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NOVEMBRO NEGRO
Zumbi dos Palmares. Um homem ou uma ideia?
Afinal, quem é o personagem que catalisa a luta de todo um povo por liberdade, dignidade, direitos, humanidade? São muitas as histórias que gravitam em torno do último líder do Quilombo dos Palmares, a partir mesmo de seu nome.
Oriunda do termo quimbundo “nzumbi”, a palavra zumbi tem várias acepções, entre as quais, “alma”, “fantasma”, “duende", “deus”. Remete menos, pois, ao plano físico e mais ao espiritual; menos a um indivíduo e mais a uma coletividade; menos a um homem e mais a uma ideia.
E ideias não se pode prender, ou matar.
TRAJETÓRIA. O chefe do maior quilombo da América Latina foi assassinado, mas seu ideal permanece circulando até os dias de hoje. Na verdade, ele próprio já era a representação desse ideal de liberdade, antes conduzido por Ganga Zumba, e antes dele, por Aqualtune...
Sim, uma mulher, que, como outras, desempenhou papel de liderança em Palmares. Mas essa é outra história, que você pode conferir em “Aqualtune, uma das lideranças pioneiras de Palmares!”. Aqui, vamos revelar um pouco a trajetória do homem por detrás da lenda – a mais pacificada, ao menos.
Consta que Zumbi nasceu em 1655, já no Quilombo dos Palmares. Acredita-se que foi capturado quando criança, por volta dos sete anos de idade, e entregue como escravo a religiosos, que se sucederam na criação do garoto, até chegar ao padre Antônio Melo.
Como era praxe dos dominadores, o garoto palmarino foi batizado com nome cristão – Francisco – e, ainda criança, aprendeu a falar e a escrever na língua portuguesa e em latim. Mas essa identidade mudaria em curto tempo.
FUGA. Ainda na adolescência, Francisco fugiu e retornou ao quilombo onde nascera, passando a ter contato direto com a realidade do escravismo – o que o deixa indignado e o leva à luta em defesa de seus iguais.
De volta ao então Mocambo Palmares, Zumbi se aperfeiçoou na luta da capoeira e no uso de arcos, flechas, lanças e artimanhas com fogo, táticas que o habilitaram a comandar o efetivo militar dos palmarinos.
MORTE. Ganga Zumba, seu tio, trabalhava como general do exército, e Zumbi era um de seus militares. Após uma tentativa malsucedida de tratado de paz, Ganga Zumba morre – uns acreditam que envenenado; outros, que tenha se suicidado (leia aqui as histórias sobre Ganga Zumba).
Zumbi, então, assume a liderança de Palmares, que reunia cerca de 16 quilombos, nas regiões localizadas entre o norte de Alagoas e o sul de Pernambuco. Um ano após a destruição de Palmares, em 1694, Zumbi é morto por decapitação, no dia 20 de novembro, na Serra da Barriga.
Mas, como o povo com letramento racial sabe, se o umzimba (corpo físico) de Zumbi dos Palmares se foi, seu isithunzi (legado, força, espírito ancestral) permanece no mundo, orientando e conduzindo os atos dos seus.
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