Discurso do presidente da República durante o evento de recriação do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável
Minhas amigas e meus amigos.
Conselheiras e conselheiros que tomam posse no dia de hoje.
Esta reunião ilustra o que há de mais importante, bonito e verdadeiro na política: a força do diálogo franco e construtivo.
Nesta mesma sala estão reunidos representantes dos mais diversos setores da sociedade. Juntos, vocês formam o Brasil real.
Mas o que vemos aqui hoje não é apenas o retrato do Brasil que somos, mas também o retrato do Brasil que queremos ser.
Estou falando de um Brasil no qual o diálogo e a busca de consensos serão sempre mais fortes que o ódio e as tentativas fracassadas de desunir o país.
Um Brasil no qual as diferenças são postas na mesa e debatidas com serenidade, em vez de se transformarem em discussões raivosas na Internet.
Um país que busca a aproximação entre os diferentes, e não a demonização daquele que não é igual.
Um Brasil no qual as decisões mais importantes para o futuro do país são tomadas à luz do dia, face a face, olho no olho.
Um Brasil, antes de tudo, democrático.
Minhas amigas e meus amigos.
O Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável – do qual eu tenho a honra de participar ao lado de cada um e de cada uma de vocês –, é o espaço onde buscaremos os entendimentos que a nação brasileira precisa para vencer os grandes desafios que se colocam à nossa frente.
Esses desafios são muitos, e são urgentes. Para que sejam superados de uma vez por todas, precisamos do engajamento da sociedade como um todo.
Estou falando do desafio da fome, que, por conta do descaso do governo anterior, voltou a assombrar o dia-dia de milhões de brasileiros.
Estou falando da desigualdade, essa muralha de concreto e injustiças que faz com que o Brasil não reconheça o Brasil.
Desigualdade de acesso à saúde, à educação, à alimentação de qualidade e demais direitos básicos da cidadania.
Desigualdade de gênero e raça. Desigualdade de oportunidades.
Nenhum governo, por mais competente, responsável e humanista que seja, é capaz de resolver sozinho os problemas de um país. Por isso, a convocação deste Conselho, e de outras instâncias de participação popular.
Além dos desafios da fome e da desigualdade, falo também das urgências ambientais, que nos obrigam, em um horizonte cada vez mais próximo, a reduzir as emissões de carbono e a zerar o desmatamento no Brasil.
Precisamos multiplicar a produção agrícola sem derrubar nenhuma árvore a mais. Precisamos de uma nova base industrial, fortemente tecnológica, digitalizada e, sobretudo, limpa e inovadora.
Temos que acelerar a transição da matriz energética e assumir de vez nosso papel de liderança mundial em fontes renováveis.
É nesse novo rumo – o rumo da economia verde, da economia digital, da economia do conhecimento – que o país deve voltar a crescer e a gerar empregos.
Cada setor e cada movimento aqui representados enxergam de forma diferente esses e os muitos outros desafios que temos pela frente.
Cada qual tem suas próprias demandas, suas próprias propostas. E é justamente essa a riqueza do Conselho.
Os debates que ocorrerão aqui não irão, num passe de mágica, resultar em soluções que atendam a cada ponto de vista individual.
Mas esses debates certamente possibilitarão que identifiquemos pontos em comum entre os mais diferentes olhares e vivências, em busca de um denominador comum.
E, sobretudo, ajudarão a construir acordos e consensos em torno de como enfrentar os principais desafios de nossa geração, e das futuras gerações.
Até o dia 31 de dezembro de 2026, vocês terão um intenso e importante trabalho pela frente – nas plenárias, nas câmaras e nos grupos temáticos deste Conselho.
Estou certo de que suas ideias, experiências e o compromisso com o nosso país serão elementos fundamentais para a reconstrução do Brasil.
Minhas amigas e meus amigos,
Não é apenas a caneta de um presidente ou de um ministro que faz as políticas públicas saírem do papel para a vida real de milhões de cidadãos e cidadãs. Tampouco é a publicação de um decreto ou o lançamento de um programa que garante o seu sucesso.
A verdadeira solidez e eficácia das políticas públicas vêm do fato de elas serem consideradas legítimas e necessárias pelos mais amplos setores da sociedade.
Construir políticas públicas sólidas requer uma rica jornada de diálogo, de busca de necessidades comuns e de pactuações abertas e transparentes.
Ao longo de meus dois primeiros mandatos de presidente da República, o então Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social contribuiu de forma extraordinária para a formulação das políticas que fizeram do Brasil um país melhor e mais feliz para se viver.
Dos debates sobre a necessidade de investirmos em habitação, no âmbito do Conselho, nasceu o maior programa de habitação da história do Brasil.
O Minha Casa, Minha Vida possibilitou a contratação de 4 milhões e 200 mil moradias, das quais 2 milhões e 700 mil foram entregues entre 2009 e 2016.
O mesmo ocorreu com o Programa de Aceleração do Crescimento, cujo embrião também teve origem no Conselho. O PAC possibilitou a retomada, das grandes obras de infraestrutura no Brasil, depois de quase 30 anos de estagnação,
A política de valorização do salário-mínimo, que cresceu 74% acima da inflação e teve efeito direto na redução da pobreza e no crescimento econômico do país, foi igualmente debatida pelo Conselho.
O resultado desses debates foi materializado em Medidas Provisórias e Projetos de Lei aprovados pelo Congresso Nacional, que mudaram para melhor a vida de milhões de brasileiros.
Tenho a absoluta certeza de que, em seu retorno, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, agora acrescido da palavra “Sustentável”, desempenhará um papel tão ou mais importante do aquele que teve na fase anterior.
E será fundamental na formulação dos caminhos a serem percorridos até o Brasil dos nossos sonhos.
Precisamos aprimorar nossas políticas educacionais. Retomar nosso protagonismo nos foros globais. Repensar as novas relações de trabalho mediadas pelas plataformas. E trazer a inovação para aproveitar o melhor da economia digital.
Minhas amigas e meus amigos.
A grande novidade na composição desse Conselho – e nisso quero reconhecer o trabalho do ministro Alexandre Padilha – é que ele está ainda mais representativo e diverso do que antes.
Temos uma participação maior dos movimentos sociais e dos novos setores da economia, a exemplo de “startups” e “fintechs”.
Avançamos na representação regional e racial, e também em gênero. Hoje, 40% dos assentos desse Conselho são ocupados pelas mulheres.
Precisamos, é claro, avançar ainda mais. Essa é uma missão que, tenho certeza, o ministro Padilha conseguirá cumprir.
Há quem considere um defeito a composição heterogênea desse Conselho. Quando, ao contrário, essa é justamente a sua principal virtude: o diálogo entre os diferentes. A união de todos e de todas num esforço comum pela reconstrução do Brasil.
Esse esforço democrático há de gerar muitos frutos ao longo dos próximos anos. Mas os primeiros desses frutos já estão sendo colhidos agora, aqui mesmo nesta plenária. Esses frutos se chamam “civilidade” e “diálogo democrático”.
O Brasil voltou. E ele não mais será o país do monólogo, do autoritarismo, dos ataques à democracia, do pensamento único imposto à força.
A união e a reconstrução do Brasil nascem do diálogo. Da nossa fé inabalável no amor ao próximo. Da solidariedade e da fraternidade. Da capacidade de escutarmos o outro.
Nasce da certeza de que a diversidade, em vez de nos separar em dois Brasis, representa o que temos de melhor na nossa identidade brasileira.
A diversidade não nos separa, mas nos complementa, nos une neste país que compartilhamos e que tem que tratar com respeito cada filho dessa terra.
Somos muitos, e somos um.
Muito obrigado, e mãos à obra.