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NOVEMBRO NEGRO
(Re)veja, aqui, a história do maior quilombo da América Latina!
Serra da Barriga abrigou o maior quilombo da América latina
O Quilombo dos Palmares foi formado no final do século XVI. Apesar de os primeiros registros de sua existência serem de 1597, estima-se que o acampamento dos negros fugidos dos engenhos da Bahia e de Pernambuco, principalmente, já estava instalado desde 1590.
A região escolhida foi a então capitania de Pernambuco, mais precisamente Serra da Barriga, densa zona de mata localizada no hoje estado de Alagoas – um ecossistema rico, com vegetação exuberante e nascentes que alimentam um açude e uma lagoa.
LÍDERES. O primeiro líder do quilombo foi Ganga Zumba, filho de Aqualtune, princesa do Congo, sequestrado e submetido a trabalhos forçados nas plantações de cana-de-açúcar – o que dá a dimensão da perversidade do processo de escravização dos povos africanos.
Com a morte de Ganga Zumba, supostamente envenenado, Zumbi, seu sobrinho, assumiu a administração do refúgio, o que fez entre 1678 e 1695, quando foi morto pelos portugueses, em 20 de novembro – daí a data comemorativa do Dia Nacional da Consciência Negra.
MULHERES. Apesar de estes dois serem os líderes mais reportados pela história, as mulheres desempenharam papel ativo na defesa e administração do Quilombo dos Palmares. Três grandes referências: Aqualtune, Acotirene e Dandara.
Mãe de Ganga Zumba, Aqualtune foi arrancada de seu reino e submetida a toda sorte de violências nas terras brasileiras, até sua ida para o recém-formado agrupamento de Serra da Barriga, liderando cerca de 200 negros fugidos das fazendas pernambucanas.
Tanto quanto a princesa congolense, Acotirene e Dandara dedicaram a vida ao desenvolvimento do quilombo e à defesa de seu território, destacando-se, entre outras habilidades, pelos conhecimentos militares e aptidão estratégica.
ESTRUTURA. Palmares era uma confederação quilombola, ou seja, um conjunto de assentamentos de negros chamados mocambos. O principal deles era o Mocambo do Macaco, centro político do esconderijo e onde vivia seu líder – ou rei.
A “pequena Angola”, como era conhecido o refúgio, tinha modelo administrativo e estrutura de poder próprios. Embora o quilombo fosse um reinado, as decisões importantes eram tomadas por um colegiado formado pelos líderes dos mocambos.
ECONOMIA. As cidades quilombolas de Palmares sobreviviam da agricultura e do extrativismo, sobretudo. Entre os cultivos mais importantes estavam a mandioca, o feijão, a batata e o milho – além da produção do melaço, da caça, da pesca e da coleta de frutas e palmito, abundantes na região.
Considerado o maior da América Latina, o Quilombo dos Palmares chegou a reunir cerca de 20 mil pessoas – número de habitantes da maioria (70,6%) das cidades brasileiras da atualidade. E devido à sua independência e potência, incomodava os poderosos de então.
DESTRUIÇÃO. A vida na confederação palmarina foi marca por sucessivas tentativas de destruição, por parte dos colonizadores. A primeira delas ocorreu em 1602, e a derradeira, em 1694, quando a expedição liderada por Domingos Jorge Velho destruiu o quilombo.
Apesar da ofensiva, os quilombolas seguiram resistindo por muitos anos na região – inclusive seu líder, Zumbi, morto no ano seguinte, em emboscada preparada pelas tropas portuguesas, conduzidas por um ex-companheiro, Antonio Soares.
PACTO. É importante destacar que no intervalo de tempo entre as batalhas, houve uma tentativa de acordo entre dominadores e dominados. Em 1678, o governador da capitania pernambucana enviou uma proposta de paz com o quilombo, aceito pela então líder, Ganga Zumba.
O pacto estabelecia que os nascidos em Palmares seriam considerados livres e que os que aceitassem o acordo seriam retirados da serra e receberiam terras para viver. Entretanto, não contemplava os novos escravizados fugidos, o que provocou divisão no quilombo e resultou na morte de Ganga Zumba.
Você sabia?
- A palavra quilombo vem de kilombo, que no idioma bantu significa local de pouso, ou acampamento.
- Palmares deriva de palmeiras, existentes em grande quantidade na área ocupada pelo quilombo.
- No quilombo não viviam apenas negros. Indígenas e brancos (pobres) também.
- Só no Mocambo do Macaco viviam cerca de 6 mil pessoas. Para se ter uma ideia de seu tamanho, a cidade mineira de Serra da Saudade tem 833 habitantes.
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