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Quilombolas da Região Norte participam de laboratório de capacitação em Porto Velho
Publicado em
28/02/2007 09h00
Atualizado em
04/06/2024 13h50
Brasília, 28/2/07 – Garantir a capacitação e gerenciamento de projetos para os remanescentes de quilombos do Norte Brasileiro é o objetivo do Primeiro Laboratório de Capacitação das Comunidades Remanescentes dos Quilombos da Região Norte. As oficinas começaram no dia 25 de fevereiro e acontecem até o próximo dia 5 de março em Porto Velho, Rondônia. Sessenta e seis representantes de comunidades quilombolas dos estados de Rondônia, Pará, Amapá, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão acompanham palestras e recebem orientações técnicas e legais sobre elaboração e encaminhamento de projetos a órgãos governamentais. A iniciativa é promovida pela Fundação Cultural Palmares/MinC e Ecovale, entidade estadual que representa os quilombolas de Rondônia.
Direitos e deveres
O presidente da Ecovale aponta como fundamental a realização do laboratório. Segundo José Soares Neto, das 12 comunidades quilombolas existentes em Rondônia, nove já receberam as certidões de auto-reconhecimento pela Fundação Cultural Palmares/MinC. Três comunidades serão certificadas em breve. O dirigente avalia que não diferente do que se vê no restante das comunidades quilombolas brasileiras, muitos grupos são logrados pela ação de algumas instituições não-governamentais. Neto cita como exemplo o caso de uma ONG que apenas visitou uma área quilombola de Rondônia para colher assinaturas para encaminhar um projeto para o Governo Federal. “Nunca soubemos o montante de recursos que fora destinado a esta ação porque tais grupos apenas nos usam (quilombolas) para obter dinheiro para comprar aviões, carros e até imóveis”, indica. O representante quilombola declara que tais iniciativas, como a oficina realizada com o apoio da Fundação Cultural Palmares servem para esclarecer os remanescentes sobre os seus direitos e deveres.
Encaminhamentos
Ainda conforme Neto, 56% da população total de Rondônia é negra. As 12 comunidades quilombolas existentes no estado localizam-se na região do Vale do Rio Guaporé. O acesso a estas localidades é feita por meio de aviões de pequeno porte ou barcos. Tais localidades sequer possuem energia elétrica ou serviço de telefonia.
Após a oficina, a Ecovale promete preparar um conjunto de reinvindicações e iniciativas que serão encaminhadas ao Governo Federal. A oportunidade de entrega destas solicitações será feita em um encontro, previsto para o dia 10 de março, quando da visita da diretora de Proteção do Patrimônio Afro-Brasileiro da FCP, Maria Bernadete Lopes a Rondônia.