Pronunciamento do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por ocasião da visita ao polo automotivo de Goiana (PE)
TRANSMISSÃO | Cerimônia no Polo Automotivo Stellantis, em Pernambuco
Bem, eu quero dizer pra vocês que nesses quase 50 anos de vida política eu ainda não tinha visitado uma indústria automobilística e tido a recepção que eu e o pessoal que está comigo teve.
Eu, praticamente, nasci no movimento sindical dentro de uma indústria automobilística. Durante anos, das 4h30min da manhã às 2h20min da manhã eu fazia assembleia de porta de fábrica. E confesso a vocês que nunca tinha tido a recepção que tivemos hoje aqui. Mas, a verdade também é que eu conheço muitos empresários da indústria automobilística e nós nunca tivemos um empresário com a consciência política e a cabeça do nosso companheiro Antonio Filosa, presidente da Stellantis na América do Sul.
Eu quero cumprimentar minha querida companheira Janja, a nossa querida governadora Raquel Lyra, os ministros Rui Costa, da Casa Civil; Luciana Santos, pernambucana, da Ciência, Tecnologia e Inovação; e André Paula, da Pesca e Aquicultura. Quero cumprimentar os senadores. O senador Humberto Costa e a senadora Teresa Leitão. Os parlamentares federais Carlos Veras, Eduardo da Fonte, Guilherme Uchoa, Iza Arruda, José Eriberto, Lucas Ramos, Lula da Fonte, Maria Arraes e Pedro Campos, Silvio Costa Filho e Túlio Gadêlha. Quero cumprimentar o prefeito João Campos, prefeito de Recife; e Eduardo Honório Carneiro, prefeito de Goiana.
Quero cumprimentar o deputado estadual Doriel Barros, representante da Assembleia Legislativa de Pernambuco, por meio de quem cumprimento todos os deputados e deputadas estaduais aqui presente: A Dani Portela, o João Paulo, Mário Ricardo e a Rosa Amorim.
Quero cumprimentar o Henrique Gomes, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco, Beatriz Ferreira, funcionária do Polo Automotivo Stellantis, Maria da Conceição Medeiros, funcionária do Polo Automotivo Stellantins.
Companheiros e companheiras.
Hoje, eu vi um pouco da fotografia do Brasil que nós queremos construir. O Brasil é pra ser assim. O Brasil é pra ter empresários que tenham disposição de investir, que tenham trabalhadores trabalhando satisfeitos com aquilo que estão fazendo e brigando para cada vez fazer mais e pra cada vez ganhar mais. O estado crescendo, a cidade crescendo e o povo vivendo num clima de paz, harmonia e tranquilidade. É esse o país que nós queremos, porque não existe sonho maior para uma mulher ou para um homem do que a sua independência econômica.
Do que ele trabalhar, ela trabalhar, no final do mês receber o salário justo pelo trabalho que ele praticou. E ele e ela poderem cuidar da sua família com muita tranquilidade sem precisar de favor de ninguém. Esse país pode ser assim. O Brasil já foi quase assim. Quando nós fomos presidente da outra vez, o Brasil chegou a ser a 6ª economia do mundo. Hoje, o Brasil voltou à 12ª posição. O Brasil, em duas pesquisas feita pelas Nações Unidas, o Brasil era o país mais feliz do mundo e o Brasil era o país que o povo tinha mais esperança no mundo. E tudo isso porque nós fizemos uma política que colocava o pobre como sujeito da história e não o pobre como pobre esquecido nas periferias e nos rincões desse país.
Eu cansei de fazer palestra no mundo inteiro e dizer que o milagre da economia brasileira no nosso governo foi que nós tínhamos colocado o povo pobre no orçamento. Quando o povo pobre pode comprar o que comer, pode comprar o que vestir, ele faz o comércio voltar a funcionar. Quando o comércio começa funcionar, o comércio precisa encomendar o produto na indústria. A indústria começa a funcionar e o comércio funcionando e a indústria funcionando vai gerar emprego. O emprego vai gerar mais um salário, mais um salário será mais um consumidor. Mais um consumidor vai permitir que se gere mais emprego. É a roda-gigante da economia funcionando e todos participando dela.
Quando eu cheguei na Presidência da República, em 2003, mesmo o Brasil sendo um país capitalista, todo dinheiro, todo dinheiro, Antonio, que os bancos públicos e os bancos privados tinham para disponibilizar de crédito era apenas R$ 380 bilhões. E eu, que a vida inteira pensei que era socialista, comecei a entender que um país capitalista não pode viver se não tiver capital. Um país capitalista não pode viver se não tiver dinheiro circulando. Um país capitalista não pode viver se não tiver crédito para que as pessoas possam ir fazer investimento. E quando eu deixei a Presidência em 2010, o Brasil tinha 2 trilhões e 700 bilhões disponibilizados para o crédito.
Foi por isso que a agricultura familiar cresceu tanto e a agricultura empresarial cresceu tanto. Foi por isso que nós geramos 22 milhões de empregos com carteira profissional assinada. Só metalúrgico nesse país, nós criamos 1 milhão de empregos para metalúrgicos. O companheiro Antonio, presidente da empresa, disse categoricamente, quando, em 2010, eu fiz uma reunião com a indústria automobilística, a gente estava vendendo 3 milhões e 800 mil carros. Era recorde da indústria automobilística. E a previsão era que em 2015 pudesse chegar a 5 ou a 6 milhões de carros produzidos. Hoje, o Brasil produz menos de 2 milhões de carros.
Ora, se a indústria nesses todos anos não cresceu, significa que não cresceu emprego, significa que não cresceu a massa salarial, significa que não cresceu o poder de consumo do povo brasileiro e o país andou para trás. Nós voltamos para recuperar esse país. Eu posso dizer pra vocês, de forma muito categórica, a única razão que eu voltei a me candidatar para presidente da República foi para provar outra vez à elite atrasada brasileira que um torneiro mecânico é capaz de fazer o que eles não conseguiram fazer em tantos anos nesse país.
E, eu digo sempre, Antonio, tem três palavras mágicas para que um governo dê certo. Primeiro, você tem que ter credibilidade. O governante tem que ter credibilidade para aquilo que ele falar seja entendido pela sociedade que ele representa e pelos empresários como uma coisa verdadeira. A segunda coisa é ter estabilidade. É estabilidade política, mas também estabilidade social para que as coisas não aconteçam da forma mais estabanada possível. E a terceira palavra mágica é previsibilidade. Ninguém pode trabalhar sem estabilidade, sem credibilidade e sem previsibilidade. Nós temos que pensar e saber e projetar o que vai acontecer na nossa vida no próximo mês, na próxima semana.
A gente, muitas vezes, termina de gastar o dinheiro no Natal e a gente já tá fazendo previsão do que a gente vai comprar no Natal que vem. Como é que a gente vai juntar dinheiro. Quando a gente pensa, as coisas dão certo. Quando a gente não pensa, as coisas dão errado. O Brasil não merecia passar pelo que passou. O Brasil merecia melhor sorte. Esse país era um país muito respeitado no mundo. O país virou protagonista internacional. E nós voltamos para fazer o Brasil voltar a ser protagonista internacional. Hoje, os investimentos que esse país precisa, é preciso que o governo tenha credibilidade, que tenha previsibilidade, que garanta estabilidade, inclusive jurídica, para que as pessoas possam investir.
Como é que eu vou convencer o empresário a colocar dinheiro nesse país se eu não der pra ele nenhuma garantia. Como é que você vai colocar um dinheiro em algum lugar para ser guardado o seu salário se você não tiver garantia. Então, essa garantia, eu quero dizer pro nosso representante da Stellantis, esse país vai voltar a crescer, esse país vai voltar a ter crédito porque não há nenhuma explicação histórica da gente ter os juros mais alto do mundo: 13,75, quando na verdade a inflação está, durante doze meses, em apenas 4.7%. Pra quê esse juro tão alto? Quem é que ganha com isso e quem é que perde?
Quem perde, nós sabemos que é o povo brasileiro, que é o empresário que quer investir, que é o pequeno e médio empreendedor, que é o pequeno e médio empresário. Que são as pessoas que querem tomar R$ 200 emprestado, R$ 500 emprestado para fazer um carrinho para vender cachorro-quente, para vender pipoca, que quer montar um salão de beleza, que quer montar alguma coisa. Ele precisa ter acesso a dinheiro. E ele só pode ter acesso ao dinheiro se for barato. Se o dinheiro for caro, as pessoas não tomam dinheiro emprestado porque não pode pagar. Nós temos 72 milhões de brasileiros que estão pendurados no Serasa. Pessoas que fizeram dívidas para comer. Pessoas que utilizaram o cartão de crédito para comer e que agora não podem pagar.
Por irresponsabilidade de um governante que não soube entender a índole do povo brasileiro. Eu quero dizer aos empresários desta empresa, a toda diretoria, e quero dizer a todos os trabalhadores: esse país vai voltar a crescer, esse país vai voltar a ter crédito barato e esse país vai trabalhar para que o Nordeste seja tratado da mesma forma equânime como os estados do Sul, porque não é justo que o Nordeste seja tratado como se fosse o segundo primo ou o primo pobre desse país.
Eu vim aqui com o Eduardo Campos lançar a pedra fundamental. Eu conversei muito com o Eduardo Campos sobre a implantação dessa indústria. Eu sei o que eu sonhava e o que ele sonhava. Depois, eu vim aqui lançar a pedra fundamental. Depois de mais uns três anos, quatro anos, acho que eu vim aqui com a Dilma, acho que a empresa não estava funcionando ainda. E hoje eu vim aqui, sinceramente, eu fiquei boquiaberto com o que vocês conseguiram fazer numa cidade do interior deste país. Isso aqui, companheiro João Paulo, me lembra o crescimento do ABC nos anos 50 e nos anos 60. E, eu posso dizer pra vocês: se depender do nosso governo, essa fábrica vai continuar crescendo, Pernambuco vai continuar crescendo e o Brasil vai continuar crescendo. É pra isso que eu quis voltar a ser presidente da República, para fazer o povo brasileiro a voltar a ser feliz outra vez.
Portanto, companheiros, eu quero dizer pra vocês que a emoção que eu senti hoje fazia muito tempo que eu não sentia porque o Corinthians não tá me ajudando muito, o Náutico não está me ajudando muito, a seleção brasileira não tá me ajudando muito. E eu acho que, pelo fato de eu estar aqui, diante de vocês, com o calor que vocês demonstraram e com a receptividade que vocês fizeram e ainda tá segurando a bandeira mais bonita desse país, eu posso dizer pra vocês: muito obrigado!
Obrigado ao companheiro Antonio, presidente da Stellantis. Obrigado à governadora do Estado e ao prefeito dessa cidade e obrigado, sobretudo, a vocês.
Continuem acreditando, porque o Brasil será do tamanho que vocês quiserem e não do tamanho que quiser qualquer governante irresponsável. É vocês que vão ditar as regras do jogo para que esse país volte a crescer e o povo volte a sorrir.
Nós só queremos ter direito a comprar aquilo que a gente produz. A gente só quer ter direito de tomar café, almoçar e jantar. A gente só quer ter direito de criar nossos filhos e colocar eles numa escola bem decente para eles também virarem doutor. A gente quer que nossas pessoas tenham emprego, a gente quer ter uma casa, quer ter um carro, a gente quer ter um computador, quer ter um telefone celular. Tudo que nós queremos são coisas simples que nós produzimos e se são simples o que nós produzimos, é simples também que a gente tenha o desejo e ninguém pode negar, porque a Constituição desse país, no seu capítulo 5, prevê tudo aquilo que nós temos direito. Portanto, vamos à luta companheiro, que nós vamos conquistar tudo aquilo que a gente sonha.
Um abraço!