Pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia de anúncio da COP 30 em Belém (PA)
TRANSMISSÃO | Cerimônia de anúncio da realização da COP 30 em Belém (PA)
Eu precisava da nominata, para poder anunciar as pessoas que estão aqui; mas eu queria apenas pedir desculpa porque, falando o nome do governador, eu estarei falando o nome de todos que já foram falados aqui, porque vocês já foram eleitos nas eleições, não precisa eu citar o nome de vocês outra vez. E nós vamos ganhar tempo... sabe por que, Janja? Porque eu tô com uma fome desgramada!
Eu queria pedir desculpa pra vocês, porque vocês foram convidados para um ato às 11 horas da manhã. Eu imaginava que a gente fosse estar aqui meio dia. Mas, como todos os eventos que a gente faz, vai atrasando meia hora, uma hora, quarenta minutos; ou seja, nós chegamos atrasados. Quando terminar esse ato, vocês vão voltar para casa, hoje é dia de (quem bebe) toma uma "cerpinha", quem quer comer uma feijoada, tomar uma caipirosca, e eu tenho que ir embora para São Paulo, porque na segunda-feira eu vou fazer uma viagem longa.
Mas, Helder, eu queria que esse ato aqui fosse transformado num ato, eu diria, quase que de desculpa pelo que aconteceu na Copa do Mundo, em 2014. Na Copa do Mundo de 2014 o Governo Federal não participou da quantidade de estádios e o Governo Federal — e nem o ministro dos Esportes — participou da escolha dos estádios. Eu confesso a vocês que, por entender um pouco de futebol, eu acho que o estado do Pará é que deveria ter sido escolhido para ser sede da Copa do Mundo, e não o estado do Amazonas. Não que o Amazonas não mereça! É que no Amazonas tem menos tradição de futebol do que tem o estado do Pará. Afinal de contas, aqui tem o Remo e o Paysandu — e o Remo conseguiu ganhar do Corinthians de 2 x 0 aqui, e nós ganhamos nos pênaltis lá em São Paulo.
Mas, é porque é importante o significado da COP. Eu só queria que vocês tivessem em conta que não existe nada, no Brasil, mais mais falado no mundo do que a Amazônia, nada! Qualquer jovem, qualquer pessoa idosa, qualquer governador, qualquer ministro, de qualquer país do mundo, fala da Amazônia. E é muito interessante que eu tenho chamado a atenção deles, Helder, é muito importante a gente cuidar do ecossistema; é muito importante a gente cuidar da biodiversidade; é muito importante a gente cuidar da nossa floresta; mas, é muito importante a gente cuidar do nosso povo que vive na Amazônia!
É importante saber que, por aqui, moram 28 milhões de seres humanos que precisam trabalhar; que precisam comer; que precisam ganhar salário; que precisam viver dignamente, eles e seus filhos. E é por isso que a gente tem que preservar a Amazônia. Porque, possivelmente, a gente tenha que educar a sociedade brasileira que uma árvore que tem 300 anos de vida, aqui na Amazônia, aqui no estado do Pará, não pode um madeireiro qualquer de São Paulo, do Rio, vir aqui contratar uma motosserra e cortar aquela árvore. Aquela árvore não é dele, não é minha, não é de cada um, aquela árvore é uma árvore que pertence à humanidade — e, portanto, se ele quiser cortar, ele que plante no quintal dele e corte aquela árvore. Mas permita que sobreviva a floresta tal como ela está. E é por isso que é importante o que vai acontecer aqui, que nós estamos chamando de COP.
Aqui, durante vários dias (ou vários meses) vai ter a maior atenção do mundo para o que vai acontecer aqui. Aqui, vão vir muitos jovens do mundo inteiro — e do Brasil inteiro. Aqui, vão vir muitos empresários do Sul e do mundo inteiro. Aqui, vão vir muitos governantes; aqui vão vir presidentes; aqui vão vir xeques; aqui vão vir reis; vai vir muita gente que está preocupada com o que pode acontecer no planeta. E foi por isso que, quando eu tive que escolher para onde a gente ia trazer a COP, eu pensei: já que "ferraram" o Pará na Copa do Mundo, agora nós vamos dar de presente para o Pará a realização deste evento, para que a gente possa ser perdoado pelo povo do Pará.
A segunda coisa que eu queria dizer para vocês, companheiros, é que o Governo Federal... o Governo Federal não vai medir esforços, para que a gente ajude tanto a Prefeitura de Belém quanto o Governo do Estado, para que a coisa possa acontecer. Aqui vai ter que ter muita coisa nova, aqui vai ter que ter o sistema de transporte elétrico, porque não pode ter transporte poluente. Aqui nós vamos ter que melhorar muito a qualidade do saneamento básico dessa cidade. Aqui nós vamos ter que cuidar de alguns igarapés que estão aqui (coisa feia). E aqui, a gente vai ter que continuar cuidando do povo. E aí, eu vou mudar de assunto.
Primeiro, a nossa volta para o o governo. Eu quando resolvi me candidatar a presidente da República, outra vez, eu sabia o que eu ia enfrentar. Olha Helder, eu não sei se você tem dimensão que, entre desoneração, entre isenção e entre distribuição de dinheiro, foram gastos nesse país R$ 300 bilhões — eu vou repetir: R$ 300 bilhões — para que o gangster estivesse lá e continuasse a governar esse país. Eles jamais imaginavam que poderiam entregar de volta o governo para democracia. Nós ganhamos e esta vitória nossa eu não devo a ninguém, a não ser ao povo do estado do Pará, e do Nordeste brasileiro, que teve a coragem de votar e eu voltei.
Eu voltei para fazer as coisas acontecerem para o povo que mais necessita neste país. É importante que as pessoas percebam: eu respeito todo mundo, eu vou governar para todo mundo, mas eu quero que as pessoas saibam que eu vou dar uma atenção especial para o povo mais pobre; para o povo trabalhador; para o povo mais desassistido desse país. Porque todo mundo tem o direito de tomar café, almoçar e jantar, todo dia. Todo mundo tem direito a ter uma criança na escola, a criança podendo ter uma escola de qualidade. Todo mundo tem que ter direito ao emprego e por esse emprego ganhar um salário justo. Todo mundo tem que ter uma casinha para morar, para se esconder da chuva e do sol. E todo mundo tem o direito de ter acesso a uma universidade ou a um curso profissional.
Então, eu voltei e encontrei um país com 14 mil obras paralisadas. Eu vou repetir: nós encontramos o Brasil com 14 mil obras paralisadas — das quais quatro mil... eram quatro mil obras das escolas brasileiras, que estavam paralisadas por um governo irresponsável, que ficou quatro anos mentido neste país, pregando o ódio nesse país e vendendo patrimônio público para grandes grupos econômicos. Voltei para que a gente possa recuperar o país. Vocês estão lembrados que eu dizia: eu vou "abrasileirar" o preço da gasolina. A gasolina já baixou e pode baixar mais. O óleo diesel já baixou e pode baixar mais. O óleo de soja já baixou e pode baixar mais. A carne já baixou e pode baixar mais. O frango já baixou e pode baixar mais.
Porque é importante é que a gente saiba que a inflação é a desgraça do povo pobre! Mas ela também "enrica" o povo mais rico. E eu quero outra vez mostrar para a elite brasileira, que as pessoas que acham que estudaram muito, que governaram esse país (e afundaram esse país), eu vou provar outra vez: um torneiro mecânico vai recuperar este país para o povo brasileiro. E vou recuperar da forma mais "simplista" possível, da forma mais simples, que a gente não aprende na universidade, não tem como aprender na universidade.
O dinheiro tem que circular na mão de muita gente e não na mão de pouca gente. Quando o dinheiro circula na mão de pouca gente, significa miséria, significa pobreza, significa fome, significa empobrecimento do país. Mas, quando o dinheiro começa a circular no bolso do povo, ele vai comprar comida; ele vai comprar uma roupinha; ele vai comprar um sapato; vai comprar um chinelo; vai comprar um caderno; vai comprar uma televisão; vai comprar geladeira; até comprar um carrinho ele vai poder comprar outra vez. E aí quando o povo pobre tem o dinheiro circulando, significa que a gente está transformando o Brasil num país de classe média, aonde todas as pessoa possam viver dignamente.
Ontem eu vi na televisão a cidade de Campinas (SP), que é uma das cidades mais ricas deste país, a "cidade de Carlos Gomes", uma cidade que é famosa pela quantidade de universidades; uma cidade que é famosa pela Unicamp. O prefeito daquela cidade está construindo casas de 15 metros quadrados para que as pessoas pobres fiquem lá durante... com sete pessoas. Imagina: 15 metros quadrados para uma família. Ou seja, significa que esse prefeito não entende de pobre. Significa que este prefeito não é um cara humano, significa que esse prefeito acha que pobre tem que ser tratado como se fosse uma coisa qualquer, e não como o ser humano, que merece respeito.
Nós estamos construindo casas agora. As nossas casas elas vão ter 41 metros quadrados, a nossas casas — se for apartamento, vai ter uma sacadinha, para a pessoa poder tomar um ar e fazer outras coisas. Se for uma casa, um conjunto habitacional, agora o ministro Jader já sabe, que todo conjunto habitacional vai ter que ter uma biblioteca, para que as nossas crianças aprendam a ler.
E é por isso que eu vou voltar várias vezes aqui. E por que eu vou voltar? Porque, sinceramente, eu queria dizer a você, senador Jader Barbalho, e a você, Helder: eu estou muito orgulhoso com o ministro da Cidade que vocês me ofereceram, muito orgulhoso! Um companheiro da mais alta competência, um companheiro da mais alta honestidade, um companheiro que trabalha 19 horas das 24 horas que o dia tem. E ele vai ser o ministro que mais vai entregar casa nesse país.
Nós temos três anos para entregar dois milhões de casas para o povo brasileiro, outra vez. E uma coisa que é uma novidade, é que a gente vai fazer —e a ministra Esther, pelo o que eu vi, ela gosta de fazer a distribuição do patrimônio público; deu o Porto não sei pra quem; deu o Aeroporto não sei para quem. Eu estou pedindo para a Esther fazer o levantamento de todos os prédios públicos (que nós temos nesse país) abandonados, para que a gente reforme e possa colocar o povo pobre para morar no centros das cidades, nesses prédios que estão abandonados... porque não tem outro jeito! Está cheio de prédio abandonado criando rato, barata. Nós vamos reformar e colocar o povo para morar. Lá já tem asfalto, já tem água, já tem escola, já tem transporte. Para quê levar o povo para longe? Nós vamos fazer as casas aqui mesmo.
Então, eu quero que vocês saibam o seguinte: eu tenho três anos e meio de governo. Eu já falei para vocês, a Janja sabe que eu falo todo dia, eu tenho 77 anos de idade. Eu poderia ter me aposentado e ficar em casa sentado na cadeira. Mas eu tenho uma causa. A minha causa é recuperar a dignidade do povo brasileiro, a minha causa é ajudar o povo pobre a ser respeitado e ter dignidade. E, portanto, com esses meus 77 anos, minha energia de 30 e, eu digo para todo mundo, o meu tesão é de 20 anos e eu não vou parar de trabalhar.
Eu vou trabalhar 24 horas por dia. A Janja sabe, eu saio de cada oito horas da manhã e chego nove horas da noite, todo dia. E eu vou não só trabalhar, mas viajar mais. Porque esse país não merece um vagabundo, que não vai ao Palácio para governar esse país. Esse país merece alguém que trabalha, alguém dedicado, alguém que acredite, alguém que não minta e alguém que faça as coisas corretas.
É por isso, meus companheiros e companheiras, que eu quero terminar dando parabéns ao companheiro Helder, pelo trabalho com o Governo do Estado e pela COP, ao nosso querido prefeito Edmilson, à nossa querida companheira Ana Júlia, e dizer para vocês: obrigado, porque se dependesse de vocês, eu seria eleito presidente todas as vezes que eu concorresse às eleições. E obrigado por 2022!
Um beijo no coração de cada homem, de cada mulher e de cada criança.
Um beijo e até a próxima visita ao estado do Pará.