Você conhece a história dos ‘‘Faraós Negros? ’’ Conheça conosco a história da Núbia e do Reino de Kush.
Quando se pensa em África Antiga, automaticamente, remete-se à civilização egípcia. No entanto, outros povos, reinos, impérios e civilizações destacaram-se na antiguidade. Iniciando a nossa série ‘‘Reinos e Impérios Africanos’’, estaremos trazendo hoje, a Núbia e, discutiremos a relevância histórica desta civilização localizada ao sul do Egito e no norte do Sudão, região estratégica e elo entre a África Central (subsaariana) e o Mediterrâneo (norte da África e oriente próximo). Ali habitava uma população negra com língua e origem étnica diferente dos egípcios. Os Núbios eram africanos na língua e na civilização.
A civilização núbia surgiu por volta de 4.000 a.c, em meio ao escaldante Deserto do Saara e, assim como o Egito, é uma ‘‘dádiva do Nilo’’, bem como do trabalho de construção de diques e canais de irrigação destes povos para evitar inundações durante as cheias e garantir boas colheitas. Por volta de 2.000 a.c, houve a unificação das comunidades núbias que habitavam ao longo da margem do Nilo sob o poder de um rei; surgiu então o Reino de Kush (Cuxe), um dos primeiros reinos negros africanos, tendo sido Napata, a primeira capital. Napata foi um importante centro comercial e religioso.
Por séculos, as riquezas do Reino de Kush foram levadas para o Egito: ébano, marfim, incenso, gado, ouro, escravizados. O ouro de Kush enriqueceu o Egito. O reino se expandiu e passou a ser uma ameaça e, por isso, os egípcios ocuparam o vizinho por volta de 1.500 a.c, tornando-o vice-reino. Este foi o período da egipcianização da Núbia: adotou-se a religião, o culto às divindades egípcias, os costumes funerários, a construção de pirâmides. Em Napata e Méroe, cidades kushitas, foram erguidas numerosas pirâmides.
Por volta do ano 1.000 a.c. Kush libertou-se do domínio egípcio e emergiu como potência, quando o monarca núbio Piankhy ‘’Peye’’ derrotou os assírios que dominavam o Egito e unificou Egito e Kush, sendo aclamado ‘‘senhor dos dois reinos’’, iniciando o reinado dos ‘‘faraós negros’’ no Egito. A dinastia dos faraós negros perdurou por 52 anos, quando foram derrotados pelos assírios e Kush novamente invadido pelos egípcios.
Os vestígios dos faraós kushitas foram apagados pelos egípcios, exemplo disso foi que no ano de 2003, arqueólogos da Universidade de Genebra encontraram no norte do Sudão uma cratera (fechada por aproximadamente 2 mil anos) contendo várias estátuas de ancestrais, lembranças dos faraós negros. Algumas estavam destruídas e enterradas, como forma de apagar o vestígio do domínio desta civilização no Egito.
Após o domínio egípcio, a civilização kushita renasceu aos redores da cidade de Méroe, nova capital, estendendo-se por mais mil anos. Os meroítas construíram mais pirâmides do que os faraós egípcios; até o presente já foram contabilizadas mais de 230 pirâmides nos arredores de Méroe, 100 a mais do que no Egito. Desta forma, no Sudão, há mais pirâmides do que no Egito.
Outro episódio destacável do Reino de Méroe é a atuação das rainhas que governaram e comandaram exércitos, as ‘’candaces’’ (rainha mãe) que iniciaram uma tradição matrilinear. Em 330 da nossa era, o Reino de Kush foi conquistado pelo Reino de Axum (falaremos dele mais a frente), outro importante reino africano.
Curiosidades:
Taharqa, filho de Piye e 3º faraó negro da 25ª dinastia egípcia, é personagem da Bíblia. Ele aparece no Livro dos Reis, do Antigo Testamento.
Para saber mais: https://bit.ly/2IedAxl