Discurso do presidente da República em evento do Dia do Trabalhador em São Paulo
Eu tô fazendo essa caminhada, porque é a primeira vez, em um milhão de atos públicos que eu participo, que a impressão que a gente tem é que eu vou fazer uma entrevista coletiva. Porque a imprensa está na frente e o povo está lá atrás. Quem fez esse palanque aqui, acho que estava em dívida com a imprensa e resolveu agradar a imprensa demais. E dar mais destaque às máquinas do que aos companheiros que são a razão desse ato.
Eu vou tentar, eu vou tentar fazer com vocês uma fala rápida, porque o sol, que parecia que não ia aparecer hoje, apareceu e apareceu forte. Mas, companheiros dirigentes sindicais, companheiros presidentes das Centrais, companheiro Marinho, Ministro do Trabalho, companheira Cida, ministra da Mulher, minha querida companheira... Companheiro Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário. O Paulo Pimenta, que é o meu ministro, sabe, da SECOM, de comunicação.
Eu queria dizer para vocês que eu sou muito agradecido ao fato de vocês terem me dado mais 4 anos de mandato para a gente consertar esse país. A missão que eu assumi diante de vocês é de provar outra vez que esse país pode voltar a ser alegre, o nosso povo pode voltar a sorrir, o nosso povo não vai permanecer vítima do ódio, como nós fomos até agora.
A gente quer que as pessoas voltem a ser humanistas, que as pessoas se abracem, que as pessoas conversem. A gente não pode viver mais num mundo onde andar de vermelho é visto como inimigo do inimigo. A gente não pode mais aceitar a ideia que você está no restaurante e alguém lhe ofenda. A gente não pode aceitar a ideia de que é proibido dizer que é de esquerda neste país. A gente não pode viver num país em que a escola não é levada a sério. A gente não pode viver num país onde o emprego não é levado a sério pelos governantes. A gente não pode viver mais no país onde a taxa de juros não controla a inflação. Ela controla, na verdade, o desemprego neste país. Porque ela é a responsável por uma parte da situação que vivemos hoje.
Eu queria dizer para vocês que faz pouco tempo, no dia 8 de março, que nós fizemos um projeto de lei que nós mandamos ao Congresso Nacional. E pela primeira vez, a gente vai garantir, mas garantir de verdade, sem vírgula e sem ponto, de que a mulher tem que ganhar o mesmo salário do homem, se ela tiver o trabalho igual.
Não é possível que depois de tantos milênios de existência da humanidade a gente ainda esteja, sabe, tratado como se a mulher fosse um ser inferior. Então nós mandamos esse projeto de lei, com urgência urgentíssima, para que uma mulher que trabalha num escritório, trabalha numa fábrica, trabalha num banco, trabalha em qualquer atividade, se ela tiver fazendo o mesmo serviço de um homem, ela tem o direito de receber o mesmo salário que o homem recebe.
E tem mais: nós precisamos cada vez mais sermos duros contra o assédio contra as mulheres. É uma vergonha, é uma vergonha, a falta de respeito com as nossas companheiras mulheres no local de trabalho, no ônibus, no trem, no metrô e, inclusive, nas piadas. É importante que a gente veja a mulher como a nossa semelhante, igual, com os mesmos direitos.
E todos nós sabemos que a mulher não é fraca. Todos nós sabemos que em muitas atividades econômicas, a mulher é muito mais forte que o homem, muito mais corajosa que o homem e muito mais disposta a brigar do que o homem. Eu estou dizendo isso, mas acho que vocês... cada um sabe, quando aparece alguém na porta da casa de vocês para cobrar alguma coisa, às vezes o homem fala "amor vai, lá. Ô bem, vai lá", porque a mulher tem mais coragem de enfrentar, do que muitos homens.
A outra coisa é que nós fizemos: nós instituímos outra vez o aumento real do salário mínimo, acima da inflação. Daqui pra frente, daqui para frente, o trabalhador receberá além da inflação, a média do crescimento do PIB. Como nós fazíamos quando eu fui presidente até 2010, que o salário mínimo cresceu 74%. E essa é uma coisa extremamente importante. Porque é quando o salário mínimo aumenta, quem ganha não é só o trabalhador que ganha o mínimo. Ganha cidadão do comércio, o cidadão que vende cachorro quente, o cidadão que vende pastel, o cidadão que vende comida.
Porque o trabalhador, tendo mais dinheiro, ele compra mais. Ele comprando mais, o comércio vai gerar emprego e vai encomendar coisas da indústria. A indústria vai gerar emprego e vai começar a funcionar aquilo que eu disse na televisão ontem: a roda gigante da economia começa a girar e todo mundo começa a ganhar neste país, até os mais ricos ganham com o aumento do salário mínimo.
Uma outra coisa que nós começamos a fazer. É importante lembrar que nós estamos apenas há 4 meses no governo. Vocês me deram 4 anos e eu só tenho 4 meses de mandato. Mas do outro, nós começamos a dar o sinal hoje. Até ontem o trabalhador que ganhava acima de R$ 1.903 pagava imposto de renda sobre o que ganhava acima de 1.900. Agora nós aumentamos o limite para R$ 2.640.
Então até 2.640, ninguém vai pagar mais um centavo de imposto de renda. E vocês sabem que eu tenho um compromisso com vocês de, ao terminar o meu mandato, a gente ter isenção até R$ 5 mil.
E os trabalhadores se preparem, porque a pedido das centrais sindicais, nós começamos a estudar se o patrão não paga imposto de renda sobre o lucro, se o patrão não paga imposto de renda sobre os dividendos que ele recebe, por quê que os trabalhadores têm que pagar imposto no PLR? Por quê? Então nós estamos estudando, estamos estudando, o Haddad estava na reunião. Nós estamos estudando e, quem sabe para o próximo ano, da mesma forma que um patrão que ganha milhões não paga sobre o lucro, o trabalhador não pode pagar imposto de renda sobre a participação dele no lucro da empresa. E essa é uma coisa que nós precisamos trabalhar muito para mudar. E as coisas vão mudando.
Nós agora vamos anunciar outra vez a recriação do Farmácia Popular, para que as pessoas - eu vi o João Feio falando aqui, o presidente do Sindicato dos Aposentados, ele me disse "ah, porque os velhinhos não podem mais comprar remédio". A Farmácia Popular vai voltar a existir para que esse velhinho não precise pagar pelo remédio. E a gente também vai tratar de fazer com que o SUS garanta às pessoas o chamado especialista.
Porque às vezes vocês numa, UBS na vila de vocês, às vezes vocês vão numa UPA, onde ela existe, aí quando o médico diz que você precisa procurar um especialista, um oftalmologista, um médico de olho, um médico de coração, um médico de fígado, de perna, aí vocês não conseguem ir, porque não existe tal de especialista. Nós vamos garantir que as pessoas pobres desse país tenham o direito ao chamado especialista para não morrer com uma receita na cabeceira da cama.
Outra coisa que nós vamos trazer de volta é a geração de emprego. Vocês viram que eu já fui para os Estados Unidos, já fui para a China, já fui para a Argentina, já fui para o Uruguai, vou para a Inglaterra agora. O que é que nós estamos fazendo? Nós estamos convidando empresários estrangeiros para fazerem investimentos no Brasil e estamos mostrando para eles os grandes projetos que nós vamos apresentar no 3º PAC. Vai ser o maior projeto de obras de infraestrutura deste país. E a gente, então, vai voltar a gerar emprego.
Porque é o que transforma o trabalhador numa pessoa mais que honrada é ele ou a mulher trabalhar e, no final do mês, levar comida para casa com o suor do seu trabalho e com o sangue dado ao seu trabalho. (É muita gente aqui em cima desse palco, gente, e aí eu não consigo andar). Vocês vejam: muitas vezes vocês da imprensa dizem que eu crio caso para vocês. Hoje foram vocês que criaram o caso para mim, fazendo com que eu fique dançando em cima desse palco.
Por último, companheiros, por último, deixa vocês compreenderem uma coisa: aqui em São Paulo, companheiros de São Paulo, aqui em São Paulo nós vamos terminar a Universidade Federal do ABC Lairton Bernardo, que estava para concluir e não foi concluída. Agora concluímos. Nós vamos inaugurar a Universidade Federal de Osasco. E nós vamos começar a fazer a Universidade Federal da Zona Leste. Quando o Haddad era prefeito, ele doou o terreno, mas até hoje não colocaram uma pedra. Pois eu vou, com o Camilo, nosso ministro da Educação, lá na Zona Leste dizer: eu vou começar e vou terminar essa Universidade da Zona Leste no meu mandato e, quando eu sair, em 2026, vocês vão ter Universidade na Zona Leste.
Companheiros e companheiras, eu sou muito agradecido à confiança que vocês me deram a vida inteira. Eu quando fui presidente, de 2003 a 2010, o sucesso do meu governo eu devo à solidariedade e ao apoio do povo trabalhador deste país. Vocês me deram uma nova chance e eu quero provar pra vocês que neste espaço de quatro anos, nós vamos fazer muito mais do que eu fiz nos primeiros oito anos do meu mandato. E vou fazer por conta do meu compromisso com o povo trabalhador. Vou fazer por conta do compromisso com as pessoas que ralam o dia inteiro, que levantam às 5 horas da manhã. Pois nós vamos mudar este país. Porque a economia vai voltar a crescer e vai gerar emprego.
Vocês estão lembrados de que nos outros dois mandatos, nós criamos 22 milhões de empregos com carteira profissional assinada. Nós vamos voltar a criar muitos empregos. Não tem problema com o cara que trabalha em aplicativo. Muitas vezes, o cara não quer assinar a carteira. Não tem problema! Mas o que nós queremos é que as pessoas que trabalham no aplicativo, tenham um compromisso de seguridade social. Porque se ele ficar doente, ou a mulher, tem que ter cobertura para essa pessoa ser tratada. E é isso o que nós vamos fazer. Vamos investir tudo aquilo que nós temos.
Eu vou dar só uma dica para vocês, eu vou dar dica pra vocês: no governo passado, no governo passado, eles investiram R$ 20 bilhões em 4 anos para fazer estrada, para fazer ponte. Nós, só este ano, vamos investir R$ 23 bilhões de reais. Ou seja, em um ano vamos fazer mais do que eles fizerem em quatro anos, do ponto de vista de estrutura.
E eu queria convidar vocês, a todo mundo virar soldado contra a fake news. A gente não pode permitir que a mentira continue prevalecendo nesse país. Cada companheiro que tem um celular precisa ficar atento, precisa ficar esperto. Não pode mandar mensagens mentirosas, não pode passar pra frente aquilo que você sabe que pode prejudicar a pessoa. A mentira nunca levou ninguém a lugar nenhum. E foi a verdade que derrotou o ex-presidente da República. Vocês se lembram que eles tentaram dar um golpe dia 8. Eu quero terminar dizendo para vocês: todas as pessoas que tentaram dar golpe serão presas, porque esse país quer democracia de verdade. E a democracia quer respeito.
Por isso, companheiras e companheiros, eu queria estar vendo vocês, mas eu não posso. Companheiros da imprensa, obrigado pelo carinho. Muito obrigado! E um abraço, companheiros! E até a nossa vitória, se Deus quiser!