Pronunciamento do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura de reunião ministerial
TRANSMISSÃO | Pronunciamento do Presidente Lula em reunião ministerial
Companheiros das empresas públicas; representantes dos bancos públicos; companheiro da Petrobras; companheiros assessores; companheira Janja.
Eu queria só explicar para vocês que está faltando o companheiro [Fernando] Haddad e a Simone [Tebet] porque estão numa reunião e vão chegar um pouquinho mais tarde. Eu estou vendo que os líderes na Câmara e no Senado já estão presentes e o [Ricardo] Stuckert já está presente, com a turma dele da imprensa.
Eu queria primeiro comunicar vocês que talvez essa seja a última reunião ordinária que eu faça antes da reunião que a gente vai fazer no final do ano. E essa reunião tem como pressuposto o segundo passo do nosso governo. Até agora, nós tivemos tratando da organização do ministério, nós estávamos tratando da briga de orçamento, estávamos tentando recuperar parte de todas as políticas públicas que tinham sido desmontadas nesse governo, inclusive, remontando algumas políticas desmontadas. Essa parte já está cumprida.
Falta, agora, a gente fazer o lançamento do Programa Luz para Todos, que ainda precisamos anunciar; e me parece que o Programa Água para Todos, que também falta anunciar.
Então, essa reunião é para que cada ministro e cada ministra tenha dez minutos; oito minutos para falar, com tolerância de dois, coordenada pelo companheiro Rui [Costa], que vai avisar quando tiver oito minutos.
O que é preciso fazer?
Primeiro, é muito importante que vocês digam claramente o que já foi feito. Se tiverem alguma dificuldade, digam a dificuldade.
Em segundo lugar, dizer quais são os próximos passos, porque nós temos que lançar agora no começo de julho um novo programa de desenvolvimento, que quando a Miriam [Belchior] falou de PAC 3, eu falei deve ser mudado de nome, mas tá difícil encontrar outro nome. Então acho que vai ser PAC 3, mesmo porque é um nome que já está consolidado junto a uma parte da sociedade, já está consolidado junto a quem trabalha na área de investimento público, de construção civil. Possivelmente, a gente faça de outra cor, mas faça um novo PAC.
E a gente vai ter que lançar esse Programa, porque vocês sabem que daqui pra frente a gente vai ser proibido de ter novas ideias, a gente vai ter que cumprir aquilo que a gente já teve capacidade de propor até agora. A única coisa que pode mudar é a criação de escolas, porque cada vez que uma pessoa pede uma escola, eu vou dizer que nós vamos fazer. Então, você se prepare Camilo [Santana] e deixe uma verba reservada pra fazer coisas novas que não estavam previstas no seu orçamento.
Aliás, ontem surgiu uma coisa interessante que eu não falei com você, mas que eu já aceitei: que é fazer uma faculdade de matemática no Rio de Janeiro para que a gente possa, a cada Olimpíadas, colocar 100 alunos premiados nessa escola de matemática, pra eles virarem especialistas nesse país. Nós estamos precisando disso. A ideia é que a gente possa ter quantos alunos a gente puder colocar na faculdade. Vamos começar com 100, mas depois pode ser 200, 300, 400. Eu acho que é um sonho que a gente vai realizar pra essa meninada que se esforça muito para participar das Olimpíadas da Matemática, e a grande maioria são meninos pobres de escola pública. Eu não esqueço nunca que o primeiro menino que me emocionou foi um menino que era, acho, tetraplégico, porque o pai levava ele pra escola num carrinho de pedreiro, e esse moleque ganhou a medalha de ouro de matemática. É um cearense.
Isso demonstra a posição de destaque do Ceará na educação. Eu fiquei muito, muito, muito, sabe, abismado quando eu fiquei sabendo que 37% dos alunos do ITA [Instituto Tecnológico de Aeronáutica] são do Ceará. (...) Então, agora já passou para 60%, viu. Então, tem uma divergência boa entre a Defesa e a Educação. Nós vamos depois saber quanto é de verdade. Mas o que eu sei é que acima de quase 40% de alunos são do ITA, o que é uma coisa invejável para que todos os outros estados tentem se espelhar no Ceará, e que a gente tenha mais estudantes no ITA dos estados, e sobretudo crianças vindas das escolas públicas.
Nessa reunião aqui, nós vamos ouvir primeiro os líderes na Câmara, no Senado e no Congresso. Depois nós vamos abrir a palavra para os ministros, cada companheiro terá, de forma mais tranquila, seus dez minutos pra falar, e a partir daí nós vamos, sabe, essa reunião vai demorar pelo menos umas seis horas ou um pouco mais. Não teremos almoço, o almoço será uma comida leve, servida aqui na mesa, ninguém precisa se levantar. Enquanto um fala os outros comem, e assim a gente vai revezando a nossa degustação na hora do almoço. O Flávio Dino também, mas nós vamos trazer pouca comida pra ele.
O que eu espero, companheiros, é que essa reunião possa dar para nós, e, sobretudo, para os companheiros da Casa Civil, o Rui e a turma que trabalha com ele, que recebe os projetos que tentam restabelecer as mudanças necessárias nos projetos para que a gente possa sair daqui com a certeza de que o governo já tem no papel e na cabeça tudo aquilo que a gente vai fazer até o dia 31 de dezembro de 2026.
Vocês estão lembrados que na primeira reunião eu disse: "nesse Governo não haverá política de ministro". Isso é um governo, e as políticas todas serão do Governo. Por isso, o ministro não pode apresentar uma proposta, sabe, e começar a fazê-la sem discutir com a Casa Civil, sem transformar isso em uma política de Governo. É assim que tem que ser e é assim que funciona um governo sério. Não é a política de cada ministro, é a política do governo que nós fazemos parte.
Seja na questão da Justiça, seja na questão da Educação, seja na questão da Igualdade Racial, seja na questão dos Direitos Humanos, nós vamos tentar estabelecer o que nós vamos fazer daqui pra frente, comunicar a imprensa, e pedir para que a imprensa possa ter condições de a cada dois meses, a cada três meses, Rui, a gente fazer como fazia no PAC, a gente presta contas à imprensa brasileira do que está sendo feito daquilo que nós decidimos fazer.
Nada será escondido. Nenhuma dificuldade será escondida, nenhum problema será escondido e tudo aquilo que a gente fizer, a gente quer tornar público. Daí porque vai ter uma discussão sobre a questão da relação dos ministros com a Secom [Secretaria de Comunicação Social].
É importante que a gente saiba: a gente pode fazer divulgação das coisas que a gente faz com muito mais profissionalismo se a gente tiver o mínimo de educação de fazer as coisas coletivamente. É pra isso que nós colocamos o deputado Paulo Pimenta, aquela figura simpática, alegre, sorridente, gaúcha dos pampas de Santa Maria, pra coordenar a nossa comunicação.
Então, companheiros, eu agora não vou passar a palavra pro Alckmin porque hoje ele não vai falar como vice-presidente, hoje ele vai falar como ministro da Indústria e Comércio pra dizer o que ele já fez e o que ele vai fazer daqui pra frente, porque ele vai ter que fazer umas viagenzinhas no meu lugar pra eu ficar mais no Brasil.
Então, companheiro Rui Costa, em nome da nossa democracia, dirija essa reunião.