Pronunciamento do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de início de obras na FIOL
TRANSMISSÃO | Anúncio do início da obra em trecho da FIOL
Minha querida companheira Janja; meu querido companheiro Jerônimo Rodrigues, governador do estado da Bahia, e sua senhora Tatiana Veloso. Ministros de estados aqui presentes: Rui Costa, da Casa Civil; Renan Filho, do Transporte; Roberto Gusmão, de Portos e Aeroportos; companheiro Carlos Fávaro, da Agricultura e Pecuária; Alexandre Silveira, de Minas e Energia; Waldez Góes, de Integração e Desenvolvimento Regional; e Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral. Meu querido companheiro senador e líder do governo no Senado, Jaques Wagner. Caros deputados federais: João Bacelar, José Rocha e Paulo Magalhães.
Meu querido Marão, prefeito de Ilhéus, em nome de quem eu cumprimento todos os prefeitos e ex-prefeitos aqui presente; vereadores e demais autoridades; deputados estaduais; meus amigos e minhas amigas.
Eu, Jerônimo, vou te deixar, para você ler quando for deitar, o discurso que eu fiz aqui em Ilhéus, no dia 26 de março de 2010. Foi o ato na cerimônia de lançamento dos editais para a licitação da Ferrovia Oeste-Leste e assinatura de contrato do Programa Minha Casa, Minha Vida nos municípios da Bahia. É bom você ler pra você saber que em 2010 a gente já pensava no futuro da Bahia e no futuro desse país.
A segunda coisa que eu queria dizer para vocês: é que se esse país tivesse seguido o ritmo de crescimento que ele tinha quando nós terminamos o nosso primeiro mandato, certamente, esse país hoje seria, na pior das hipóteses, a quarta economia do mundo. Nós éramos a sexta e recuamos pra 13ª economia, numa demonstração de que o país andou pra trás, porque o nosso país caiu no mundo obscuro e a gente perdeu noção da grandeza e do que esse país poderia fazer pelo seu povo. Eu fico olhando vocês e fico imaginando que esse é o Brasil que nós queremos.
O Brasil em que as pessoas trabalhem, um Brasil em que as pessoas estudem, um Brasil em que as pessoas tenham oportunidade, num país em que as pessoas possam ter acesso a tudo aquilo que ele produz, num país em que as pessoas possam comer do bom e do melhor, num país em que as pessoas possam se vestir do bom e do melhor, num país em que as pessoas possam viajar para onde quiserem, que as pessoas possam ser felizes. Este país foi tomado pelo ódio e foi tomado pela mentira. E nós, agora, estamos restabelecendo o país que nós precisamos. E é isso que eu quero conversar com os empresários.
O que que um governo pode oferecer para um conjunto de empresários brasileiros e estrangeiros que querem investir num país como o Brasil? A primeira coisa que nós precisamos garantir para os empresários é uma coisa chamada estabilidade. Estabilidade política, estabilidade econômica, estabilidade jurídica, estabilidade social.
Esse país com tranquilidade não é possível ter país que possa vencer o Brasil. Mas, pra isso é preciso ter um Presidente da República que tenha caráter, um Presidente da República que tenha credibilidade, um Presidente da República que não minta, que converse com o povo a realidade do seu país, que converse com os empresários a realidade do seu país, e que esse presidente não perca o direito de andar de cabeça erguida e olhar olho no olho no rosto de cada brasileiro e de cada brasileira, independente da origem social a que ele pertence, da cor que ele tem e do tamanho que ele tem.
Afinal de contas, essa nação que nós queremos construir, não é uma nação construída a troco de matéria. A gente vai medir o tamanho dessa nação pela qualidade da sociedade, pela qualidade do seu povo, pela formação do seu povo, pela qualificação profissional do seu povo e, quanto mais qualificado, mais essa gente vai ganhar. E aí Wagner, eu queria chamar a sua atenção, a atenção do governador, a atenção do Rui, a atenção dos deputados e dos senadores: esse país, quando nós começamos a fazer o primeiro trecho da ferrovia, esse país não tinha mais engenheiro ferroviário, esse país não produz mais trilho. O que é uma vergonha, um país que tem a quantidade de siderúrgica que tem e a qualidade do minério — é verdade que a Austrália tá vendendo mais do que nós, mas é verdade que o nosso minério é de muito mais qualidade do que é o minério da Austrália —, portanto a gente pode ganhar na diferença de preço por conta da nossa qualidade.
Mas esse país não produz mais trilho. Aliás, esse país não produzia mais dormente. Não produzia mais dormente. Eu lembro que nós criamos a maior fábrica de dormente do mundo quando a gente começou a fazer a Transnordestina. E ela, hoje, parou. A CSN, há 40 anos atrás produzia trilhos. Hoje não produz mais. Então é uma vergonha um país do tamanho do Brasil, que quer ter uma malha ferroviária para facilitar o transporte das riquezas deste país, tem que importar trilho de outro país, com a quantidade de minério de ferro que nós temos, com a quantidade de siderúrgica que nós temos. Isso é um desafio para nós.
Eu não estou chamando a atenção de vocês, eu tô chamando a minha atenção. Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, presidente deste país, é uma vergonha o Brasil tá importando trilho quando ele poderia produzir aqui no Brasil para gerar mais emprego nesse país, pra gerar mais oportunidade de crescimento da cidadania do nosso povo. Então, esse país precisa, definitivamente, cumprir com esses compromissos: estabilidade, credibilidade e previsibilidade.
Nós temos que colocar no papel e cumprir aquilo que nós colocamos no papel para que ninguém seja pego de surpresa. Eu queria dizer aos empresários, que estão nessa empreitada para construir essa ferrovia, que não é interesse de um empresário ou de outro empresário, é de interesse da soberania nacional a gente fazer essa ferrovia e outras ferrovias no país para que a gente possa ter esse país competitivo com qualquer outro país do mundo.
O Brasil será do tamanho que a gente quiser que ele seja. Se a gente pensar pequeno, se a gente pensar de forma medíocre, se a gente pensar muito, muito, muito pra baixo, esse país será o que foi nos últimos anos: um país que não tinha relação internacional; um presidente que não conversava com ninguém, porque ninguém queria recebê-lo lá e também ninguém queria vir aqui. Esse país ficou praticamente isolado do planeta Terra.
Quando Jerônimo diz assim: "o país voltou", é porque esse país é muito importante. O Brasil não tem contencioso internacional. Todas as pessoas e todos os governantes gostam de estar bem com o Brasil e o Brasil precisa gostar de estar bem com outros países. Afinal de contas, nós compramos e vendemos. E quem compra e vende precisa ter uma relação, no mínimo, civilizada para que a gente possa vender os nossos produtos e comprar os produtos. Porque comércio exterior não é só vender, também precisa comprar para ter o equilíbrio entre as economias dos países. E o Brasil... o Brasil … antigamente, quando eu era mais novo, que eu começava a tossir, Wagner, eu tomava uma coisinha que passarinho não bebe e a minha garganta ficava boa. Agora, me ensinaram a beber água e a água não para minha tosse. Lamentavelmente eu sou um cara, um cara, agora, que bebo só água, pelo menos na frente de vocês.
Mas, eu queria voltar, eu queria voltar a falar um pouco dessa ferrovia. Eu, quando estive aqui em março de 2010, com o companheiro Wagner, que era governador, eu imaginei que essa ferrovia, ela já tivesse inaugurada nos dias de hoje. Era pra ela tá inaugurada antes de 2023, mas quis o destino que o povo baiano me elegesse outra vez pra mim retomar essa ferrovia e concluí-la.
E, eu queria pedir aos companheiros empresários que tão nessa empreitada: parem de dizer que vão entregar ela em 2027. Vocês têm que entregar ela antes do dia 31 de dezembro de 2026. Façam, façam um pouco de hora extra, trabalhe no final de semana se for necessário pra que a gente possa inaugurar logo, senão a gente corre o risco de uma outra coisa ruim voltar nesse país e ela ficar parada outra vez. Então, vamos tratar de trabalhar logo essa obra.
E pra terminar, eu queria dizer para vocês que nós vamos, agora em julho, lançar um programa de desenvolvimento outra vez. Vai ser o PAC número 3, em que a gente vai discutir ferrovia, vai discutir portos, aeroportos, o Minha Casa, Minha Vida vai voltar com 2 milhões de casas pra gente construir. A gente vai voltar também um programa muito famoso aqui na Bahia, o Água Para Todos. A gente vai voltar com o Luz Para Todos.
E vocês sabem que agora todas as pessoas do Bolsa Família têm direito ao Farmácia Popular, pegar remédio gratuito. Vocês sabem da importância disso para as pessoas mais pobres.
Esse país precisa gerar empregos, porque a coisa mais dignificante para um ser humano, homem ou mulher, é ele ter um emprego. E com esse emprego, ele todo dia levantar e trabalhar e voltar pra casa todo dia pra cuidar da sua família; e no final do mês, com o seu salário, ele poder sair com a sua família, ou se ela for mulher, que seja chefe da família, sair com a sua família também e comprar aquilo que ela quer comprar pros seus filhos, aquilo que ela dar para seu marido ou o seu marido dar pra sua mulher. Porque é isso que traz felicidade, minha gente, é isso que traz orgulho na gente. É a gente saber que a gente tá com o nosso suor e com o nosso sangue trabalhando, ganhando nosso salário da forma mais honesta possível e ganhando salário justo para que a gente possa viver uma vida mais qualificada.
A gente não fez uma aposta pra ser pobre. Ninguém quer ser pobre, ninguém gosta de pobreza, ninguém gosta de comer mal, ninguém gosta de vestir mal, ninguém gosta de estar numa escola de baixa qualidade. A gente nasceu para ter aquilo que é de melhor. Por isso é que a gente se esforça, por isso é que a gente trabalha, por isso é que a gente quer que esse país volte a crescer.
E, eu queria dizer aos empresários: que você pode ter certeza que valeu a pena vocês acreditarem nesse projeto. Eu quero estar vivo, quero estar na presidência da República para que a gente venha inaugurar o fim e a entrega dessa ferrovia ao povo baiano, ao povo de Goiás, ao povo do Mato Grosso e, sobretudo, ao povo brasileiro.
E queria dizer pra vocês que esse povo baiano é um povo, não só um povo muito alegre, talvez o mais alegre do país, talvez o mais alegre, mas é um povo muito trabalhador, muito trabalhador. Por isso é que as coisas aqui tão dando certo há muito tempo. Desde o Galego eleito 2006, reeleito em 2010; o Rui eleito em 2014, reeleito em 2018; e agora o filho do vaqueiro é o nosso governador pra fazer com que a Bahia volte a dar certo.
Eu quero agradecer aos empresários pela confiança e a porta que tão fazendo nesse projeto. Qualquer problema com o governo é ir na Casa Civil pro Rui resolver. Porque ele tem que fazer as coisas acontecerem no Brasil como ele fez acontecer com o Jaques Wagner governador, como ele fez como governador e como o Jerônimo vai fazer aqui. Se a Bahia der certo, o Brasil vai dar certo, e se o Brasil dar certo, o povo vai ser muito mais feliz. Um abraço e vamos nos encontrar na inauguração dessa ferrovia. Um abraço.
Eu só queria fazer um alerta pros prefeitos aqui. Eu fiquei sabendo que os prefeitos iam me procurar para conversar comigo [trecho com queda na transmissão] (...) acontece o dinheiro. Se não tiver projeto fica mais difícil, e eu acho que Ilhéus e essa região merece um aeroporto um pouco melhor do que o que nós temos hoje. Um abraço, gente, e boa sorte pra vocês.