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Quilombolas denunciam ameaças no Fórum Diálogos África-Díáspora
Salvador, 15/7/06 – Cerca de 300 famílias quilombolas residentes no distrito de São Francisco do Paraguaçu, na cidade histórica de Cachoeira estão sendo ameaçadas por policiais que trabalham para o fazendeiro Ivo Edson Sampaio, que se diz proprietário da área onde o grupo mora. A denúncia foi feita por um grupo de representantes da comunidade na manhã deste sábado (15/7), durante a mesa Diálogo Governo e Sociedade na África e na Diáspora, no Fórum de Diálogos África – Diáspora, na Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador. O Fórum integrou a programação da II Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora (II CIAD), que terminou sexta-feira, no Centro de Convenções da Bahia.
O grupo que denunciou a agressão veio a Salvador pedir orientação as entidades do Movimento Negro que participavam da II CIAD e do Fórum. Na próxima semana os quilombolas pretendem ingressar com uma ação contra o fazendeiro junto ao Ministério Público. Uma das líderes dos quilombolas, a agricultora Marineusa Cruz Santana, 41 anos, informou que as 300 famílias residem na fazenda – área remanescente de quilombo – há mais de dois séculos, plantando e criando pequenos animais para alimentação e o excedente é vendido nas feiras de Cachoeira e São Félix. “Meus bisavôs já moravam aqui e nós somos os legítimos donos da terra garantida pelo Incra e Fundação Palmares”, afirmou Marineusa.
O agricultor Crispim dos Santos, 30 anos, relatou que as famílias já têm titulo de posse das terras dadas pelo Incra e referendada pela Fundação Palmares, responsável. Pela realização de pequenas obras. Essa iniciativa serviu para melhorar as condições de vida na fazenda onde moram os quilombolas, como escola de 5ª a 8ª séries, contratação de profissionais de saúde além de obras para melhorar o abastecimento de água no local.