Pronunciamento do presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, no Seminário Internacional "Cooperativas pelo Desenvolvimento Sustentável"
Boa tarde a todas e a todos.
Quero cumprimentar a embaixadora Maria Laura da Rocha, ministra de Estado das Relações Exteriores em exercício; deputado federal Arnaldo Jardim, preside a Frente Parlamentar do Cooperativismo; Márcio Lopes de Freitas, presidente do sistema OCB, Organização das Cooperativas do Brasil; Graciela Fernández, presidente da Aliança e Cooperativa Internacional para as Américas; Andrew Allimadi, Ponto Focal da ONU para o Cooperativismo; senhores membros do corpo diplomático, senhoras e senhores.
Dizer da alegria de participarmos aqui desse encontro no Itamaraty, na sua casa Maria Laura, pra celebrarmos o cooperativismo.
Eu, em casa desde menino, sempre vivi o cooperativismo. Meu tio João não era do café, como é o Márcio, mas era do leite. Ele foi presidente da OCESP, Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo, e presidente da OCB.
Eu, deputada Perpétua, fui três vezes cooperado. Sou cooperado, cooperado como médico – aliás, a Unimed na minha cidade tem um grande e ótimo hospital –; cooperado como pequeno produtor de leite, que fui da COMEVAP [ Cooperativa de Laticínios do Médio Vale do Paraíba]; e como segurado, meu seguro saúde é de uma cooperativa, que é a Unimed.
Mas, queria trazer uma palavra sobre o futuro. Eu perguntava ali ao Márcio Freitas: cooperativismo tem 140/150 anos, enfim, é uma entidade, uma instituição secular, mas ele é importantíssimo para hoje e para o futuro. Se ele já era importante há um século atrás, hoje ele é muito mais importante. Porque o que que nós assistimos no mundo: um mundo mais rico e um mundo mais desigual. Essa é a realidade mundial. Então, um mundo mais rico há uma grande liquidez; e o mundo mais desigual, as diferenças aumentam.
Quem tem capital, o rico fica milionário, o milionário bilionário, o bilionário trilionário. Quem não tem capital, emprego escasso pelo avanço da tecnologia, e salários menores. Só tem um caminho para que o pequeno possa sobreviver, ter escala, competir, ter suporte de apoio, alcançar novos mercados, é através do associativismo e cooperativismo.
Aliás, o associativismo eu me lembro permanentemente em casa meu pai dizendo: "não basta viver, é necessário conviver e participar, e participar". O associativismo é uma filosofia, é uma maneira de enxergar o mundo, ele é cristão, ele é fraterno, de você participar da vida da sua cidade, da sua igreja, do seu bairro.
E o cooperativismo, onde você procura, através da cooperação mútua, poder crescer. E a gente vê isso permanentemente. E ficamos felizes de ver o crescimento do cooperativismo no Brasil. Ganha a sociedade, não ganha só os cooperados, ganha a sociedade.
Cooperativismo cresce na saúde, cresce nos transportes, cresce no agro, cresce no crédito. Importantíssimo você ter melhor acesso a crédito, a cooperativas de crédito, de trabalho, de serviços, de infraestrutura. Enfim, esse é o caminho.
O deputado Arnaldo foi meu secretário da Agricultura em São Paulo, e sempre, querido Márcio, era: fortalecer o cooperativismo, fortalecer o associativismo. Nós fizemos dois financiamentos do BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento] em São Paulo. Um era recuperação de solo, então passa pelas bacias hidrográficas, recupera solo, recupera solo, recupera solo, recompor mata ciliar, dar destino adequado das águas. A outra era renda, renda, renda. Qual problema do pequeno? É renda baixa. Então, só tem um caminho: agregar valor e unir através das cooperativas. Então, nós estimulamos em todo o estado, com o financiamento do BID, uma melhora da renda dos pequenos agricultores, através do estímulo ao cooperativismo e através da agregação de valor.
O Brasil vive um bom momento, presidente Lula está na Bélgica, no encontro da CELAC e da União Europeia, e o Brasil está trabalhando três temas fundamentais: Um. A Reforma Tributária. Nós temos o modelo tributário que precisa ser aperfeiçoado, simplificado; desonerar investimento e desonerar exportação, então, vai simplificar e vai tirar cumulatividade, é o IVA, o Imposto de Valor Agregado. Já foi votado na Câmara, já está no Senado Federal.
O segundo é o marco fiscal, o chamado arcabouço fiscal, que estabiliza dívidas sob PIB e depois ela cai, ano a ano, com os superávits primários, melhorando a relação dívida-PIB.
E a outra: acordos comerciais. E aí, um dos acordos que se discute hoje é Mercosul-União Europeia. Aliás, chamo atenção pra essa questão dos acordos comerciais. O mundo é globalizado, mas o comércio é intra-regional. Canadá, Estados Unidos e México, 50% entre eles; os três. União Europeia, 60% entre eles. Ásia-AN, 70% entre eles. América Latina: 26%.
Nós precisamos fazer um esforço de integração latino-americana, e eu destacaria aqui os países de língua portuguesa, os países africanos, enfim, fazermos um esforço regional, Atlântico, pra gente fortalecer a economia trazendo mais parcerias econômicas, comércio exterior, e podendo avançar mais.
Mas quero deixar um grande abraço a todas e a todos. Cumprimentar a nossa querida anfitriã, a chanceler.
Eu tinha um amigo, muito brincalhão, que dizia: o meu sonho ou é ser chanceler ou comodoro. Acho que ele não sabia bem que que era comodoro, mas ele achava chique, né? Então, o sonho era chanceler ou comodoro.
Viva o cooperativismo!