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Um saber Ancestral: a importância da arte ao celebrar o Dia Nacional do Artesão
Há quatorze anos, foi instituído o Dia Nacional do Artesão, pela Lei n ° 12. 365. O artesanato constitui-se uma prática fundamental no processo de saberes ancestrais do povo negro, isso porque seu processo de aprendizagem, ocorre geralmente através da transmissão dos mais velhos, de modo oral e da prática coletiva entre os povos originários de geração a geração.
Muitos aspectos relevantes na construção da identidade quilombola estão ligados ao ofício de trabalhar o barro. O ofício tem inúmeras finalidades funcionais, como a fabricação de utensílios, vestuário e ornamentos para domicílios. Muitas atividades ajudam na preservação ambiental, como o artesanato com palha de bananeira ou o de piaçava, usado para fazer vassouras.
Vale destacar que, com o objetivo de fortalecer e preservar essa riqueza cultural no país, a Fundação Cultural Palmares já está na terceira edição do Prêmio Palmares de Artes, edital este que visa fortalecer as diversas expressões culturais, entre elas, o artesanato.
Outros materiais mais comuns para a produção do artesanato quilombola são a palha de milho, a taquara, a fibra de bananeira, a canela, a madeira, as sementes, o couro e o algodão.
Desse modo, o trabalho criado por mãos negras, se destaca pelas suas inúmeras variações, tanto pelo uso de recursos naturais para as confecções de objetos, quanto uma forma poderosa de instrumento de empreendedorismo afro-brasileiro.
Alguns artesãos seguem rituais específicos ao prepararem suas obras de arte: selecionam as espécies entre as diversas existentes; escolhem a estação do ano apropriada; não colhem o produto em dias santos, domingos ou feriados; respeitam o horário de descanso das espécies, quase sempre depois das seis horas da tarde, por ser considerado horário perigoso no imaginário local para se entrar na mata e extrair espécies; dentre outros rituais.
Essa diversidade é uma pequena amostra do conhecimento tradicional acumulado através de dezenas de anos e até séculos, expresso na linguística e na semântica do conhecimento popular que se transforma e identifica o grupo étnico.
Cada quilombo desenvolve práticas e formas específicas de relação com os recursos naturais de seus territórios, possuem sistema de hábitos internalizados que por meio da arte, e do conhecimento voltado para a utilização desses recursos, contribuem para a manutenção dos saberes e para o imaginário das futuras gerações.