trabalhado nos outros. E agradecer também aos funcionários que trabalharam, porque são eles que, muitas vezes, fazem horas extras, sem cobrar hora extra. Muitas vezes trabalham de final de semana sem cobrar para que a gente colha o resultado.
A segunda coisa que eu precisava falar com vocês antes de ler a minha nominata, era que a gente vai ter que aprender algumas lições. Quando nós fazemos um ato como esse, esse ato não é pra nós do PT, esse ato não é pra nós do Governo. Esse ato é pra sociedade brasileira. E nós temos que compor com as pessoas que fazem parte da sociedade brasileira.
O governador do Rio de Janeiro não tá aqui porque ele quer estar aqui. Ele tá aqui porque nós o convidamos pra vir aqui. Os outros governadores que estão aqui, estão aqui porque nós convidamos. Eu me sentiria, eu me sentiria muito deprimido se um dia eu fosse num ato em Goiás, convidado pelo Caiado [Ronaldo Caiado, governador de Goiás], e o pessoal me vaiasse.
Eu ficaria constrangido. Eu ficaria constrangido, sabe. Eu ficaria constrangido porque não é o governador, ou deputado que tá aqui, ou vereador, é a instituição do Estado. Quem falou aqui não foi, sabe, o prefeito do Rio, foi a instituição que ele representa. Eu tô dizendo isso porque, às vezes, a gente fica – eu e a Dilma que temos experiência porque já fomos presidentes –, a gente fica muito incomodado porque as pessoas são nossos convidados.
Vamos pegar o exemplo do Arthur Lira que tá aqui, o presidente da Câmara. O Arthur Lira é o nosso adversário político desde que o PT foi fundado. Ele é nosso adversário e vai continuar sendo adversário. Nós temos momentos de campanha, em que nós vamos nos xingar, nós vamos um falar mal do outro, mas quando termina a eleição, que cada um assume o seu posto, ele não tá aqui como Arthur Lira, ele tá aqui como presidente de uma instituição que o Poder Executivo, uma instituição que o Poder Executivo precisa mais dela do que ela do Poder Executivo. Não é o Lira que precisa de mim. Eu é quem mando os projetos feito pelos ministros, feito pela sociedade, eu é que preciso dele pra colocar em votação.
É como, é como nós, dirigentes sindicais. A gente passa a semana inteira na porta da fábrica xingando o patrão, mas quando a gente senta pra conversar com ele, a gente senta de forma civilizada. E a gente quer que ele atenda a nossa reivindicação. É esse comportamento que nós temos que ter pra gente poder consolidar o processo democrático nesse país. É a convivência democrática na adversidade.
Bem… Eu, eu na verdade, eu estava mesmo com vontade era de falar de improviso. Mas como eu tô com documento aqui, que foi trabalhado com muito carinho. E eu, como disse a imprensa, não quero cometer gafe, eu vou ler o meu discurso aqui. Mas antes de ler, eu queria que vocês entendessem uma coisa.
Eu vivi fazendo política dois terços da minha vida. Eu tive muitos adversários políticos e muita gente me teve como adversário. Mas a gente vivia num país civilizado em que a gente disputava a eleição, quem ganhava, ganhava, quem perdia, perdia. Quem ganhava tomava posse, governava. Quem perdia, ficava chorando as mágoas mais quatro anos. Porque, ô Lira, a espera de quatro anos para quem ganha, é uma eternidade. Não acaba nunca os quatro anos. Pra quem governa, termina logo. Quando você começa a gostar, terminou o mandato. Então, esse país foi civilizado. Esse país teve, teve problemas e sempre teve confusões. Esse país sempre teve muita ingerência na política. Às vezes ingerência que não deveria ter.
Esse país levou um presidente a se matar. E nunca se provou aquilo que ele foi acusado. Eu digo sempre, se o Getúlio Vargas [ex-presidente da República] tivesse tido as manifestações que teve depois da morte dele em vida, ele não teria se matado. Ele teria corrido, pulado pro povo. Esse país, às vezes, é tomado pelo denuncismo. Às vezes, nós gostamos de denunciar e fica a denúncia pela denúncia. Às vezes denuncia e não prova nada. E quando uma pessoa é denunciada, não adianta depois pedir desculpa, porque a desculpa é pedido pessoal. A denúncia é pública.
E é muito complicado. A pessoa que faz a denúncia não paga nada. Não tem nenhuma responsabilidade. Quem é prefeito do interior sabe o que que é a perseguição a prefeitos. Obrigando prefeitos a fazerem coisa e não acontece nada. Você xinga o cidadão de ladrão, você diz que ele errou e depois você não prova e não acontece nada com quem acusou. E quem foi acusado carrega pro resto da vida aquela cruz.
Nós vivemos um período muito difícil nesses últimos quatro anos. A democracia nunca foi tão violentada como ela foi agora. Ela foi violentada do começo ao fim. Desrespeito ao Congresso Nacional. Desrespeito aos mandatos dos deputados. Desrespeito ao Senado. Houve até tentativa de quase tomar o Senado de assalto, de prender senador dentro do Senado, dentro de uma instituição que precisava ser respeitada.
Houve abusos e mais abusos e o presidente da República ficava todo dia ameaçando a Suprema Corte, ameaçando caçar, ameaçando não sei das quantas. E as pessoas que seguiam ele batendo panela na porta da casa de um ministro da Suprema Corte. Esse país não pode continuar existindo. Esse país só vai dar certo se a gente compreender que nós precisamos aprender a conviver com as pessoas que a gente não gosta e a pessoa não tá pedindo pra gente gostar, apenas pra gente respeitar. Me respeita como eu sou que eu te respeito como você é.
Eu tô dizendo isso porque hoje começa o meu governo. Até agora, o que nós fizemos foi reparar aquilo que tinha desandado. Nós já recuperamos 42 políticas de inclusão social. Já começamos todas elas a funcionar. E o PAC é o começo do nosso terceiro mandato. Porque a partir do PAC, ministro vai parar de ter ideia, ministro vai ter que cumprir o que foi aprovado aqui e trabalhar muito para que a gente possa executar esse PAC.
É bom lembrar que ao terminar o meu mandato em 2010, em dezembro, a Miriam Belchior – que deve tá aqui, companheira da mais alta qualidade que eu conheço desde a prefeitura de Santo André –, essa companheira, junto com Gilberto Carvalho [ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República] e a Casa Civil, fizeram uma coisa inédita no Brasil.
Não sei se vocês sabem, eu fui registar em cartório tudo o que eu tinha feito de 1º de janeiro de 2003 até terminar o meu mandato. Registrar. E mandei distribuir, para todas as universidades do Brasil saber o que tinha acontecido nesse país. Porque, normalmente, a gente não sabe. Normalmente a gente não sabe. E muitas vezes as pessoas não fazem as coisas que têm que fazer. Então, eu queria que ficasse registrado em cartório.
E tá registrado. Se alguém quiser saber o que foi feito de 1º de janeiro de 2003 até o dia 31 de dezembro de 2010 tá no cartório registrado e tá nas universidades. Isso vai acontecer outra vez. Esse PAC, isso aqui é pra gente correr atrás. Cada ministro vai ter que correr atrás daquilo que tá escrito. Daquilo que foi falado aqui. Para que a gente possa tentar fazer as coisas acontecerem nesse país.
E vai acontecer. Vai acontecer porque, outra coisa que eu quero dizer, eu acho que os meus ministros, Dilma, vou te dizer agora. Os meus ministros atuais têm uma penca de ex-governadores, têm uma penca de ex-ministros, eles vieram muito mais afiados do que no primeiro mandato nosso. Eles estão muito preparados. Todos eles têm muita experiência. O que tem menos experiência é o Wellington [Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome], que tem 16 anos de governança do Piauí. Dezesseis anos. Então, as coisas só podem dar certo e vai dar certo.
Aos empresários, eu queria dizer uma coisa. Eu venho dizendo há muito tempo, que tem três palavras-chaves que valem pro Brasil e valem para qualquer país do mundo. Essas se chamam credibilidade, estabilidade e previsibilidade. Essas três palavras são mágica até na vida pessoal da gente. Até na comunidade que a gente mora. Você tem que ter credibilidade junto aos teus vizinhos. Você tem que ter credibilidade na rua que você mora. Você tem que ter credibilidade naquilo que você faz. Um governo que não tem credibilidade, ele fala e ninguém acredita. Então, muitas vezes um governo faz propaganda mentirosa. Se ela não for verdadeira, o povo não acredita. E a credibilidade é o que vai permitir que as políticas sejam colocadas em prática e funcionem.
A segunda é estabilidade. A estabilidade política, a estabilidade jurídica. Mas tem uma estabilidade que, sem ela, as coisas não dão certo, que é a estabilidade social. O que der certo nesse país tem que ser dividido com o conjunto da população brasileira. A gente não pode repetir o milagre brasileiro, em que a economia chegou a 14% ao ano e o povo continuava pobre e miserável.
É importante que os empresários tenham clareza, que os políticos tenham clareza, que o Governo tenha clareza. Aquilo que for resultado dos ganhos que nós fizermos acontecer nesse país, tem que ser repartido com a população brasileira para que as pessoas melhorem de vida.
E a outra coisa é previsibilidade. Nós não queremos pegar ninguém de surpresa. Não vai ter decreto feito à meia-noite. Não vai ter anúncio, como a Polícia Federal faz, só às 6 horas da manhã querendo entrar na casa da gente. A gente vai fazer as coisas à luz do dia. Conversando com todo mundo, porque a gente quer mudar o conceito de democracia nesse país e a gente quer voltar a ser um país que tem uma relação civilizada entre as pessoas.
Ninguém, em sã consciência, precisa gostar de mim. Eu e Caiado temos oposição desde 89, quando ele foi candidato a primeira vez. Aliás, desde a Constituinte de 88, quando ele representava o agronegócio, que naquele tempo não se chamava agronegócio. Tudo bem. O Caiado continua acreditando no que ele acredita, eu no que eu acredito. O que nós precisamos é nos encontrar de forma civilizada. Tudo bem, Caiado? Tudo bem, Lula? Tudo bem. Vamos tomar uma cerveja, vamos tomar uma cerveja. Mas não vou sentar com você. Isso é civilidade.
Então, eu quero agradecer aos governadores que vieram aqui. Esse PAC não é feito pro Governo Federal. As primeiras pessoas a darem pitaco sobre o PAC foram os governadores. Eu fiz questão de chamar, ainda em janeiro, numa reunião em que todos deram palpite naquilo que eles achavam que era importante para o governo deles. E isso foi levado em conta. Se não em todos, que, o Helder [Helder Barbalho, governador do Pará], o Helder pediu 50 obra. O Helder, o Helder deve tá pensando, o Helder deve estar pensando que o mandato é de 100 anos. É só quatro, cara. Não dá. Não dá pra cumprir tudo.
Então, companheiros. Olhe. Depois você dá sugestão, meu filho. Depois você dá sugestão. Agora é minha vez de falar, não me atrapalhe. Companheiros e companheiras. Companheiros e companheiras. Uma e meia. Uma e meia. Barriga tá roncando, sabe.
Toda, toda grande mudança histórica nasce dos sonhos de um povo. E os sonhos do povo brasileiro, manifestados em sua escolha nas eleições do ano passado, são os sonhos de uma vida melhor.
Sonhos de superação das desigualdades que há tantos séculos pesam sobre nossa sociedade. Sonhos de um emprego decente, de uma oportunidade de empreender.
Sonhos de legar para as novas gerações uma vida de qualidade, livre de ameaças que as mudanças climáticas e a crise ambiental estão trazendo ao nosso planeta.
Todos esses sonhos carregam uma grande energia, que precisa encontrar no poder público a plena disposição política e administrativa de renovar a economia e as oportunidades de geração de riqueza no Brasil.
É exatamente esse o papel do Novo Programa de Aceleração do Crescimento: colocar toda a capacidade do Estado a serviço dos sonhos da população brasileira. Unir os mais diferentes setores da nossa sociedade e de nossa economia para liberar o extraordinário potencial que foi por tantas vezes desprezado ao longo da nossa história.
Muito mais do que uma carteira de investimentos públicos, o Novo PAC é um compromisso coletivo, nascido de um amplo diálogo federativo, de muita conversa com governadores e prefeitos, para que os projetos escolhidos reflitam os anseios das populações de cada região do nosso país.
Sua elaboração contou também com a participação decisiva do setor privado, seja na modelagem de oportunidade de investimento, seja na proposição de novas medidas institucionais que tornam os ambientes de negócio mais estáveis e atrativos.
E se hoje podemos anunciar este Novo PAC é porque o Congresso Nacional também compreende que é necessário retomar o crescimento do país, sem descuidar das contas públicas. Compreensão já materializada durante a PEC da transição, e que também se mostra nas votações das novas regras fiscais.
Aos recursos do Orçamento Geral da União serão somados o poder de investimento de nossas estatais e o poder de financiamento dos bancos públicos. Serão alavancados também os recursos privados, por meio de eficientes mecanismos de Parcerias Público-Privadas e de concessões.
O novo PAC movimentará, entre investimentos públicos e privados. Isso foi o Rui que disse, tá aqui no meu lugar, por volta de um trilhão e setecentos bilhões. Mas o Rui disse uma coisa que é importante. Se tiver novos projetos e alguém estiver disposto a ajudar, esse um trilhão e setecentos, sabe, pode crescer para dois trilhões ou mais. Porque não vai faltar disposição de trabalho. E se o Haddad [Fernando Haddad, ministro da Fazenda], então, abrir um pouco a mão, pode até ter um pouco mais de dinheiro pra gente fazer mais coisa nesse país.
Obras, obras como rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, linhas de transmissão, fontes de geração de energia de baixo carbono e mobilidade urbana, entre outras. Obras que gerarão empregos durante sua execução. Movimentarão nossa indústria. Farão a roda da economia voltar a girar, enquanto os mais diferentes tipos de infraestrutura estiverem sendo construídos. Mas seu impacto irá muito além disso.
As rodovias, que há anos não saíam do papel, vão se concretizar em asfalto seguro por onde passarão as pessoas. Por onde correrão as cargas. E levarão consigo mais oportunidades de emprego, de negócios e de desenvolvimento para regiões inteiras, mudando para sempre cidades que antes pareciam estar isoladas do mundo.
A água chegará a quem precisa, garantindo os direitos mais básicos das pessoas – e também a possibilidade de aumentar a produção na agricultura.
A energia chegará às indústrias que dela precisarem para produzir mais e melhor – e também aos lares de quem, em pleno século 21, ainda precisa passar suas noites em meio às trevas, ou que não pode ter uma geladeira para preservar a comida ou beber um copo de água gelada.
A infraestrutura é para a economia e é para as pessoas. A infraestrutura é para a economia e é para as pessoas. Investiremos em melhoria das condições de vida nas cidades – seja prevenindo inundações, seja ampliando e modernizando as redes de transporte e de saneamento.
Não admitiremos mais – e isso é extremamente importante – ver o sonho de uma nova escola, de um novo hospital, de um novo equipamento público ou de uma nova estrada se tornar o pesadelo de uma obra inacabada, jogada às moscas.
Pode deixar... É exatamente por isso que assumimos o compromisso moral, neste Novo PAC, de retomar a construção de milhares de obras. Não deixar mais que a falta de gestão ou a austeridade fiscal quase obsessiva interrompa, pela metade, os anseios mais justos de nossa população.
Um exemplo disso é o Minha Casa, Minha Vida. Além de entregarmos dois milhões de novas unidades habitacionais, iremos retomar e concluir a construção de 180 mil moradias que haviam sido contratadas, Dilma, ainda em 2016. Moradias que representam uma dívida do Estado brasileiro com as famílias que têm direito à casa própria. Dívida que, tenho certeza, não deixaremos de saldar.
Há 16 anos e meio, há 16 anos e meio, em janeiro de 2007, eu lançava a primeira versão do Programa de Aceleração do Crescimento. E afirmava que nosso objetivo era fazer o Brasil crescer de maneira correta. E de forma ainda mais acelerada. Crescer de maneira correta significava, e ainda significa, crescer reduzindo as desigualdades. Fazer com que o aquecimento da economia resulte em ganhos reais na vida das pessoas, em mais oportunidades e mais dignidade para as famílias.
E conseguimos isso.
Em 2014, muito em decorrência das obras do PAC, o Brasil chegou aos patamares de pleno emprego e o trabalhador passou a ganhar mais. O salário-mínimo teve um crescimento real de 77% de 2003 a 2015. No final do meu segundo mandato e durante o governo da presidenta Dilma, cerca de 90% dos acordos coletivos resultavam em reajustes salariais sempre acima da inflação. E este ano já vamos ter, outra vez, mais de 85% dos acordos acima da inflação. Porque em anos anteriores era 75% abaixo da inflação.
Isso ocorreu ao mesmo tempo em que o país conseguia distribuir oportunidades de educação, de acesso aos serviços de saúde e alimentação digna.
E crescer de forma acelerada significava, e ainda significa, arrancar as travas e deixar o Brasil assumir o ritmo que sua força e sua capacidade exigem. Fazer com que o investimento público estimule o setor privado a investir ainda mais, criando um ciclo virtuoso de geração de riqueza e de empregos.
Tenho certeza de que, com o Novo PAC, o país voltará a crescer. E entrará no rumo certo para recuperar todas as conquistas que lhe foram tomadas nos últimos anos. O crescimento do Brasil voltará a ser correto e acelerado. Mas precisará ir além. Terá que ser sustentável.
O planeta não aguenta mais a pressão ambiental. Não há como pensar em qualquer forma de crescimento econômico, em qualquer forma de geração de riqueza, que não seja de forma verde e sustentável.
A nossa grande vantagem, a nossa grande vantagem nesse momento é sermos reconhecidos como um exemplo mundial em energia limpa. Enquanto a Europa, Ásia e América do Norte lutam para encontrar modos de reduzir suas emissões de carbono, temos no Brasil um enorme potencial de energia limpa e renovável.
Podemos produzir mais – seja na indústria, seja no campo – sem gerar mais carbono, sem destruir nossa mata. Temos uma das matrizes energéticas mais limpas e renováveis do mundo, e vamos investir cada vez mais em energia solar e eólica, biodiesel e biomassa. E muito em breve o Brasil vai se tornar uma potência mundial em hidrogênio verde.
Aproveitaremos esta que talvez seja a maior oportunidade histórica de nossa geração: nos tornarmos a grande potência sustentável do planeta. E o Novo PAC certamente ajudará nisso. Mais de 80% da capacidade instalada de geração de energia prevista no Programa é de energia limpa e sustentável.
Aumentaremos de forma significativa nossas já robustas linhas de transmissão do sistema elétrico, para que a energia limpa gerada no Nordeste brasileiro esteja cada vez mais presente em todo o país.
Já fomos rígidos, do ponto de vista ambiental, ao selecionar a lista de grandes obras de infraestrutura que compõem o Novo PAC. E, da mesma forma, seremos criteriosos nas análises de licenciamento ambiental.
Nos empreendimentos urbanos, vamos dar especial atenção ao manejo de resíduos sólidos e à prevenção de desastres relacionados às mudanças climáticas. Financiaremos a atua... financiaremos a atualização das frotas de transporte, incentivando o uso, por exemplo, dos ônibus elétricos, dos ônibus elétricos.
E ontem nós inauguramos ônibus a diesel ainda. Eduardo Paes [prefeito do Rio de Janeiro], por favor, trate de trocar sua linha de ônibus e colocar ônibus.
Com energia limpa, e pensando estrategicamente na sustentabilidade, daremos impulso a uma nova fase de industrialização do país, que irá reverter a crise vivida por este setor, tão negligenciado nos últimos anos.
As infraestruturas de energia e de transporte que integram a carteira do Novo PAC serão fundamentais para possibilitar o renascimento de nossa indústria. Elas vão baratear os custos de produção e de escoamento, tornando os nossos produtos mais competitivos no mercado externo. E mais baratos para o consumidor brasileiro.
Gerar empregos no Brasil é nossa obsessão. Juntamente com o Novo PAC, estamos criando também mecanismos para garantir a presença de produtos e serviços de nossas pequenas, médias e grandes empresas nas compras públicas retomadas, relacionadas ao programa.
Aí é importante lembrar para os empresários que no acordo que nós temos que fazer no Mercosul e União Europeia, um dos problemas que pegava é que a União Europeia queria que a gente fizesse concessão para as compras governamentais. E nós não vamos fazer porque a Alemanha não faz, os Estados Unidos não faz para proteger a sua pequena e média empresa.
Estamos também criando programa de qualificação profissional, para que não falte pessoas qualificando, ocupando, qualificada ocupando postos de trabalho decentes e de qualidade nesta grande empreitada que transformará o Brasil.
Minhas amigas e meus amigos,
Não canso de repetir que um país precisa ter credibilidade, estabilidade e previsibilidade. E o Novo PAC traz um pouco mais destes três ingredientes básicos ao conjunto de tudo o que temos feito desde o início do nosso governo.
O Novo PAC traz ainda mais credibilidade porque é transparente, porque tem mecanismo de gestão e acompanhamento por toda a nossa sociedade. Porque é baseado em experiência histórica que mostraram resultados concretos e transformadores.
Ele traz ainda mais estabilidade porque não foi uma ideia tirada da cartola, mas construída a muitas mãos, a partir de muito diálogo federativo e social. Porque engaja muitos atores que sabem que a longa caminhada do desenvolvimento se faz em conjunto.
E traz ainda mais previsibilidade porque coloca à luz do sol e à vista de todos o rumo que a sociedade brasileira escolheu. Mostra que transformações virão, que oportunidades de negócios surgirão. Mostra o Brasil que queremos ser, e como todos e todas poderão participar desse novo país.
A grande força do Novo PAC, contudo, reside naqueles sonhos que são sua razão de existir. Sonhos individuais, como o de uma moradia mais digna, uma cidade mais segura e agradável, um bom emprego e um futuro melhor para seus filhos. Sonhos, sonhos coletivos, como o de vencer a desigualdade e levar o Brasil a ocupar definitivamente o lugar que lhe cabe no cenário internacional. Sonhos que podem ser sonhados por todos nós, sem medo de serem grandes demais.
Pois sabemos que com a força do investimento, com a capacidade de planejamento de longo prazo e com a disposição política não apenas do governo federal, mas de toda a nossa sociedade, esses sonhos podem sim se tornar realidade.
Deixa eu dizer uma coisa pra vocês. Esse PAC, esse PAC será lançado em cada estado. Agora, o companheiro Rui Costa e a turma dele terão que viajar os 27 estados e fazer lançamento com os governadores e com prefeitos para que todo mundo saiba o que vai acontecer.
A segunda coisa, companheiros, é que da mesma forma nós vamos colocar ministros. Ô Alckmin [vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços], se prepare pra deixar a dona Lu sozinha ou leva ela junto, porque nós vamos ter que viajar o mundo agora com todos esses projetos embaixo do braço, tentando vender esses projetos.
Ora, tem muita gente, tem muita gente que quer investir no Brasil. Eu acabei de participar de uma reunião da CELAC com a União Europeia, tinha 60 países. E eu sinto na Europa um desejo de se voltar pra América Latina. Porque a Europa tá perdendo pra Índia, os estad... pra China; os Estados Unidos estão preocupados com a China. E a Europa tá meia-sola.
Então, ela precisa da América Latina e, por isso, meu caro, nós vamos ter que chegar lá com esses projetos embaixo do braço, vendendo nosso projeto.
Nós vamos ter que conversar com o Xi Jinping [presidente da República Popular da China] e falar “nós queremos mais investimento no Brasil”. Nós vamos dizer pro Biden [Joe Biden, presidente dos Estados Unidos]. O Biden me convidou pra gente fazer um debate sobre a questão do mundo do trabalho. E eu vou lá pra dizer pro Biden: “ô Biden, faz muitos anos que os Estados Unidos só pensa em guerra e não pensa em investimento no Brasil, gasta um pouco de dinheiro investindo no nosso país, porque é isso que vai trazer paz no nosso país”.
Então, meu caro Eduardo Paes, os Emirados Árabes, tem gente do mundo árabe aqui. Eu acho que tem uma representante aqui dos Emirados Árabes. Porque eu pedi pra vir aqui, porque eles têm muito dinheiro nos Estados Unidos, sabe. Eles chegam a falar em um trilhão e trezentos bilhões, em trilhão e quatrocentos, em trilhão, não sei. É tanto trilhão, tanto trilhão, que eu falei: “puxa vida! Essa gente poderia colocar não um trilhão, mas dá apenas um pouco de bilhão no Brasil.”
Porque nós precisamos convocar pra ser parceira nossa nesses, nesses investimentos que nós temos. O Estado não vai voltar a ser um Estado empresarial. Os empresários não tenham medo disso. A gente não quer um Estado empresário. A gente quer um Estado indutor. A gente quer um Estado capaz de promover o debate e de dizer aonde é que as coisas devem ser feitas. Acabou aquela mania, que vem dos anos 80, do Consenso de Washington, de que o Estado não vale nada, de que a iniciativa, iniciativa privada vale tudo.
Isso acabou. Nem o Estado não vale nada, nem a iniciativa privada sabe tudo. Quando aconteceu a crise do Lehman Brothers, quem salvou foi o Estado. Quando aconteceu a pandemia, quem salvou foi o Estado. Então, é importante que a gente aprenda a respeitar o papel de indução que o Estado tem. E nós vamos exercê-lo.
Nós vamos exercê-lo com muita competência, porque o Estado existe exatamente pra isso. Pra dizer como é que as coisas devem ser feitas, pra tentar atrair investimento e construir junto.
Nós não aceitaremos a ideia de negar o Estado. Porque quando a gente nega o Estado, quem se prejudica é a sociedade, é o povo pobre, que mais necessita da intervenção do Estado.
Por isso, meus companheiros e companheiras, muito obrigado por vocês virem.
Pode entrar agora já na nossa rede, procurar os projetos que interessa a vocês. Pode procurar os ministros pra poder começar.
Porque agora é o seguinte. Agora, Helder, não tem mais discurso. Agora não tem mais promessa. Agora a coisa tá no papel. Agora é trabalhar, trabalhar e trabalhar. Porque, se tudo der certo, a gente vai gerar, no mínimo, quatro milhões de empregos com essas obras que nós estamos colocando aqui.
Muito obrigado a todos vocês. Parabéns, companheiro Rui Costa. Parabéns, companheiros da Casa Civil pela elaboração do projeto.
Parabéns, Aloizio Mercadante [presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]. Mais dinheiro do BNDES, Aloizio Mercadante, pra gente poder crescer.
Um beijo gente, e um abraço.