Pronunciamento do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na inauguração de bloco no Campus da UFABC
TRANSMISSÃO | Inauguração de bloco do Campus da UFABC
Estou vendo uma placa ali por uma moradia estudante. Nós vamos fazer um programa chamado "Minha Moradia, Minha Vida", para que os estudantes, aqui, possam ter um lugar aconchegante para dormir.
Eu quero cumprimentar o companheiro Fernando Haddad; o nosso companheiro Renan Filho, que é o nosso ministro dos Transportes; o nosso companheiro Márcio França, ministro de Aeroportos e Portos, ex-governador de São Paulo e ex-prefeito de São Vicente; o companheiro Luiz Marinho, ex-pintor da Volkswagen e ex-metalúrgico, ex-presidente da CUT e ex-prefeito de São Bernardo do Campo, e agora deputado federal... e agora ele ex-deputado e ministro do Trabalho.
A nossa querida companheira Luciana Santos, ministra da Ciência e Tecnologia; a companheira Cida Gonçalves. Cadê a Cidinha? Tá aqui. A Cida, pra vocês saberem, a hora em que eu sair daqui ela vai ficar aqui, junto com a Janja, que vai ter um debate com as mulheres aqui. E é importante vocês saberem que ontem à noite o Senado aprovou, finalmente, a Lei da igualdade salarial entre homens e mulheres.
Nosso querido Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; o nosso querido Alexandre Padilha, das Relações Institucionais da Presidência da República; o senador [Alexandre Luiz] Giordano, em nome de quem... Eu não conhecia bem o Giordano, mas o Giordano é senador porque morreu um senador e ele assumiu. Ele já disse: “ô, Lula, tamo, junto. Tamo junto aqui”. O nosso querido Suplicy, que está aqui, ex-senador.
Eu não tenho a nominata e é sempre difícil, quando você não tem nominata, você citar nome de pessoas, porque você pode esquecer algumas pessoas. Mas, eu tô vendo aqui o Suplicy, eu tô vendo o companheiro Alencar, nosso deputado federal que ajudou muito essa universidade. O nosso querido e sempre guerreiro Ivan Valente, o nosso querido Arlindo Chinaglia, o nosso querido Vicentinho, o nosso [não audível] de Mauá, o nosso prefeito Marcelo, o nosso prefeito Felipe, o nosso prefeito Orlando Morando. É que quando a gente não tem a nominata, é sempre difícil.
Mas, eu queria aproveitar e dizer pra vocês que a primeira grande emoção que eu senti hoje foi quando o helicóptero parou no estádio da Vila Euclides. Os mais velhos, ou os que estudaram um pouco, sabem o significado do estádio da Vila Euclides na redemocratização desse país, na politização da classe trabalhadora e na chegada aonde nós chegamos.
Acho que não tudo, mas quase tudo aconteceu no estádio da Vila Euclides. Eu estava vendo uma trave ali e eu lembrava que aquela trave era o lugar do palanque; era o lugar das grandes assembleias que nós fizemos; e depois eu fiquei muito alegre porque quando eu vim receber o título do Doutor Honoris Causa, aqui, eu recebi o título da mão de dois jovens filhos de dois trabalhadores metalúrgicos, que militavam no sindicato no tempo das greves.
Então, eu agora estou vendo aqui na minha frente o companheiro Moisés, que depois de 20 anos assumiu o meu lugar na presidência do sindicato. Eu quero que você tenha a mesma sorte que eu tive. A mesma sorte que eu tive, porque o sindicato foi, efetivamente, o que mudou a minha vida e a vida de muita gente.
Mas, companheiros e companheiras, eu tinha trazido um discurso, ali, e resolvi não ler discurso porque não cabe. Eu queria primeiro falar um pouco. Eu estou vendo dez câmeras de televisão. Não sei nem se são neutras, se são amigas, inimigas, se são nossos adversários. Mas eu acho que é importante as pessoas saberem o significado dessa universidade, magnífico reitor — se você soubesse o quanto eu acho bonito falar "magnífico reitor"... poderia, ao invés de "Excelência", me chamar de "magnífico presidente". Agora eu gostei...
Mas, deixa eu falar um pouco para a imprensa.
As pessoas precisam saber que essa universidade aqui, ela era um sonho, porque eu era presidente do sindicato, eu viajava muito o Brasil e eu não conseguia entender como é que a região mais industrializada do Brasil — e que tinha uma parte da classe trabalhadora mais bem formada desse país — não tinha acesso a uma universidade federal. Não tinha em São Bernardo, não tinha Santo André, não tinha Diadema, não tinha Santos, não tem Mauá. Mas, não tem porque não quiseram, porque eu queria comprar um terreno, mas o terreno, lá, estava envenenado, tinha alguma coisa que não podia fazer. Tem Diadema, tem Sorocaba.
Tem outros estados que nós fizemos muitas, porque era preciso a gente dar um salto de qualidade, porque não existe nenhuma experiência no mundo de um país que cresceu e se desenvolveu sem antes investir na educação.
Então, se a educação é a base de tudo, eu tomei uma decisão de que no nosso governo quando se fala em fazer universidade, se fala em fazer uma creche, se fala em fazer uma escola de ensino em tempo integral, a gente não pode mais utilizar a palavra gasto. A palavra tem que ser investimento. É uma inversão que nós precisamos fazer em tudo que a gente faz, porque [para] a elite dominante desse país, tudo que é benefício é gasto. Tudo. A saúde é gasto. A saúde é um baita de um investimento porque todo mundo sabe o quanto custa uma pessoa doente aos cofres do estado e quanto pode produzir, trabalhar e aprender uma pessoa que está com plena saúde. Então porque essa história de dizer que: "ah, eu vou colocar dinheiro pra cuidar de um companheiro que se machucou, é gasto?". Não, é investimento. Eu tenho que recuperar aquele cidadão para estar 100% saudável para o mercado de trabalho, para o mercado de ensino.
Então, não posso ficar utilizando que é gasto. Ah, vai fazer uma creche, é gasto. Vai fazer uma escola profissional, é gasto. Tudo é gasto? Não. Então, nós temos que tratar que tudo isso é investimento. Gasto, gasto é a gente pagar 13,75 por juros para o sistema financeiro desse país. Isso é gasto. Isso é gasto, o governo compreender que tudo que ele produz, 13.75% pra pagar de juros. Isso é gasto. O restante é investimento.
E o quanto mais saudável, quanto mais educada, quanto mais preparada, mais o país vai crescer. E essa universidade é resultado desse pensamento. Vocês sabem que as aulas aqui se iniciaram em setembro de 2006, com apenas 50 professores, você não estava aqui ainda Valter, e com 500 alunos. Na época ainda não havia Campus na universidade. Oito anos depois, isso aqui já contava com 552 professores, praticamente 7 mil alunos, 26 cursos de graduação, 21 de pós, dois campi próprios e 100 mil metros quadrados de área construída. A Universidade Federal é a única universidade federal brasileira com 100% de professores doutores. Isso não é pouca coisa.
Vocês sabem que as três primeiras turmas daqui fizeram vestibular; mas depois, já no primeiro processo seletivo, a Universidade Federal reservou metade das vagas para alunos vindos de escolas públicas, com proporcionalidade para negros e indígenas. É outra grande coisa extraordinária. No primeiro semestre de 2014, a instituição passou a reservar 5% das vagas para pessoas com deficiência. E mais, eu tô querendo que a imprensa registre, e mais; agora, também, há cotas para refugiados e solicitante de refúgio, além de pessoas transgêneros.
A partir de 2010, a seleção de estudantes passou a ser feita exclusivamente pelo Enem. Naquele ano, a Universidade Federal do ABC passou a oferecer um curso preparatório gratuito para alunos da rede pública. A instituição mantém a nota máxima no mais recente Índice Geral de Cursos, o IGC do MEC, para o ano de 2021, divulgado em março. O IGC avalia fatores como a infraestrutura, corpo docente e nota dos formandos no Exame Nacional de Desempenho do estudante.
Em poucos anos, a Universidade Federal do ABC alcançou um desenvolvimento em pesquisa que universidades como a USP e a Unicamp levaram décadas para conquistar. Em apenas três anos de funcionamento, a Universidade Federal do ABC foi projetada no primeiro time de universidades brasileiras na área de nanotecnologia pelo edital de bolsistas em Produtividade em Pesquisa do CNPq. O concurso mais concorrido do Brasil.
Em março de 2007, a coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior do MEC aprovou 10 dos 11 pedidos que a Universidade Federal fez para a abertura de cursos de mestrado e doutorado. Nunca antes na história das universidades, nunca antes, a Capes tinha aprovado de uma só vez a abertura de tantos cursos de pós-graduação em uma mesma instituição.
Em 2011... eu estou lendo isso aqui porque isso aqui vocês também não sabem, porque isso aqui também não é publicado, isso aqui não sai na fake news, isso aqui não sai na notícia boa, isso aqui não dá no Jornal Nacional, isso aqui não dá no Jornal da Record, isso aqui não dá na Bandeirantes. Então, tá dando pelo repórter Lula. Em 2011, a Universidade Federal do ABC foi a única universidade do país com fator de impacto em publicações científicas acima da média mundial.
A Universidade... Moisés, presta atenção, Moisés, desliga o celular. Eu estou falando com você agora. A Universidade Federal oferece estágios em mais de 100 empresas, incluindo várias delas: IBM, Nestlé, Organizações Globo, General Motors, Ford, Siemens, Honda e Pirelli.
E mais, a Universidade Federal do ABC e o desenvolvimento regional de industrialização.
A Universidade Federal do ABC e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC firmaram uma parceria em prol da reindustrialização do país. É o projeto chamado "Reconversão Industrial no Grande ABC - diagnóstico, capacitação e plano de implementação na região", que promove ações de pesquisa e capacitação. A meta é fortalecer a capacidade da região de atrair investimentos, gerar emprego, desenvolver tecnologia e inovação, e ampliar os níveis de competitividade... (assessora, assessora, presta atenção).
Outras parcerias estratégicas são desenvolvidas com o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, prefeitos, composto pelos municípios de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Aliás, se vocês não sabem, a nossa presidenta da Caixa Econômica era de Rio Grande da Serra, chegou até a ser vice-prefeita em Rio Grande da Serra. Agora, mora em Santo André. É muita mulher.
Em abril, o reitor da universidade... não... Em abril, o magnífico reitor da Universidade Federal do ABC, Dácio Matheus, e o secretário executivo do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Mário Reali, assinaram o convênio para estágio de aluno da instituição na entidade. Também é discutido o apoio da Universidade para projetos de sistema da informação geográfica do Grande ABC. O projeto tem como objetivo criar uma base de dados geoespaciais para planejamento e gestão dos serviços públicos oferecidos à população.
Acabou? Acabou. Acabou.
Eu queria dar essas informações porque nós vivemos numa fase no planeta Terra em que tudo que é ruim tem mais destaque do que tudo que é bom. O ódio tem mais destaque do que o amor; a raiva tem mais destaque que a paciência; a ignorância tem mais destaque do que a sabedoria. Então, eu li aqui porque o que essa universidade significa para o Brasil e quando nós inauguramos essa universidade, eu saí daqui falando pro Haddad: meu sonho que essa universidade do ABC logo, logo vai se transformar na universidade mais importante do país, inclusive batendo a nossa querida USP. A USP se não quiser ser ultrapassada que invista mais para que a gente possa, sabe...
Meu sonho, reitor, meu sonho é que quando houver um estudo à nível internacional de quais são as 100 maiores universidades, a gente não esteja na centésima posição. Que a gente trabalhe, se dedique, para a gente estar na 10ª posição entre as 100 universidades mais importantes do mundo. E, nós temos material humano para isso, temos material humano, tanto no corpo docente, quanto nos funcionários e nos alunos.
É importante vocês terem clareza que o Brasil que a gente quer a gente constrói. O que a gente precisa é projetar em nossa cabeça o que a gente quer. E ninguém pode achar que tem coisa impossível. A única coisa impossível, para quem é cristão, como eu, é Deus pecar. O resto, tudo é possível. Basta a gente querer. Então, esse país está recém-saído de um furacão. Nesse país parece que passou por aqui uma praga de gafanhoto e tentou destruir tudo que a gente tinha. Nós estamos há seis meses reconstruindo todas as políticas públicas que nós levamos 13 anos pra fazer. Eles conseguiram destruir em quatro anos ou seis anos.
E, agora, nós já começamos a refazer quase tudo. As políticas vão voltar melhor, o "Mais Farmácia" vai voltar melhor, o "Luz para Todos" vai voltar melhor, o "Bolsa Família" vai voltar melhor, a educação vai voltar melhor, porque nós não vamos deixar de fazer investimento. Vocês viram que eu dizia: “nós vamos abrasileirar o preço da gasolina”. Não havia nenhuma razão para o preço do combustível no Brasil ser ligado ao preço internacional, não havia. E ainda não foi feito tudo o que precisa fazer.
E nós vamos ter que recuperar esse país e a gente não vai recuperar sozinho. É importante vocês saberem a correlação de força no Congresso Nacional. A esquerda toda tem, no máximo, 136 votos. Isso se ninguém faltar. Ou seja, mas nós pra votarmos uma coisa simples precisamos de 257. Então, de 136 faça uma conta aí e veja quantos faltam. E para aprovar uma Emenda Constitucional é maior ainda o número de deputados que nós precisamos. Então, é preciso que vocês saibam o esforço para governar. É importante que vocês saibam que não é só ganhar uma eleição.
Você ganha uma eleição e depois você precisa passar o tempo inteiro conversando para ver se você consegue aprovar uma coisa. Ontem, a gente corria o risco de não ter aprovado o sistema de organização do governo, que nós fizemos. E aí, você não tem que procurar o amigo. Não estava lá o Vicentinho para eu conversar, porque ele já é voto nosso. Você tem que conversar com quem não gosta da gente. Você tem que conversar com quem não votou na gente. Você tem que conversar com as pessoas que estão... Ô, Zé Vicente, você está aqui? Bom te ver.
Então, é um esforço! Eu posso dizer pra vocês: eu, hoje, hoje, aos 77 anos de idade, 77 anos, completei um ano de casado dia 18 de maio, eu estou muito mais otimista. Olhe bem nos meus olhos, que eu sempre digo: quando a gente está falando a verdade tem que olhar no olho da pessoa, não na boca da pessoa. Eu quero olhar pra vocês, eu estou mais otimista do que eu estava no primeiro mandato. Eu estou mais otimista de que o que aconteceu nesse país serviu de lição para gente saber que a democracia não é pouca coisa, que a democracia é um valor, sabe, que não tem tamanho. Tal é a importância do exercício da democracia. E, nós precisamos exercitá-la.
Eu digo sempre para vocês que são jovens, que a democracia mais exemplar é o casamento. Porque quando você casa, se você quiser viver bem e ter um casamento duradouro, você vive o casal, um fazendo concessão pro outro. Aí quando você tem filho, o casal faz concessão pro filho e os filhos fazem concessão pra vocês. Se não fizer concessão, vocês se matam dentro de casa. Imagina quando o moleque quer comer dois bifes e só tem um pra cada um. Imagina quando o marido quer ver o jogo e a mulher quer ver a novela. Ou seja, ou eu compro duas televisões ou alguém vai ter que ceder. Então, eu queria dizer pra vocês que serão — e eu espero que sejam — os futuros dirigentes políticos desses país, que esse país será exatamente aquilo que a gente pensar que ele vai ser. Eu jamais imaginei, jamais imaginei que alguém nesse país ia ter orgulho de dizer que gostava de ver tortura. Eu jamais imaginei! Depois da luta que nós fizemos, depois de combater o regime militar durante 23 anos, eu jamais imaginei que a gente ia ter de volta o fascismo nesse país como tivemos nos últimos quatro anos.
Jamais imaginei que as pessoas iriam transmitir tanto ódio, que as pessoas iriam ter tanta impaciência, que as pessoas iriam contar tantas mentiras. Não é possível! E quem é que pode mudar isso? Vocês. Não tem ninguém que possa mudar a não ser vocês. Vocês têm celular na mão, você pode utilizar pra coisa boa ou pra coisa ruim. Não é isso? Eu, por exemplo, dei uma bronca no Moisés. Eu ia começar a falar, o cara já pegou o celular. Pra ver o quê? Devia ser uma piada que tinha aí ou alguma coisa que não era tão importante.
Na reunião do PT eu fico puto quando eu estou falando que as pessoas pegam o celular para ficar escrevendo, para ficar vendo notícias, sabe, que não tem nenhuma importância. A gente não precisa ver aquilo que a cabeça da gente não consegue processar. O que que eu tenho que saber que um golfinho morreu na Antártica? Então, companheiros, nós temos que utilizar... a coisa fantástica da internet é que ela permitiu que o ser humano não só ouvisse as notícias, ela permite que as pessoas interajam, que as pessoas respondam aquilo que ela ver. E a gente pode fazer isso pro bem ou pro mal. Por enquanto o mal tá ganhando... porque a quantidade de mentira que o bolsonarismo ainda conta todo dia na rede digital é uma coisa maluca. O que acontece na rede digital com o presidente Trump nos Estados Unidos é indescritível.
Essa é uma guerra que nós temos que fazer. A famosa guerra entre o bem e o mal. Não precisa ser a guerra entre a esquerda e a direita, não. A guerra entre as pessoas de bem e as pessoas do mal. Quem gosta de democracia e quem não gosta. Quem pensa no futuro desse país e quem não pensa no futuro desse país.
É por isso que eu estou otimista. É por isso que eu vou repetir para vocês o que eu digo todo dia. Pode olhar pra mim, pode olhar, você que é o cara mais duro que eu conheço na política, pode olhar pra mim. Eu tenho 77 anos, estou com a energia de 30 e tesão político de 20. Pode ter certeza disso. Esse país vai voltar a crescer, a gente vai estabilizar a economia desse país, a gente vai fazer crescer a massa salarial desse país, a gente vai assentar as pessoas que tem que assentar, para produzir alimento nesse país, a gente vai fazer o que tiver que fazer para melhorar a educação.
Na segunda-feira, dia 12, é dia dos namorados, mas também é dia da abertura do Congresso da UNE, lá em Brasília, e a gente vai ter que lançar esse programa de garantir que o ensino fundamental seja a mola propulsora da qualidade da educação que a gente quer pro futuro desse país. Se a gente não leva a criança do fundamental bem educada, bem aprendida, o que que ela vai fazer da vida?
Então, eu só peço pra vocês o seguinte: ajude-nos a fazer essa revolução do bem que o Brasil precisa.
Não é o Lula que vai resolver, o Haddad, o Camilo, não é nenhum deputado sozinho. É a sociedade brasileira.
Que sociedade que nós queremos? Porque hoje a gente vê amigos brigando com amigos por causa de qualquer coisa. Eu estou cansado de ver pessoas que falam pra mim: “eu não passo mais o Natal em família porque brigas rolam toda hora. Eu briguei com meu cunhado, eu briguei com meu sogro, eu briguei com meu pai, eu briguei com a minha comadre”. Que mundo é esse? O ser humano nasceu para viver em comunidade. A gente nasceu para ter uma relação química, tocar um no outro, se abraçar, se beijar, conversar. É isso que o ser humano tem que ser, gente. É por isso que nós somos o único animal inteligente, segundo dizem os que conhecem da espécie humana.
Então, companheiros, a educação é apenas parte disso. Porque não é só a educação que faz isso, porque senão não tinha tanta gente com diploma universitário votando na extrema direita nesse país, né?
Então, a educação ela dá o caminho, ela dá a luz. E esse país teve uma elite que nunca quis que o povo brasileiro se formasse, nunca quis! Se tem uma elite que nunca desejou que a gente estudasse, era a elite brasileira. Eu vou terminar dizendo pra vocês: estudem e veja que em 1554 já tinha a Universidade de São Marcos, no Peru. E a primeira universidade no Brasil foi em 1920. E não foi feita porque alguém queria fazer para ajudar o povo brasileiro, foi feita porque o rei da Bélgica vinha ao Brasil — e o rei só viajava se recebesse título de Doutor Honoris Causa. E aí criaram a universidade do Brasil. Pegaram toda faculdade que tinha, montaram a universidade e criaram.
Então, significa que nós temos quase 500 anos de atraso dos nossos irmãos da América espanhola. É por isso que eu, mesmo sem ter diploma universitário, coloquei na minha cabeça a ideia de que a gente iria fazer uma revolução educacional nesse país. E vamos fazer. Porque cada real que a gente investe na educação, eu tenho certeza que volta milhares de reais para os cofres desse país para ajudar a gente a cuidar da vida do nosso povo.
Por isso, meus queridos companheiros, estudantes, professores, funcionários, trabalhadores, políticos, deputados, senadores, sabe, eu quero dizer pra vocês: o Brasil será o que vocês quiserem. Se vocês quiserem um Brasil democrático, um Brasil alegre, um Brasil humanista, tá na mão de vocês construírem. Se vocês quiserem que os brasileiros, ao invés de serem humanistas, que tem o sentimento, que tem paixão, que tem amor, sejam, efetivamente, massa de manobra, sabe, a gente não vai ser nada na vida.
Então, ajude-nos, porque nós temos muita luta para fazer pela frente. Eu quero que esses próximos três anos como os três anos mais importantes da minha vida. Esse mandato meu é a coisa mais importante que eu tenho que fazer na vida! É provar, outra vez, ao povo brasileiro que um torneiro mecânico, sem diploma universitário, vai consertar outra vez esse país para o povo brasileiro.
Obrigado. Beijo no coração de vocês e até a próxima visita.