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Projeto de preservação da cultura quilombola ganha prêmio do Iphan
O projeto Quilombos do Vale do Jequitinhonha: Música e Memória, realizado em 60 comunidades em Minas Gerais, foi selecionado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vinculado ao Ministério da Cultura (MinC), como um dos oito vencedores da 30ª Edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade. Trata-se do principal reconhecimento ao patrimônio cultural do Brasil.
Durante três anos, uma equipe de documentaristas da Nota Musical Comunicação e da Mirar Lejos percorreu áreas remanescentes de quilombos nos municípios de Berilo, Chapada do Norte, Minas Novas e Virgem da Lapa, no Vale do Jequitinhonha. Os profissionais entrevistaram cerca de 1,2 mil pessoas. Eles gravaram e fotografaram festas, narrativas e expressões do cotidiano. Foram 150 horas em vídeo. A iniciativa contou com patrocínio da Petrobras, Itaú, Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e Milton Kanashiro Arte, Cultura e Cidadania, além de receber apoio da Fundação Heinrich Böll, da Alemanha.
O material premiado vai virar uma mostra em Brasília, no mês de novembro, para homenagear o Mês da Consciência Negra. A exposição Quilombos do Vale do Jequitinhonha: Música, Memória e Resistência terá apoio da Fundação Cultural Palmares (FCP).
A coordenadora do projeto, Evanize Sydow, conta que a ideia nasceu em 2008, no Espírito Santo, durante um seminário nacional de comunidades quilombolas. “Na ocasião, quilombolas capixabas nos disseram que muitas de suas tradições precisavam de registro, porque estavam morrendo com os mais velhos”, lembra Evanize.
Cinco regiões
Em 2009, os pesquisadores viajaram ao Maranhão, para trabalhar com quilombolas do estado. Porém, a dificuldade em obter apoio impediu que a iniciativa seguisse adiante. Somente em 2013, após conseguirem alguns recursos por meio da Lei Rouanet, iniciaram a empreitada, que durou até 2016.
Concluídas as atividades, Evanize e seus colegas retornaram às terras quilombolas para apresentar os resultados. “Esses povos reclamam muito que as pessoas vão lá, pesquisam e depois não voltam para mostrar o que foi feito. Então, era importante regressarmos”, destaca a coordenadora.
Evanize Sydow assinala a importância do prêmio recebido do Iphan, que, na visão dela, valoriza um trabalho árduo de preservação de um tesouro da história do Brasil. Empolgada, adianta que, em breve, com apoio institucional da Fundação Palmares, deve começar outro projeto. Desta vez, pretende, em um período de três anos, visitar 350 comunidades quilombolas das cinco regiões. Há intenção de se produzirem cinco livros de 500 páginas cada um, cinco documentários de até 60 minutos de duração, cinco almanaques para distribuição em escolas e um portal na internet com mapeamento das manifestações culturais coletadas.
Saiba mais sobre o projeto no site: http://www.quilombosdojequitinhonha.com.br/
Marcelo Araújo