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NOVEMBRO NEGRO
Serra da Barriga: a força da natureza!
O ecossistema de Serra da Barriga foi preservado, graças à cultura ancestral
Serra da Barriga é um espaço que respira história, guardando uma das memórias mais profundas do Brasil. Mas é também uma área que atesta o papel da cultura negra na preservação do meio ambiente.
Quem tem letramento racial sabe da relação de respeito que os quilombolas sempre tiveram com a natureza. E o local que abrigou o maior e mais duradouro quilombo da América Latina é prova disso:
Seu rico ecossistema foi preservado, em função de tradições ancestrais. Ecossistema representativo da Mata Atlântica, o bioma brasileiro com o maior número de espécies ameaçadas de extinção, tanto quando se fala de flora quanto de fauna.
O cenário é de uma diversidade e de uma beleza espetaculares. As copas altas dos jequitibás e dos pau-brasis formam um abrigo para uma fauna rica e silenciosa, que contribui para manter o ecossistema do local.
Aqui e ali, saguis, com olhos atentos, acompanham o movimento dos visitantes, como sentinelas ancestrais. Os tatus, em suas escavações, parecem reencontrar os passos de um passado que a terra jamais esqueceu.
Aves de plumagens vibrantes sobrevoam as trilhas, espalhando sementes que renovam a floresta. Assim, em cada canto, cada voo de pássaro e cada árvore que floresce, o testemunho de um ciclo de vida que resiste – e persiste, como os quilombolas.
Insetos quase invisíveis completam a sinfonia desta réstia de Mata atlântica, compondo os detalhes que promovem o equilíbrio da floresta. Entre eles, as abelhas nativas, produtoras de mel sem ferrão, e que, desde os tempos do Quilombo dos Palmares, renovam a flora.
A água que brota das nascentes percorre as rochas e dá vida ao solo – um fluxo contínuo que pulsa na Serra, ajudando a compor o microclima criado pela vegetação densa e guardando um equilíbrio que sustenta a floresta.
Enfim, cada fonte, cada gota alimenta o solo, as comunidades e as plantas que ali crescem, e que não são apenas vegetação, mas guardiãs de práticas ancestrais. Carqueja, boldo, jurubeba – cada uma carrega saberes de cura e proteção.
Preservados por gerações, os conhecimentos sobre os poderes da mata vêm das mulheres e dos homens negros que fizeram da Serra um espaço sagrado, cultivando, com respeito e responsabilidade, os segredos da cura que brota da terra.
Anualmente, no mês de novembro, o Mês da Consciência Negra, a Serra da Barriga transforma-se em um espaço de celebração e reencontro, com a realização de caminhadas guiadas, oficinas e o plantio de mudas nativas que conectam visitantes à comunidade e ao espírito do local.
É um momento de renovação do compromisso de proteger a terra para as futuras gerações.
E a Fundação Cultural Palmares é a guardiã desse santuário. Ao proteger a Serra da Barriga, a instituição não apenas preserva a natureza, mas cultiva as raízes de uma memória que resiste e floresce.
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