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Zulu Araújo diz que 13 de maio é marco histórico e defende luta pela igualdade racial
Karina Cardoso e Beth Begonha
Repórteres da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília – Durante mais de três séculos, milhares de negros foram submetidos ao trabalho forçado e à privação da liberdade. Hoje (13) são rememorados os 122 anos da Abolição da Escravatura. O presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, afirma que a data 13 de maio precisa ser celebrada por ser um marco histórico, mas ressalta a necessidade da luta em favor da igualdade racial.
“A gente tem que celebrar, porque a libertação de 800 mil pessoas é algo sério e a gente precisa respeitar esse dado histórico. A gente precisa refletir a medida em que a abolição não compreendeu nem atendeu a todas as medidas necessárias para a inclusão plena do negro na sociedade brasileira e temos que lutar para que a gente possa conseguir efetivamente a igualdade racial no Brasil.”
Zulu Araújo conta que as família de negros africanos, quando trazidas para o Brasil, eram separadas para que não mantivessem vínculo. Além disso, era proibido manter o nome de origem africana.
“A nenhum escravo era permitido manter o nome de origem no Brasil, era proibido até 1888. Até o século 20, se você tentasse registrar o nome de seus filhos com nomes africanos, os cartórios proibiam até a década de 50. Meu pai era Mendes Araújo. Porque era Mendes Araújo? Porque recebia o nome da família a quem você era escravizado. Além disso, a Igreja Católica obrigou e batizou com nomes europeus, portugueses, todos os escravizados no Brasil. Não é à toa que temos tanto Bispo dos Santos.”
Uma das maiores dificuldades de se conquistar a reparação histórica, segundo o presidente da Fundação Palmares, é conseguir o apoio de políticos e autoridades.
“Ainda encontramos em um país como o Brasil, que tem mais de 50% da população de origem afro, pessoas que são lideranças, senadores, que consideram que isso [escravidão] não tem qualquer importância para o desenvolvimento do Brasil e que, portanto, não merece reparação e medidas compensatórias. O que fizeram com os africanos só há paralelo com o que fizeram com os judeus na 2ª Guerra Mundial. E olha que eu diria que se for do ponto de vista quantitativo, nós sofremos muito mais.”
Ainda hoje, depois de 122 anos da Lei Áurea, o trabalho forçado é uma realidade no país. Negros e pobres são as maiores vítimas. Para Zulu Araújo, a democracia plena só será conquistada com a igualdade racial.
“Não é possível a gente conseguir conquistar a democracia plena no Brasil sem que a gente possa também conquistar a democracia racial. Uma coisa depende da outra. Uma democracia substantiva, participativa, pressupõe a democracia em todos os sentidos, uma democracia real, no mercado de trabalho, nos meios de comunicação, no lazer, no habitacional, na cultura.”
Edição: Lílian Beraldo
Fonte: Agência Brasil