Pronunciamento do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante recriação do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável
Meus amigos e minhas amigas, minha querida companheira Janja, meu caro companheiro Geraldo Alckmin, vice-presidente da República. Nossa querida embaixadora Maria Laura da Rocha, que é a 1ª mulher a assumir a secretaria geral do Itamaraty.
Meu querido companheiro Rui Costa, ministro chefe da Casa Civil; Flávio Dino (da Justiça); Fernando Haddad (da Fazenda); Márcio França (dos Transportes); Camilo Santana (da Educação); Luiz Marinho (do Trabalho e Emprego); Wellington Dias (do Desenvolvimento Social); Nísia Trindade (da Saúde); Simone Tebet (do Planejamento); Esther Dweck (da Gestão, Inovação e Serviços Público); Juscelino Filho (das Comunicações); Luciana Santos (da Ciência e Tecnologia); Marina Silva (do Meio Ambiente e Clima); Ana Moser (do Esporte); Waldez Góes (da Integração e Desenvolvimento); Jader Filho (das Cidades); André de Paula (da Pesca); Cida Gonçalves (das Mulheres); Anielle Franco (da Igualdade Racial); Sílvio Almeida (dos Direitos Humanos); Sonia Guajajara (dos Povos Indígenas); Márcio Macêdo (da Secretaria Geral da Presidência da República); Paulo Pimenta (da Secretaria de Comunicação Social); Jorge Messias (da Advocacia Geral da União); Vinícius Carvalho (da Controladoria Geral da União); e companheiras presidentas e presidentes de bancos públicos estatais, Tarciana Medeiros (do Banco do Brasil); Rita Serrano (da Caixa Econômica); Aloizio Mercadante (do BNDES), e Jean Paul, companheiro presidente da Petrobras.
Eu estava estranhando porque há poucos momentos na história hídrica do Brasil que a gente tem tanta água reservada para tocar energia. Tem gente até pedido para não chover mais de algumas regiões e, faltar a energia justo na hora que eu vou falar, eu falei, isto aqui é boicote.
Eu não sei se eu falo senhores ou senhoras, se eu falo amigos ou amigas. Eu vou criar o hábito de tratar vocês de companheiros e companheiras. Porque daqui pra frente, a gente vai sentar juntos com pessoas que a gente pensa diferente ideologicamente, pensa diferente economicamente e pensa diferente sobre várias outras coisas. Mas, a riqueza da democracia é exatamente essa, é a gente não ser igual.
Imagina se todo mundo fosse igual? Pensasse a mesma coisa? Falasse a mesma coisa? O mundo não teria graça! Isso aqui é um espelho para a sociedade que nós estamos criando nesse momento.
Vai depender muito de nós, o futuro, que na minha opinião chegou depois das eleições.
Esse país viveu momentos de Trevas. Eu tenho 77 anos e eu nunca tinha vivido um momento de tanta esculhambação da democracia, como aconteceu nesse país. Era um momento em que ministro da Suprema Corte não podia sair na rua, não podia ir no restaurante. Deputado não podia pegar um avião, a classe política totalmente desmoralizada, e a xenofobia tomando conta das coisas. Crianças ofendidas nas escolas, bullying pra tudo que é lado, ofensas, até chegarmos à violência, com morte entre pessoas que discordavam politicamente. Eu sei o papel do Conselhão no outro governo. E, tenho muita convicção do que vai ser o Conselho daqui pra frente.
Antes de eu ler o meu discurso, e o meu discurso escrito é para não cometer nenhuma gafe, e amanhã não ser a notícia mais falada na rede, que de social tem pouca coisa e de digital, tem muita coisa, e tem muita coisa boa e muita coisa ruim.
E, minha mãe sempre dizia que é preciso tomar cuidado porque a mentira sempre tem uma velocidade maior do que a verdade, porque a verdade você tem que explicar, a mentira não! Você mentiu, acabou!
Mas, a verdade você tem que convencer as pessoas de que aquilo é verdade, por isso, nós, os mais velhos aprendemos em casa que, a mentira voa e a verdade anda.
Esta é uma das práticas que predominou nos últimos anos. E eu queria que você tivesse um conta que o Conselhão, esse conselho, repleto de diversidade, repleto de diferenças, pode ser uma fotografia do Brasil que nós queremos construir.
Aqui não é um espaço para as pessoas virem falar bem do governo, aqui também não é o espaço para as pessoas virem só fazer diagnóstico. Aqui é um espaço vocês ajudarem a governar esse país! Aqui é um espaço para vocês dizerem como é que vocês querem que as coisas sejam feitas. Não é um espaço de queixa, é um espaço de reclamação, é um espaço de produção. Por isso, eu quero parabenizar a todos os conselheiros e conselheiras que tomaram posse hoje.
Esta reunião, ela ilustra o que há de mais importante, bonito e verdadeiro na política, a força do diálogo franco e construtivo. Nesta sala estão reunidos representantes dos mais diversos setores da sociedade. Juntos, vocês formam o Brasil real!
Mas o que vemos aqui hoje não é apenas do retrato do Brasil que somos, mas também o retrato do Brasil que queremos ser. Estou falando de um Brasil no qual o diálogo e a busca de consensos serão sempre mais fortes que o ódio e as tentativas fracassadas de desunir o país.
Um Brasil no qual as diferenças são postas na mesa e debatidas com serenidade, em vez de se transformarem em discussões raivosas na Internet. Um país que busca a aproximação entre os diferentes, e não a demonização daquele que não é igual. Um Brasil no qual as decisões mais importantes para o futuro do país são tomadas à luz do dia, face a face, olho no olho.
Minhas amigas e meus amigos, um país, antes de tudo, democrático.
O Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável – do qual eu tenho a honra de participar ao lado de cada um e de cada uma de vocês –, é o espaço onde buscaremos os entendimentos que a nação brasileira precisa para vencer os grandes desafios que se colocam à nossa frente.
Esses desafios são muitos, e são urgentes. Para que sejam superados de uma vez por todas, precisamos do engajamento da sociedade como um todo.
Estou falando do desafio da fome, que, por conta do descaso do governo anterior, voltou a assombrar o dia-dia de milhões de brasileiros.
Vocês sabem que não é compreensível um país que tem 5 milhões de propriedades rurais, como disse a nossa companheira, dos quais 4,650 milhões são de propriedade de até 100 hectares. Um país que pode ser o maior produtor de grãos do mundo, não tem explicação que a gente seja o terceiro o maior produtor de alimento do mundo, o primeiro produtor de proteína animal, e a gente tenha pessoas passando fome, pessoas comprando um pé de frango porque não pode comprar meio quilo de frango. Isso não é economicamente explicável, não é extraoficialmente explicável, isso demonstra o tipo de sociedade que nós somos.
Porque por todas as crises que nós passamos, a gente percebe é que o Brasil sai da crise, que o Brasil pode crescer. A gente deu demonstrações de que o Brasil chegou a ser a 6ª economia do mundo. O Brasil chegou a ser protagonista internacional, em que pouca coisa se discutia na questão do clima. Nada se discutia sem ouvir o Brasil, embora muitas vezes não levasse a sério aquilo que o Brasil falava.
Nós somos um país em que nós não precisamos derrubar mais uma árvore para aumentar nossa produção até pra ser dobrada. Eu acho que aqui vocês vão ter que algum momento discutir como é que a gente vai recuperar as terras degradadas deste país, para que a gente possa preservar o que tem que ser preservado e produzir o que a gente tem que produzir. Não é necessário nem queimada, nem desmatamento. Não é necessário destruir aquilo que amanhã poderá ser o prejuízo da própria humanidade. Então, eu acho que nós temos que discutir coisas que nós não discutimos ainda.
Eu na verdade estou falando da desigualdade, essa muralha de concreto e injustiças que faz com que o Brasil não reconheça o Brasil.
Seria muito importante se a gente pudesse pegar todo vocês, colocar em um avião grande e levar vocês pra conhecer o Brasil. Não o Brasil do Plano Piloto, o Brasil da Esplanada dos Ministérios, não apenas o Brasil da Faria Lima, da Avenida Atlântica, de Boa Viagem. Não apenas o Brasil que uma pequena parte da sociedade tem acesso, mas o Brasil que todos nós vivemos.
É muito duro você viver num país em que as pessoas já tiveram chance, a economia desse país já cresceu 14% ao ano, e quando os Institutos de Pesquisa aferiram o resultado do crescimento, que foi excecional, o povo tinha ficado mais pobre. Porque a massa salarial e as conquistas sociais não acompanham o crescimento da economia desse país.
Vocês se lembram quantas coisas nós fizemos, abrimos financiamento especial para geladeira, para fogão, para a linha branca, de tudo, para automóveis. A fábrica de automóveis não está vendendo bem! Mas, qual é o pobre que pode comprar um carro popular por R$ 90 mil?
O carro de R$ 90 mil não é popular, é para a classe média. Sabe, popular é um carro mais barato mais simples, e o povo não gosta também desse nome popular, que é quando fala vai comprar um carro popular, uma geladeira popular, um fogão popular. Tudo é rebaixar a gente.
As pessoas gostam de comprar o que podem, mas aquilo que ele comprou é o melhor, então pra que codificar de popular? Vamos fazer carro a preços mais compatíveis, aumentar prestações. Eu brigava muito a minha equipe econômica, eu estou vendo o Haddad ali. Na época não era o Haddad, era o Guido Mantega. Eu falava Guido, olha: o povo mais pobre, ele sofre as consequências dos juros, mas ele não reclama porque para ele o que interessa é se a prestação do bem que ele vai comprar cabe no bolso dele. Não adianta comprar uma coisa de juros zero e ele não poder pagar a prestação.
Eu não estou dizendo isso, Roberto Campos, porque concordo com você, não! Todo mundo aqui sabe que esse conselho pode até discutir taxa de juros, se quiser.
É engraçado, é muito engraçado, o que se pensa desse país, todo mundo aqui pode falar de tudo, só não pode falar de juros.
A Federação, a Fiesp – precisa tomar muito cuidado para falar de juros. A Federação do Comércio, muito cuidado, as indústrias têxteis, muito cuidado. Todo mundo tem que ter cuidado, ninguém fala de juros, como se um homem sozinho pudesse saber mais do que a cabeça de 215 milhões de pessoas.
Teremos que melhorar a desigualdade no Brasil. Ela é ampla, geral e irrestrita. Porque a desigualdade ela está no salário, ela está na qualidade de emprego, ela está na qualidade da saúde, ela está na qualidade da educação, ela está na igualdade do dentista que você usa, na praia que você vai. Até a praia, que é um bem público mais democrático do planeta Terra, que é um espaço de todo mundo, muitas vezes as pessoas pobres não têm condições de ter acesso à praia e, se forem muito, vão dizer que é o arrastão.
Como é que a gente faz para melhorar esse país? Se a gente for analisar o discurso de Dom Pedro II, o discurso do 1º, do 2º, do 3º, do 4º, do 5º, do 6º e de todos os presidentes da República, vocês vão ver que a palavra social está lá. Não tem nada mais belo do que o capítulo da nossa constituição que fala da questão social. Não tem nada mais belo! É tudo! Parece que você está lendo a constituição da Dinamarca, da Finlândia, tal a beleza de conquistas que o povo teve, mas que na hora da regulamentação, a gente não consegue regulamentar, por que a correlação de força política muitas vezes é contrário àquilo que está no princípio constitucional.
Então, como é que nós, sociedade que vivemos em 2023 vamos tentar fazer o Brasil ser diferente uma vez na vida?
Nós temos desigualdade racial, desigualdade de gênero, de raça. Nós temos desigualdade de oportunidades. Que oportunidades têm as pessoas pobres?
O Haddad, quando o ministro da Comunicação, criou oportunidade para as pessoas pobres fazerem universidade de qualidade, criando o Prouni, o Reuni, as escolas técnicas. E isto permitiu que pela 1ª vez na história do Brasil, filho de empregada doméstica, filho de pedreiro, filho de lixeiro, pudesse ter uma vaga na universidade e se transformar em doutor.
Hoje, meu caro Jobim, hoje, se você entrar na USP, você já vai ver metade dos estudantes de cor negra ou parda, coisa que era impossível há 20 anos atrás, era muito impossível. Então, o que nós precisamos demonstrar é que é possível fazer este país ser mais justo. Eu não sei qual é o prazer que cada um de nós tem, quando passam no centro de São Paulo, ver aquela quantidade de gente dormindo na sarjeta, como é que nós nos sentimos? Como é que a gente vai pra casa, Chalita, e deita? Sabendo que próximo da gente tem uma pessoa que não teve o que comer e, na casa da gente muitas a gente joga comida no lixo!
Que tipo de humanismo nós queremos consolidar nesse país? Eu pelo menos luto, Chalita, luto muito para não ser algoritmo. Eu quero continuar a ser humano, com sentimento, com paixão, amando de verdade e não um cara robotizado, acompanhando informações de terceiros.
Olha, nenhum companheiro, nenhum governo por mais competente, responsável e humanista que seja, é capaz de resolver tudo sozinho os problemas de um país. Por isso, vocês acreditem: eu estou botando muita expectativa, muita esperança no mundo que vocês podem criar a partir das discussões aqui.
Quando a gente aprovar as coisas boas aqui, a gente vai ter que depois ser mandado para aprovar no Congresso, para aprovar no Senado. Por que o governo é fácil convencer. Porque conversou com o presidente da República, convenceu o presidente, o governo segue o presidente. Mas, quando a gente for para o Congresso, são 513 deputados, 513 cabeças diferentes, e 81 senadores. Aí é preciso mais capacidade de convencimento, e aqui eu estou vendo alguns empresários que sabem disso, porque já ganharam e já perderam coisas que propuseram ao Governo.
Além do desafio da fome e da desigualdade, falo também das urgências ambientais que nos obrigam em um horizonte cada vez mais próximo, reduzir as emissões de carbono e a zerar o desmatamento no Brasil.
Precisamos multiplicar a produção agrícola sem derrubar nenhuma árvore a mais, precisamos de uma nova base industrial fortemente tecnológica, digitalizada e sobretudo limpa e inovadora. Temos que acelerar a transmissão da matriz energética e assumir de vez o nosso papel de liderança mundial em fontes renováveis. Não tem no mundo, nenhum país com a capacidade de fonte energética renováveis que tem o Brasil.
Nós temos tudo que quase todos os países do mundo gostariam de ter, mas não tem. E nós temos de sobra, e é urgente que a gente mostre ao mundo que o Brasil não só fala da questão da preservação do clima, como o Brasil vai cumprir aquilo que for necessário.
Não é uma, são várias! Desde o etanol, do biodiesel, da energia hídrica, da solar, da biomassa, da eólica. Nós temos muita, mas muita possibilidade. Agora surge o hidrogênio verde, que só se fala nisso no Nordeste, ou seja, Deus queira que a gente consiga colocar em pratica logo, para que a gente possa mais uma vez, se a gente puder, vender energia. Porque aí o hidrogênio a gente pode exportar, se a gente quiser. E tem muito mercado!
Os debates que ocorrerão aqui não irão num passe de mágica resultar em soluções que atenda a cada ponto de vista individual. Mas, esses debates certamente possibilitarão que identifiquemos pontos em comum entre os mais diferentes olhares de vivências, em busca de um denominador comum, e sobretudo, ajudarão a construir acordo de consensos em torno de como enfrentar os principais desafios da nossa geração e das futuras gerações.
Até o dia 31 de dezembro de 2026, vocês terão um intenso e importante trabalho pela frente – nas plenárias, nas câmaras e nos grupos temáticos deste Conselho.
Estou certo de que suas ideias, experiências e o compromisso com o nosso país serão elementos fundamentais para a reconstrução que precisamos fazer no Brasil.
Minhas amigas e meus amigos, não é apenas a caneta de um presidente ou de um ministro que faz as políticas públicas saírem do papel para a vida real de milhões de cidadãos e cidadãs. Tampouco é a publicação de um decreto ou o lançamento de um programa que garante o seu sucesso.
A verdadeira solidez e eficácia das políticas públicas vêm do fato de elas serem consideradas legítimas e necessárias pelos mais amplos setores da sociedade.
Eu lembro, Alckmin, do nosso saudoso Franco Montoro, que ele dizia: no Brasil tem lei que pega e lei que não pega, e é verdade! É o único país do mundo que tem lei que pega e lei que não pega. Se a sociedade não gostar da lei, ela não pega. Se a sociedade gostar, ela pega. Então, é importante que quando a gente faça uma lei, a gente tenha a percepção de como a sociedade vai reagir àquilo que nós estamos fazendo.
Construir uma política pública sólida requer uma rica jornada de diálogo, de busca de necessidades comuns e as pactuações que temos que fazer abertas e transparentes.
Ao longo de meus dois primeiros mandatos de presidente da República, o então Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social contribuiu de forma extraordinária para a formulação das políticas que fizeram do Brasil um país melhor e mais feliz para se viver.
O crédito consignado, nós recebemos orientação do movimento sindical brasileiro, o Marinho ainda era presidente da Central Única dos Trabalhadores. O Minha Casa, Minha Vida, as primeiras discussões foram feitas no Conselhão, o PAC, as primeiras coisas foram feitas aqui no Conselhão. Significa que vocês têm que ter clareza que aquilo que vocês aprovarem aqui será levado muito a sério pelo governo. Por que, senão, não teria sentido fazer o Conselhão. E muito mais o conselho agora com o nome sustentável, não teria nenhum sentido.
Foi a inovação que teve no conselho, foi a palavra sustentável e trazer a presidenta do povo Palmeiras para participar. Quem sabe, sabe, quem pode, pode!
Veja, dos debates sobre a necessidade de investirmos em habitação, no âmbito do Conselho, nasceu o maior programa de habitação popular que esse país conheceu: o Minha Casa minha Vida.
O mesmo, só pra ter ideia o que aconteceu, o Minha Casa, Minha Vida, nós fizemos 4,2 milhões de moradias. Contratamos e entregamos 2,7 milhões até a Dilma deixar o governo. Hoje, só pra vocês terem ideia, eu estou viajando o Brasil, para inaugurar conjuntos habitacionais que estavam faltando 10%, 15% e que não foram acabados.
Eu agora, vou com o ministro da Educação viajar o Brasil para fazer 1.700 creches que ficaram paralisadas. Ou seja, é inexplicável, porque o país precisa de creche, o país precisa de lugar para as mães poder colocar seus filhos para poder exercer a sua liberdade de ir trabalhar, de passear, de fazer o que ela quiser. E essas creches ficaram paralisadas.
Nós temos 14 mil obras paralisadas, desde obras pequenas a obras grandes, que ficaram paradas. E é aqui, que agora, nesse mês de maio, eu estou indo para a Inglaterra amanhã, é importante vocês saberem, eu vou na coroação de sua Excelência, o Rei da Inglaterra, e quando eu voltar nós vamos ter uma reunião para poder lançar um outro programa de investimento nesse país, que nós queremos que participe, o Estado brasileiro, com dinheiro. O Haddad tem que saber que, nós temos que colocar dinheiro, que participe os empresários brasileiros, e que participe, sabe, financiamento de fora. Porque agora os ministros vão ter que aprender a sair com pacote de projeto lá para fora não é com discurso.
Discurso não arruma dinheiro, o que arruma é você mostrar concretamente a eficácia do que você está propondo. E nós vamos fazer isso. E eu quero lembrar, Alckmin, que o meu amigo Furlan, eu queria que ele fosse mascate, e ele foi um grande mascate. Ele viajou muito este país, o Alfredo sabe disso, tentando vender cada coisa que a gente produzia aqui. Eu conto sempre uma história que nós gastamos 500 mil dólares para fazer uma feira de sapato num país árabe que eu não me lembro qual era, eu lembro que um jornal brasileiro estampou a manchete: Lula gasta 500 mil dólares para fazer feira no exterior. Só que não disse que nós vendemos uns 50 milhões de dólares. Então, toda moeda tem que ter as duas faces, e eu acho que nós temos um mercado extraordinário. Eu digo depois da viagem que eu fiz que poucas vezes na história, o Brasil tem a chance de atrair capital de investimento direto como agora. Pode ficar certo que nós vamos fazer.
O mesmo ocorreu com o Programa de Aceleração do Crescimento, cujo embrião também nasceu no Conselho que possibilitou a retomada das grandes infraestruturas no Brasil, depois de quase 30 anos sem obras.
Se eu perguntasse pra vocês agora, se aqui fosse um vestibular, eu perguntasse para vocês quais são as três grandes obras de infraestrutura que estão sendo feitas no Brasil neste instante? Se alguém lembrar uma, fica livre de participar de uma reunião do Conselhão.
Veja a diferença do que eu estou falando, em 2010 eu fui fazer um debate na Inglaterra, a convite da Telefônica da Espanha, e lá só se falava em crescimento da China. Era só China, só China. E, eu sou presidente de um país grande também. Aí eu falei para os caras o seguinte: eu desafio vocês a mostrarem um país que no mesmo instante está produzindo as três maiores hidrelétricas do mundo. Que está produzindo 12 estádios de futebol, que vai fazer as obras das Olimpíadas, que está fazendo 20 mil quilômetros de linhas para transportar energia. Que está fazendo 2 mil quilômetros de ferrovia e não sei quantos mil quilômetros de estrada, acho que era 5 mil. Eu tinha isto tudo decorado na cabeça. E o pessoal ficou quieto. Esse país era o Brasil.
Um dia eu viajei de avião com o Aloísio Mercadante, eu dei uma carona para o Aloísio Mercadante, e o Aloísio, além de bom economista, tem boa cabeça. Ele estava escrevendo um livro, e ele começou a falar do livro, das coisas que aconteciam, começou a falar, e eu comecei a dizer o seguinte: Haddad, que país é este? Ele estava falando do Brasil.
A gente não se deu conta do que aconteceu nesse país em 2003 a 2010 e depois de 2010 a 2016. De vez enquanto é que a gente só lembra da desgraça. Olha, esse país viveu o período mais extraordinário que eu consegui viver nos meus 77 anos, em que as pessoas tinham alegria nos olhos, as pessoas tinham certeza que podiam comprar coisas, as pessoas tinham certeza que arrumavam emprego. Naquele período nós geramos 22 milhões de empregos com carteira profissional assinada.
Quando a gente fala isso, tem gente que pensa que a gente é contra os trabalhadores que trabalham com o aplicativo. Não! Eu não sou contra, não. A única coisa que eu quero é que caiba ao Estado garantir pra essa gente, a seguridade social. Se a bicicleta cai, se o carro bate, se a motocicleta quebra, esse cidadão se machuca, quem vai pagar por ele?
Nós temos que tratá-lo como ser humano, por isso, é que nós temos que tentar fazer uma bela regulação, para que a gente tenha um mundo de trabalho mais civilizado. Eu chamo em criar um novo pacto, sabe, entre capital e trabalho.
Bem, a política de valorização do salário-mínimo, cresceu 74% acima da inflação e teve efeito direto na redução da pobreza e no crescimento econômico do país. Foi igualmente, como eu disse, debatida aqui também. O salário mínimo é a maior distribuição de renda que a gente pode fazer para as camadas das pessoas mais pobres desse país. O efeito é extraordinário!
O resultado desses debates foi materializado em Medidas Provisórias e Projetos de Lei aprovados pelo Congresso, que mudaram a vida de milhões de brasileiros. Tenho certeza de que, em meu retorno, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, agora acrescido da palavra “Sustentável”, desempenhará um papel tão ou mais importante do aquele que teve na fase anterior. E será fundamental para a formulação de políticas públicas para este país.
Precisamos aprimorar nossas políticas educacionais. Retornar nosso protagonismo nos foros globais. Repensar as novas relações de trabalho mediadas pelas plataformas. E trazer a inovação para aproveitar o melhor da economia digital.
Meus amigos e minhas amigas, a grande novidade na composição desse Conselho – e nisso quero reconhecer o trabalho extraordinário do ministro Alexandre Padilha. Eu espero que ele tenha a capacidade de organizar, de articular, que ele teve no Conselho dentro do Congresso Nacional. Aí, vai facilitar muito. É porque esse conselho está mais diverso e mais representativo. Então, aqui gente, olha, embora, vocês não saibam ou não acreditem, aqui o que está reunido aqui hoje é a cara da sociedade brasileira, faltou só convidar o presidente do Corinthians para estar aqui. Mas, o Corinthians, neste instante, não representa esse futuro que eu estou falando aqui. Então vamos lá!
Nós temos participação maior dos movimentos sociais e de novos setores da economia, a exemplo das startups e das fintechs. Avançamos na representação regional e, graças a Deus as mulheres estão aqui, com quase maioria e se vocês trabalharem poderão ter maioria, por que de vez em quando pode entrar gente nova no Conselhão. Então, as mulheres podem conquistar a maioria aqui.
Precisamos, é claro, avançar ainda mais. Essa é uma missão que, tenho certeza, que a competência do Padilha, vai ajudar que cresça mais.
Há quem considere um defeito a composição heterogênea desse Conselho. Quando, ao contrário, essa é justamente a sua principal virtude: o diálogo entre os diferentes. A união de todos e de todas num esforço comum pela reconstrução do Brasil.
Esse esforço democrático há de gerar muitos frutos ao longo dos próximos anos. Mas os primeiros desses frutos já estão sendo colhidos agora, aqui mesmo nesta plenária. Esses frutos se chamam “civilidade” e “diálogo democrático”.
O Brasil voltou. E ele não mais será o país do monólogo, do autoritarismo, dos ataques à democracia, do pensamento único imposto à força.
A união e a reconstrução do Brasil nascem do diálogo. Da nossa fé inabalável no amor ao próximo. Da solidariedade e da fraternidade. Da capacidade de escutarmos o outro.
Nasce da certeza de que a diversidade, em vez de nos separar em dois Brasis, representa o que temos de melhor, a nossa identidade brasileira. A diversidade não nos separa, mas nos complementa, nos une neste país que compartilhamos e que tem que tratar com respeito cada um dos seus filhos que nasceu nessa terra.
Somos muitos, e somos apenas um. Somos o Brasil.
Muito obrigado!
É o seguinte, a ministra Simone Tebet tá mandando aqui o seguinte aviso: a Câmara acaba de aprovar por maioria absoluta, a igualdade de salário entre mulheres e homens.