Pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na entrega de unidades habitacionais do MCMV em Abaetetuba (PA)
TRANSMISSÃO | Entrega de unidades habitacionais em Abaetetuba (PA)
Queridos companheiros; queridos companheiros e companheiras de Abaetetuba; querido governador Helder Barbalho e sua digníssima esposa Daniela Barbalho; querido companheiro Jader Filho, ministro das Cidades, e sua senhora Laice Barbalho; querido companheiro Randolfe [Rodrigues], líder do Governo no Congresso Nacional; e Beto, companheiro Faro, nosso senador pelo Estado do Pará.
Eu quero começar agradecendo a ele, porque o Senado acaba de aprovar a lei para que a gente possa construir mais dois milhões do Minha Casa, Minha Vida; que já foi inclusive publicada a portaria. As novas casas, elas vão ter coisas adicionadas: os apartamentos vão ter uma sacada; o conjunto habitacional vai ter uma biblioteca, para que as pessoas aprendam a ler; e a metragem será um pouco maior do que os 33 metros que eram no primeiro projeto. Agora, as casas vão ter 41 metros, no mínimo. E vamos fazer casa também, para as pessoas que ganham um salário, de classe média, porque as pessoas que ganham mais também têm o direito de ter uma casa para morar.
É importante cumprimentar os deputados federais Airton Faleiro, Antônio Doido — eu, quando eu vi o nome, eu não sabia se era para falar Antônio Doido, mas ele disse que é mesmo. A Dilvanda Faro, Elcione Barbalho e Cleriston Braga. O deputado estadual Chicão, presidente da Assembleia Legislativa do Pará. Obrigado, Francinete, por ter me apoiado na eleição. Muito obrigado, querida. Quero cumprimentar a companheira Inês Magalhães, vice-presidente da Habitação da Caixa, a Joelma Pantoja dos Santos Viana, por meio de quem eu cumprimento todas as companheiras. E eu deixei por último, para falar e cumprimentar, a minha companheira Janja.
Companheiros e companheiras, tem coisa que não tem muita explicação, e que acontece na vida da gente. É por isso que eu sou um homem que acredita muito em Deus. Eu, a vida inteira, acreditei que existe um ser superior que traçou o nosso destino e que nós vamos tratar de cumpri-lo corretamente. Se dependesse da elite brasileira, eu não estaria aqui. Eu estou aqui exatamente por conta do povo pobre trabalhador deste país. E eu tenho consciência disso.
É por isso que eu digo sempre: eu governo para 215 milhões de brasileiros e brasileiras, mas serão as pessoas mais humildes; as pessoas mais vulneráveis; as pessoas que menos ganham nesse país, que merecem a atenção do Estado brasileiro, a atenção das prefeituras e a atenção dos governadores.
Eu estava, Helder, tentando mostrar esses dias, na reunião dos meus ministros, que essas coisas a gente não aprende na universidade. E eu sempre digo o seguinte: uma cidade, um estado ou um país em que apenas uma minoria da sociedade tem muito dinheiro (e o resto não tem nada), é um estado que tem miséria, que tem fome, que tem desemprego, que tem violência, que tem prostituição e que, muitas vezes, é dominado por coisas que a gente não gostaria.
Mas no país em que, ao invés de pouco ter muito dinheiro, se todos tiverem pouco dinheiro, significa progresso, significa desenvolvimento, significa consumo, significa emprego, significa salário, significa educação. Porque o dinheiro do país precisa circular para que todos possam ter aquilo que eles produzem, ter aquilo que a gente deseja. O que que nós desejamos? Vocês, mulheres e homens que estão aqui na minha frente, o quê que a gente deseja?
A gente deseja primeiro ter uma escola de qualidade para que as nossas crianças possam estudar. Segundo, a gente deseja, sabe, ou a mulher arrumar um bom parceiro ou o marido arrumar uma boa parceira para constituir a sua família e viver dignamente. Terceiro, a gente quer ter uma casinha. A gente quer... a gente não quer uma mansão, a gente quer uma casa que está na Constituição, que nós temos direito. Quarto, nós queremos um emprego. Nós queremos ter direito, nós queremos ter direito às coisas que todo mundo tem.
Por que que o pobre, por que que o pobre não pode ter um telefone celular? Por que que não pode ter um computador? E, o mais importante, nós precisamos formar profissionalmente a sociedade brasileira. Eu sei a diferença de um trabalhador com profissão e um trabalhador sem profissão. Eu sei, porque, quando alguém que não tem profissão vai procurar um emprego, [trecho cortado na transmissão ao vivo] quando perguntam: o que você sabe fazer? “nada”; essa pessoa está prejudicada para o resto da vida. Mas, se essa pessoa tem uma profissão, ele vai arrumar emprego em muito lugar deste país. E isso aconteceu comigo.
E eu quero falar sobretudo para a juventude, meninos e meninas que estão aqui, foi graças a um curso técnico, foi graças a um curso técnico que eu fui o primeiro filho de uma mãe que tinha oito filhos, que nasceu analfabeta e morreu analfabeta, foi por causa de uma profissão que eu fui o primeiro filho a ganhar mais que um salário mínimo. Eu fui o primeiro a ter uma casa, eu fui o primeiro a ter uma geladeira, eu fui o primeiro a ter uma televisão, eu fui o primeiro a ter um carro e fui o primeiro a chegar a presidente da República. Isso por conta de um curso.
E eu queria que vocês, aqui em Abaetetuba, pensassem nisso, sobretudo a juventude: não pare de estudar! Aqui tem Instituto Federal? Quantas pessoas tem no Instituto? Tem quantos alunos? Aqui também (tem) universidade. Na Universidade Federal? Então, deixa eu falar uma coisa para vocês, presta atenção. Presta atenção numa coisa: quando a gente tem 18 anos, 19 anos, 20 anos, a gente, muitas vezes, não tem preocupação com nada, porque a gente pensa que a nossa vida é eterna. E, muitas vezes, a gente não vai estudar, porque tem uma balada na quinta-feira, porque tem uma balada na sexta, porque tem uma festa no domingo. A gente não vai estudar.
A gente só vai se arrepender disso quando a gente casar, que a gente tiver filhos e que a gente não ganhar o suficiente para sustentar a nossa família. Então, eu queria nessa primeira fase do meu discurso dizer para a juventude que, pelo amor de Deus, não pare de estudar. Estudem o quanto for necessário!
A segunda coisa, a segunda coisa que eu queria dizer para vocês, é que quando eu deixei a Presidência da República, em 2010, este país era a sexta economia do mundo. Só tinha, na nossa frente, Estados Unidos, China, Alemanha, Japão, França e Inglaterra. O Brasil era a sexta economia do mundo, o PIB estava crescendo a 7,5%, o varejo estava crescendo, as pessoas tinham acesso à televisão, à geladeira, a carro, à viagem. Nós tínhamos, Helder, 42 milhões de passageiros que viajam de avião. Em 2010, a gente tinha 116 milhões de passageiros viajando de avião. Mais de 50 milhões de pessoas começaram a viajar de avião, porque ganhavam um pouquinho mais.
Hoje, acabou. Hoje acabou. Hoje, eu disse para vocês, vou voltar à Presidência para consertar este país outra vez. Eu disse para vocês que o preço da gasolina ia baixar, que o preço do diesel ia baixar, que o preço da carne ia baixar e que o preço de quase todos os alimentos iriam baixar e vão baixar mais ainda e a gente vai diminuir mais a inflação. E a gente vai gerar mais emprego, mais emprego gera mais salário, mais salário gera mais consumo, mais consumo gera mais emprego e, aí, a roda gigante da sociedade vai funcionar e todo mundo vai ter oportunidade nesse país.
Eu encontrei, Helder, 14 mil obras paralisadas — inacabadas. Catorze mil obras, muitas obras começadas por mim e começadas pela Dilma, totalmente paralisadas. Só obras de escola eram 4.000 (quatro mil) e só creche, eram quase 3.000 (três mil) creches paralisadas, que não foram construídas. Então, nós voltamos agora a retomar todas as obras, inclusive com Minha Casa, Minha Vida. Nós vamos acabar com todas as casas já previstas e vamos fazer mais dois milhões de casas novas nesse país.
Eu, eu tenho um desejo que aconteça com vocês o que aconteceu comigo. Eu tenho um desejo que as mães que estão aqui possam ter auxílio, tendo uma boa educação, uma boa escola de qualidade; que as crianças possam comer três vezes ao dia, que possam tomar café todo santo dia e que as pessoas possam trabalhar; que o pescador, quando não tiver pescado, vai receber o salário defeso, o que é um compromisso nosso. Vocês perceberam que nós melhoramos o Bolsa Família? Agora, além de R$ 600, é R$ 150 para quem tem criança até seis anos de idade e, para quem tem acima disso, é R$ 50 até os 17 anos. Então, estejam certos de que esse país, esse país vai melhorar. Nós vamos fazer, nós vamos fazer mais universidades, nós vamos fazer mais escolas técnicas, nós vamos fazer mais institutos federais e nós vamos fazer com que a indústria possa acontecer.
O Helder... o Helder vai receber em 2025 o maior evento de clima que existe no mundo. Eu não sei se aqui no Pará a gente vai ter 50 mil pessoas de fora, 60 mil ou 70 mil. Eu não sei quantos chefes de estados do mundo estarão aqui, mas, quando eu fui aos Emirados Ar…, ao Egito, participar do evento, que nós colocamos a questão do Pará, o que encantou o povo era que, pela primeira vez, vai ter uma discussão sobre o clima, chamada COP, pela primeira vez, num estado amazônico.
E aí nós vamos ter que trabalhar muito. O Helder sabe, os prefeitos sabem, nós vamos ter que trabalhar muito. O que eu posso dizer para vocês é que o Governo Federal estará 100% junto ao governador do Pará para que a gente possa fazer com que essa COP seja a melhor COP já realizada e que venha gente pra cá da Alemanha, da Holanda, da Suécia, da Finlândia, dos Estados Unidos, do Japão, da China, da, sabe, de todo lugar do mundo! Venha, porque nós vamos mostrar para eles que nós somos um povo que sabe tratar as pessoas com respeito e com destreza.
Nós vamos mostrar para eles que o Pará é a terra do carimbó e eles vão ter que aprender a dançar carimbó. Eles vão ter que aprender a comer açaí, vão ter que comer buriti. Hein? Brinquedo? É brinquedo de buriti? É isso. Não, e vocês, pescadores, podem se preparar, porque vocês vão ter que pescar muito para dar comida para essa gente. Podem se preparar, porque nós vamos fazer o maior evento que já aconteceu no Estado do Pará.
Bem, eu, segunda-feira agora, eu vou para Roma e vou encontrar o Papa Francisco. Eu, na verdade, eu quero convidá-lo, Helder, para ele vir ao Brasil, outra vez. Eu quero convidar para ele voltar ao Brasil. Mas, mais do que eu queria, é convidá-lo para vir na festa do Círio, aqui. Seria extraordinário que ele pudesse participar, aqui no Estado do Pará, do Círio de Nazaré. Mas, se ele não vier… não, eu vou convidar, eu vou pessoalmente. Já tenho audiência. Terça-feira, 2h30 da tarde, já estarei com o Papa; e vou convidá-lo; e vou pedir bênção para todo povo do Pará e de Abaetetuba.
Se prepare, porque as coisas vão acontecer nesse país. Eu quero apenas pedir para vocês a confiança. A confiança de que nós vamos reconstruir esse país e governar esse país. As coisas não acontecem com a pressa que a gente quer. É como a gente plantar um pé de jabuticaba: a gente não colhe no dia seguinte; é preciso colocar água; é preciso ter sol; é preciso água, até que sai uma florzinha, depois da florzinha, vira um fruto e a gente colhe e come. Governar é assim.
Eu tenho três anos e meio para consertar esse país e fazer o povo brasileiro voltar a sorrir outra vez. Fazer o povo brasileiro conquistar aquilo que está na nossa Constituição. Por isso, meus companheiros e minhas companheiras, eu queria pedir um favor para vocês antes de me despedir: eu queria descer aqui para cumprimentar essas pessoas que estão aqui, em cadeira de rodas e que não tem mobilidade. Agora, se houver uma muvuca aí e vocês empurrarem muito esse alambrado, a gente pode ter um desastre, que não é conveniente aqui.
Então, eu vou descer, vou abraçar as pessoas, porque nós temos um compromisso que ia começar ao meio-dia no Porto, em Belém (PA), e já tem muita gente aguardando a gente. Eu queria, do fundo do coração, agradecer a todo o povo de Abaetetuba pelo carinho e pelos votos que deram a mim e ao Helder.
E vou descer, deixa as pessoas aí, e vou descer para cumprimentar as pessoas aí e, depois, eu vou embarcar, gente.
Que Deus abençoe cada homem, cada mulher e cada criança de Abaetetuba.
E aqui está um Lulinha… [mostrando um brinquedo recebido] isso aqui, é um brinquedo de miriti!