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Rede Amazônia Negra busca parcerias com Fundação Cultural Palmares
Publicado em
21/06/2007 11h00
Atualizado em
27/05/2024 09h06
Brasília, 21/6/07 – O Brasil guarda em seu território o última fonte de resistência ecológica do Planeta. O que falo é da Amazônia, com sua fauna, flora e diversidade populacional. Isso mesmo, quem pensa que apenas os oito estados que compõem a área ( o Norte de Mato Grosso também está no espaço florestal equatorial) apenas é composto do branco e do índio está redondamente enganado. Os negros também compõem as cores e os tons do norte brasileiro. Foram para o interior das matas que os ex-escravos fugiam de seus perseguidores e em meio à floresta também constituíram quilombos, áreas de luta contra a chibata. Para dinamizar ainda mais a promoção de ações culturais e educativas, os integrantes da ONG Rede Amazônia Negra estiveram nesta quinta-feira (21) na sede da Fundação Cultural Palmares/MinC, em Brasília. O objetivo da visita de Paulo Axé, do Amapá, Silvestre Antônio Gomes, de Rondônia e de Maria Aparecida Matos, de Mato Grosso, foi de apresentar projetos para dinamizar a realização de projetos culturais e ações educativas em favor da promoção e difusão da Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, a qual determina a inclusão do estudo da cultura e da história afro-brasileira em sala de aula. O resultado da visita foi bastante positivo, já que a Fundação Cultural Palmares/MinC, por meio da chefe de gabinete, Juscelina Nascimento, que recebeu o grupo, declarou que a Palmares quer sim aproximar ainda mais os laços para com a região amazônica.
Identidade:
Inúmeras são as mobilizações em favor da pesquisa e da inclusão de estudos sobre o Negro na Amazônia, tanto na academia quanto nos ensinos médio e fundamental. Mas um longo caminho ainda precisa ser vencido, o de sensibilizar os quilombolas da região a valorizar a sua história e trajetória de vida, apontou a mestre em Educação pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Maria Aparecida Matos. Um detalhe também citado por Paulo Axé indica a dificuldade de identificação do negro da região amazônica com a sua questão étnica. “Vemos em Manaus (Amazonas) que a maioria dos negros que lá vivem querem ser mestiços, caboclos. Ou seja, mesmo que tenham se misturado com os índios e os brancos, ainda assim não conseguem se definir como negros”, conta. Maria Aparecida também lembrou que no Mato Grosso, principalmente nas cidades mais ao norte do Estado, os negros são chamados de morenos. Os quilombolas, dizem os dois integrantes, são também povos da floresta e começaram a ocupar a região desde o século XVIII. Mas foi no início da década de 40 que os negros remanescentes dos quilombos começavam a se miscingenar em maior escala com os indígenas que viviam na terra.
Os conflitos agrários também são iminentes na região. Além dos conflitos ainda existentes na região de Mata Cavalo, em Mato Grosso, os quilombolas de Rondônia também convivem com impasses. Um deles é o que existe na área da Comunidade Remanescente de Quilombo de Santo Antônio. A comunidade, conta Silvestre Gomes, já foi titulada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mas o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) não aceita a titulação e briga em juízo em razão de a área onde está a comunidade ser de preservação ambiental. Esse caso, diz o dirigente da Rede Amazônia Negra não é o único. Há outros em toda a região Amazônica. Em geral, dizem, os negros da Amazônia sofrem com a invisibilidade, já que quando se pensa ou se fala na região, é sempre destacada a presença indígena. Por isso os índios são os mais beneficiados com ações públicas. Assim como os quilombolas, a situação da mulher negra amazônica também é semelhante ao que se vê no restante do Brasil. “A mulher negra em nossa região sofre também com a submissão e com a violência”, diz Maria Aparecida. A docente da UFMT esclarece ainda que as mulheres negras amazônicas são responsáveis pela organização da ordem familiar, dos quilombos e também são guardiãs de todo o patrimônio religioso existente.”São líderes, mas ainda carecem de políticas de incremento ao estudo e ao trabalho”, conclui.
A chefe de gabinete da Fundação Cultural Palmares, Juscelina Nascimento, se declarou bastante satisfeita com a visita e frisou que a instituição pública federal deseja ampliar as relações com a região Amazônica, inclusive desenvolvendo a idéia de instalar uma representação na região.
Os conflitos agrários também são iminentes na região. Além dos conflitos ainda existentes na região de Mata Cavalo, em Mato Grosso, os quilombolas de Rondônia também convivem com impasses. Um deles é o que existe na área da Comunidade Remanescente de Quilombo de Santo Antônio. A comunidade, conta Silvestre Gomes, já foi titulada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mas o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) não aceita a titulação e briga em juízo em razão de a área onde está a comunidade ser de preservação ambiental. Esse caso, diz o dirigente da Rede Amazônia Negra não é o único. Há outros em toda a região Amazônica. Em geral, dizem, os negros da Amazônia sofrem com a invisibilidade, já que quando se pensa ou se fala na região, é sempre destacada a presença indígena. Por isso os índios são os mais beneficiados com ações públicas. Assim como os quilombolas, a situação da mulher negra amazônica também é semelhante ao que se vê no restante do Brasil. “A mulher negra em nossa região sofre também com a submissão e com a violência”, diz Maria Aparecida. A docente da UFMT esclarece ainda que as mulheres negras amazônicas são responsáveis pela organização da ordem familiar, dos quilombos e também são guardiãs de todo o patrimônio religioso existente.”São líderes, mas ainda carecem de políticas de incremento ao estudo e ao trabalho”, conclui.
A chefe de gabinete da Fundação Cultural Palmares, Juscelina Nascimento, se declarou bastante satisfeita com a visita e frisou que a instituição pública federal deseja ampliar as relações com a região Amazônica, inclusive desenvolvendo a idéia de instalar uma representação na região.