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RACISMO: UnB irá apurar com rigor autores de ato racista
Brasília, 29/3/07 – O reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Mulholland, recebeu a imprensa na tarde de quarta-feira, 28 de março, para esclarecer dúvidas sobre o incêndio criminoso ocorrido na madrugada do mesmo dia na Casa do Estudante Universitário (CEU) da instituição. Na ocasião, três apartamentos tiveram suas portas queimadas e houve a tentativa de atingir uma quarta moradia estudantil. Confira os principais trechos:
Racismo
Temos de ver com o máximo de seriedade e paciência tudo que está acontecendo. O que queremos é esclarecer o que ocorreu para os alunos, a sociedade e os países que têm estudantes na UnB, sob a nossa guarda. As investigações criminais indicarão muito sobre isso e precisamos esperar os resultados para tomarmos qualquer medida. Tratamos esse assunto como algo que precisa ser apurado a fundo e com cuidado.
Extintores
A CEU foi vistoriada há uma semana e todos os extintores estavam carregados e dentro do prazo de validade. Tudo indica que a situação era a mesma durante a madrugada em que o incêndio criminoso aconteceu.
Medidas da UnB
A norma interna da universidade prevê a realização de sindicância, feita por uma comissão instalada ainda nessa tarde. Ela será responsável por apurar os fatos e indicará se devemos chegar a uma comissão disciplinar, que é o segundo passo para as sanções. Investigaremos a fundo os fatos para identificar eventuais culpados.
Estudantes antigos
Já foi feito contato com o Itamaraty e o Ministério da Educação (MEC) para informar sobre o ocorrido. Os estudantes atingidos serão transferidos para outro imóvel da universidade enquanto o processo é apurado e serão acompanhados pela equipe de psicólogos da instituição, que darão todo o apoio necessário. Dessa forma, eles poderão continuar suas vidas e estudos com segurança, que é o que desejamos.
Suspeitos
A UnB ainda não sabe quem foi o autor, ou os autores, do incêndio criminoso. Aguardaremos as investigações policiais para que isso seja esclarecido.
Punição dos culpados
Existem dois caminhos nessa questão. Um é criminal, que cabe à Polícia Federal apurar e apontar os culpados para responderem à justiça. A parte administrativa interna cabe à própria UnB e pode resultar em advertência, suspensão ou expulsão caso haja servidores, professores ou estudantes envolvidos.
Parceria internacional
Esses estudantes africanos que estudam na UnB são admitidos por meio de convênios firmados com os países natais deles. Não há diminuição do número de vagas no vestibular por conta disso e essas parcerias acontecem com diversas universidades brasileiras. Queremos o contato entre os alunos brasileiros e estrangeiros e prezamos por um bom convívio entre eles. Na Casa do Estudante, os estrangeiros, seja de que país forem, têm uma cota de 5% das vagas, o que, atualmente, permite a permanência de 23 pessoas de várias nacionalidades.
Segurança
Pedimos apoio à Polícia Federal para a investigação e a proteção dos estudantes atingidos. Além disso, já destacamos quatro seguranças para ficarem nos dois andares de cada prédio da Casa do Estudante Universitário. Agora, o efetivo é de seis homens: dois nas entradas e um em cada andar dos dois prédios.
Pichações
O Decanato de Assuntos Comunitários (DAC), responsável pela assistência estudantil na UnB, registrou uma ocorrência de pichações contra os estudantes africanos da instituição. Não se chegou a abrir inquérito policial formal sobre isso, mas a equipe do DAC atuou para pacificar os ânimos e resolver tudo com diálogo, meio tradicional na comunidade acadêmica. Nada indicava, àquela época, que pudesse chegar à intensidade e gravidade dos fatos dessa madrugada.
Conflitos antigos
Foi registrada, em novembro de 2006, uma briga entre um estudante africano e um brasileiro. À época, a investigação não mostrou conotação racial no conflito. Os alunos foram punidos com advertência e suspensão. No entanto, a CEU existe há 40 anos e não foi registrada nenhuma ocorrência desse tipo antes. A convivência sempre foi pacífica.