Discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante almoço com o Rei Felipe VI, da Espanha
Agradeço ao rei Felipe VI pela calorosa acolhida que nos oferece na magnífica Madri e neste esplêndido Palácio Real. É uma imensa alegria poder retribuir a visita que Sua Majestade fez ao Brasil por ocasião de minha posse.
Retorno à Espanha empenhado em relançar nossa Parceria Estratégica, que tivemos a honra de estabelecer há 20 anos.
Além de nosso patrimônio de cooperação e afinidades culturais e linguísticas, temos também uma relação política e econômica de alta importância.
Somos duas grandes democracias.
Nosso comércio bilateral tem demonstrado grande dinamismo. A Espanha se consolidou como o 2º. maior investidor estrangeiro no Brasil.
Estão sediadas em nosso país mais de 1.000 empresas espanholas, nos mais diversos setores da economia brasileira, como finanças, telecomunicações, construção civil, infraestrutura e turismo.
Não é, portanto, uma casualidade que eu visite a Espanha nos primeiros meses do meu governo, durante minha primeira viagem à Europa. Minha vinda aqui demonstra a importância de nossas relações com este país amigo do Brasil.
Nossas relações bilaterais também possuem fortes lastros humanos, calcados em nossa herança ibérica comum e em um fluxo migratório dinâmico.
Vivem hoje na Espanha cerca de 165 mil brasileiros, muitos dos quais binacionais. No Brasil, estima-se que vivam de 10 a 15 milhões de descendentes de espanhóis, cujas trajetórias pessoais se entrelaçam com a própria história de nosso país.
Majestades,
Compartilhamos com a Espanha valores fundamentais, como a proteção dos direitos humanos, a promoção de políticas de inclusão social e o combate a todas as formas de discriminação.
Acreditamos em uma ordem internacional fundada no Direito Internacional, com o objetivo maior da preservação da paz.
Brasileiros e espanhóis estão comprometidos com o desenvolvimento sustentável e com as transições energética e ecológica.
Compartilhamos a urgência de agir para proteger o meio ambiente e combater as mudanças climáticas.
Também é momento para recolocar como prioridade no centro da agenda internacional, a erradicação da fome e a pobreza.
Não haverá sustentabilidade sem justiça social.
Tampouco haverá sustentabilidade num mundo em guerra.
O Brasil condena a invasão da Ucrânia pela Rússia. Defendemos a Carta da ONU e o Direito Internacional.
Mas queremos abrir caminhos para o diálogo, e não obstruir as saídas que a diplomacia oferecem.
Sem o cessar-fogo não é possível avançar.
Essa guerra no coração da Europa é uma tragédia para a humanidade. O mundo precisa de paz.
O mundo também precisa de solidariedade.
O Brasil viveu a experiência trágica do negacionismo. 700 mil brasileiros e brasileiras tiveram suas vidas ceifadas pela pandemia do COVID-19. Metade dessas mortes poderiam ter sido evitadas.
Na Europa e na Espanha, felizmente, a ciência se impôs. Não houve atraso na obtenção de vacinas e prevaleceu a ação coletiva que venceu o individualismo egoísta e as campanhas de desinformação.
Majestades,
Ao reiterar o agradecimento pela acolhida à minha esposa, a mim e à delegação que me acompanha - e com esse espírito de fraternidade e com o olhar voltado para o futuro - convido a todos os presentes a me acompanharem num brinde à vida, à crescente prosperidade do povo espanhol, às boas relações entre o Brasil e a Espanha e à saúde e felicidade pessoal de Vossas Majestades.
Muito obrigado.