Pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ato de início das obras do Anel Viário de Campo Grande (RJ)
Companheiros e companheiras em Campo Grande; companheiros e companheiras da Zona Oeste; trabalhadores, empresários, vereadores e vereadoras, deputados e deputadas. Deputados federais e deputada federal, querido prefeito Eduardo Paes [prefeito do Rio de Janeiro].
A primeira coisa que eu fiz quando tomei posse foi tentar fazer o mapeamento real de como é que a gente tinha encontrado o país. E nós encontramos um país com 40, com 14 mil obras paralisadas. Das 14 mil obras paralisadas, quatro mil era na área da educação. E na área da educação, 1.700 obras eram creches.
Eu, pra começar a governar, chamei os 27 governadores de estado a Brasília. E quero lhe agradecer, governador, por ter comparecido à Brasília no chamamento do presidente da República para conversar sobre os interesses do Rio de Janeiro.
É importante que vocês saibam que, quando a gente ganha as eleições para presidente da República, a gente não consegue governar se a gente não conversar com governadores e não conversar com prefeitos. É importante ter isso na cabeça. O governador do Rio foi meu adversário nas eleições, mas as eleições acabaram. Ele agora é governador e é com ele que nós vamos ter que fazer acordo. É importante ter claro isso.
Eu não vou numa cidade porque o prefeito é do meu partido, é de um partido simpático. Não. Eu vou na cidade porque o povo da cidade está precisando que o presidente da República esteja lá. Eu vou estabelecer essa regra porque em 2006, quando eu estava no palanque fazendo o discurso para reeleição, eu disse textualmente: "ninguém, nenhum presidente da República colocou ou vai colocar mais recurso no Rio de Janeiro do que eu vou colocar de 2007 a 2010". E vocês sabem o que aconteceu no Rio de Janeiro. Vocês sabem o significado do PAC na periferia do Rio de Janeiro. Vocês sabem o que foi a indústria de óleo e gás recuperada. Vocês sabem o que foi a construção de grandes navios para transportar petróleo e transportar outras cargas. Tudo isso acabou em seis anos. Tudo isso.
Eu poderia dizer para vocês que quando o Aloizio Mercadante chegou no BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], o BNDES tinha deixado de ser um banco de investimento, porque todos os recursos do BNDES era devolvido para o governo central, para o Guedes [Paulo Guedes, ex-ministro da Economia] fazer num sei o que com o dinheiro.
A Caixa Econômica, que era um banco altamente importante para o investimento e financiamento, a Caixa Econômica ficou esvaziada porque teve um presidente que ao invés de trabalhar ficava fazendo assédio dentro da Caixa Econômica com as funcionárias da Caixa Econômica.
Portanto, a primeira coisa que nós fizemos foi tentar arrumar a casa. Já recuperamos mais de 42 políticas sociais, políticas de inclusão que nós tínhamos feito quando eu fui presidente. Porque eu disse pra vocês que a arte de governar é cuidar do povo, porque se a gente não cuida do povo, a gente não governa corretamente. E eu quero que todo mundo saiba. Eu fui eleito presidente para governar para todos, até para os meus adversários, mas todo mundo tem que saber que a minha prioridade é melhorar a vida do povo trabalhador deste país e das pessoas mais necessitadas.
Por isso, nós estamos voltando ao Rio de Janeiro. Não pra participar do Carnaval do Rio de Janeiro, não pra participar de uma festa qualquer, eu tô vindo ao Rio de Janeiro pra dizer ao companheiro prefeito Eduardo Paes, ao nosso governador Cláudio, pra dizer o seguinte: eu estou de volta pra ajudar o estado do Rio de Janeiro e a cidade do Rio de Janeiro. E é isso que a gente vai fazer. E isso a gente vai fazer na educação, a gente vai fazer na saúde, a gente vai fazer na habitação, porque o Minha Minha Casa, Minha Vida voltou e voltou pra fabricar mais dois milhões de casas nestes três anos. Se tiver mais dinheiros, vamos fabricar mais casas, porque a tal da Casa Verde e Amarelo que anunciaram não saiu até agora. E não vai sair porque o povo não quer casa verde e amarela, o povo quer casa pintada da cor que ele quiser, do jeito que ele quiser.
Eu posso dizer pra vocês que a fase da mentira acabou. A fase, a fase, o momento de um presidente que não gostava de governador, que não gostava de prefeito, que não gostava do povo, que não gostava de sindicalista, que não gostava de preto, não gostava de quilombola, não gostava de índio, acabou.
E eu vou voltar muitas vezes ao Rio de Janeiro. Muitas vezes pra anunciar novas obras. Hoje mesmo, no PAC, o governador vai estar presente, amanhã, nós vamos anunciar mais obras aqui no estado do Rio de Janeiro.
Nós vamos anunciar em todos os estados da Federação. Porque essas obras, elas trazem melhorias de vida para o povo, mas ela traz emprego, que é necessário porque o emprego dignifica o ser humano, porque ele tem orgulho de levar para casa o sustento das suas famílias, às custas do seu suor, às custas do seu trabalho. Ninguém tem preferência para viver de benefícios do governo, na verdade, todo mundo sabe, não tem nada que dá mais orgulho a uma cidadã e a um cidadão do que ter um emprego. Trabalhar e no final do mês receber um salário justo pelo seu trabalho e poder no final de semana levar a família para comer no restaurante, poder levar os filhos para comprar um presente. E eu digo todo dia: esse povo vai voltar a fazer um churrasquinho, a comer uma picanha e a tomar cerveja.
Eu lamento profundamente que esse país tenha passado por uma tempestade. Lamento profundamente que um negacionista que vai carregar nas costas pro resto da vida a responsabilidade de metade das pessoas que morreram de Covid porque ele não respeitou a ciência, não respeitou a medicina, não respeitou a OMS. Ele vai carregar pro resto da vida a responsabilidade de pelo menos metade das pessoas que morreram de Covid.
Eu nunca imaginei na vida que esse país pudesse ter um presidente que contasse 11 mentiras por dia. Eu nunca imaginei na vida que esse país pudesse ter um cidadão que fala em Deus com a maior cara de pau do mundo, porque ele não acredita no que ele fala. Um homem que in, insuflou a sociedade a não tomar vacina.
E aí, meus caros, vocês sabem, está voltando doenças, que a gente pensava que já tinha acabado, porque a vacina, na verdade, é pra salvar criança, é para salvar adulto. E eu quero dizer pra vocês que toda vez que tiver uma vacina pode me chamar, ministra da Saúde [Nísia Trindade, ministra da Saúde], que esse braço aqui vai aguentar muitas vacinas porque eu quero me proteger e quero proteger o povo brasileiro.
Por isso, eu estou aqui feliz. O BNDES voltou a ser um banco de investimentos. A Caixa Econômica voltou a ser um banco de investimento. O Banco do Brasil voltou a ser o banco de investimento. O BNDES, o BNB, no Nordeste, voltou a ser um banco de investimento. E o Governo Federal voltou a agir de forma civilizada, mantendo relações com o Congresso Nacional, mantendo relações com governadores, mantendo relações com prefeitos porque esse é o papel de um presidente da República que tem coragem de falar olhando nos olhos das pessoas e dizer pra vocês outra vez: eu não sou governante, eu sou um cuidador desse povo que precisa que o Estado olhe por ele.
Aqui no Rio vai voltar a ter casa. Aqui no Rio vai melhorar o transporte. O Rio vai voltar a fazer navios, porque a Petrobras vai anunciar um plano de investimentos. E o que eu quero é que vocês vivam a vida plena que Deus nos deu neste estado maravilhoso, que não é só Copacabana, não é só Ipanema, é o povo pobre, negro, o povo da periferia, que precisa ser tratado com respeito para que nunca aconteça o que aconteceu com o menino de 16 anos, que foi assassinado por um policial despreparado ou irresponsável.
E a gente não pode culpar a polícia, mas a gente tem que dizer que um cidadão que atira num menino que já tava caído é irresponsável e não estava preparado do ponto de vista psicológico pra ser policial.
Nós, nós precisamos criar condições, governador, e o presidente da República quer ter responsabilidade junto com você. Nós precisamos criar as condições da polícia ser eficaz, da polícia ser pronta para combater o crime, mas ao mesmo tempo essa polícia tem que saber diferenciar o que é um bandido e o que é um pobre que anda na rua. E pra isso ela tem que estar bem formada.
E eu não tô jogando a culpa em nenhum governador. O Governo federal tem que assumir responsabilidade de ajudar os governadores no combate à violência, porque o crime organizado está tomando conta do país. Nós, inclusive, estamos fazendo uma operação, vamos ter 50 bases da Polícia Federal, vamos fazer convênio com os países que têm fronteira com o Brasil. São 16,8 mil quilômetros de fronteira. Nós vamos ter que utilizar o Exército, vamos ter que utilizar as Forças Armadas, a Polícia Federal nossa e a Polícia Federal de outro países pra gente combater o crime organizado, porque o que nós queremos é que vocês, homens e mulheres, possam criar o filho de vocês na maior decência, ter sua casinha, morar, poder uma vez por mês ir no restaurante comer o que quiser, passear sem medo de bala perdida, com transporte de qualidade; que eu entrei nos ônibus, são realmente de qualidade.
Então, companheiros e companheiras, eu voltei com a alma limpa. Eu vou contar uma pequena história pra vocês. Teve um tempo, teve um tempo. Eu ainda era adolescente e eu ficava imaginando que quando eu morresse, eu queria, à meia-noite, ressuscitar. Só para ver quem tava do meu lado, só para ver quem gostava de mim, só para ver quem tava chorando ou quem tava rindo.
Deus, Deus é tão onipotente que ele não permitiu que eu morresse, mas ele me fez morrer quando me colocaram 580 dias na Polícia Federal com as maiores mentiras que já foram contadas contra um presidente. Pois bem, eu ali aprendi quem é que gostava e quem não gostava; quem tinha coragem, quem não tinha coragem. E Deus é tão grande que hoje eu estou aqui. E aonde estão os que me acusaram?
E eu estou aqui, estou aqui por causa de vocês, estou aqui porque o povo brasileiro resolveu dizer não aos quase R$ 300 bilhões que foram utilizados no ano da campanha. Eu vou repetir: quase R$ 300 bilhões. Foi jogado dinheiro no ralo pra ver se comprava voto. Foi utilizado e tentaram corromper a Polícia Rodoviária Federal pra não deixar pobre votar.
Pois bem, eles não constavam que Deus é maior do que tudo isso. Ele não contava que a gente ia ganhar as eleições. E nós estamos aqui, estamos aqui não para ficar transmitindo ódio, não pra ficar ofendendo alguém. Nós estamos aqui pra recuperar esse país, pra recuperar o Brasil diante do mundo, para recuperar o Brasil diante da União Europeia, diante dos Estado Unidos.
Nós estamos aqui pra dizer: eu sou brasileiro e não desisto nunca, porque esse país é feito por homens e mulheres, na sua maioria, de muita dignidade. Por isso, companheiro Eduardo, por isso companheiro Paes, Eduardo Paes, por isso companheiro Jader, a Caixa Econômica e o Aloizio Mercadante, obrigado por me permitir vir ao Rio de Janeiro e dizer pra vocês: não tem ninguém no Brasil que respeite mais o Rio de Janeiro do que eu respeito. Apesar do meu Vasco não tá bem.
Vocês sabem que lá em casa a Janja é flamenguista e eu sou vascaíno. Eu sou obrigado a ver o jogo do Flamengo com ela e ela é obrigada a ver o jogo do Vasco comigo. Esses dias, o Corinthians jogou com o Vasco e ganhou de 3 a 1. E eu falei pro presidente do Corinthians: nós não precisamos ganhar do Vasco, vamos empatar zero a zero, porque o nosso coitado do Vasco tá perdendo muito, gente. A gente não sabe nem mais o caminho de casa. Sabe, então é preciso, é preciso, é preciso, companheiros, que a gente cuide disso.
Mas eu vou terminar dizendo o seguinte: Olha, eu, eu vou voltar muitas vezes aqui porque a arte de governar é fazer o óbvio. A arte de governar é fazer aquilo que a gente sabe que todo mundo quer que seja feito. Se a gente começar a inventar, a gente não faz nada. E eu queria que, da próxima vez que eu viesse aqui, o povo do Rio de Janeiro me trouxesse por escrito qual foi a obra que o governo passado fez no Rio de Janeiro. Qual foi a obra? Qual foi o investimento feito aqui na educação, na saúde, qual foi? Não fez aqui e não fez em nenhum estado, porque ele não nasceu para governar, ele nasceu para mentir, para pregar o ódio, para pregar a desavença. E nós voltamos para pregar o amor, a concórdia, a pacificação desse país.
Um beijo no coração, Campo Grande, e eu voltarei aqui pra inauguração das obras que tamos iniciando. Um abraço.