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Projeto Conhecendo Nossa História: da África ao Brasil Se Prepara Para Nova Fase
O Projeto Conhecendo Nossa História: da África ao Brasil, da Fundação Cultural Palmares (FCP), se prepara para a sua segunda etapa de atividades. Os mestres e multiplicadores da proposta Eliane Boa Morte e Zezito Araújo levarão materiais e uma nova visão sobre questões étnico-raciais a professores de escolas públicas por todo o país.
A iniciativa gerida pelo Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC) possibilita ao professor cumprir com o Art. 26-A da Lei nº 9.394/1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Na sua primeira fase o Projeto levou materiais e conteúdos sobre a História e Cultura da África e Afro-brasileira para mais de 19 municípios. Na segunda, o foco será levar esses conteúdos para as salas de aula. “É hora de os estudantes colocarem as mãos nos livros”, afirma Eliane.
Na metodologia desenvolvida pelo Projeto, as escolas recebem livros e formação para que os professores tenham uma visão crítica quanto às temáticas relacionadas à identidade negra antes de transmitirem aos alunos. “O livro por si não subsidia. A formação qualifica todo o conteúdo para que seja ofertado com mais qualidade no espaço escolar”, explica Eliane. Após a formação, os materiais passam a compor o acervo das bibliotecas. “O livro fica na escola como referência e deixamos um método que permite ao professor trabalhar a História a partir de qualquer área do conhecimento”, ressalta Zezito.
Dimensão do Conhecendo Nossa História – Em dois anos de Projeto a FCP disponibilizou 70 mil exemplares do livro O que você sabe sobre a África? e outros 70 mil da Revista Coquetel com foco nas questões negras. Com 596 professores formados, a meta atual é de que este número se multiplique pela quantidade de alunos por sala de aula que serão contemplados até 2020.
Eliane e Zezito destacam ainda outro molde de repercussão, este marcado pela propriedade que os educadores passam a ter sobre conceitos que redescobrem. “Sempre trabalhei com a formação de professores e no Projeto me encontrei fazendo o que gosto”, disse Eliane. “Emocionalmente fico muito feliz. Quando conversamos com esses educadores, conversamos com a ancestralidade, estamos aprendendo ao mesmo tempo em que ensinamos”, complementa Zezito.
Impacto socioeducativo – Em Caucaia, no Ceará, a multiplicadora Cláudia Oliveira da Silva enfatiza a importância do Projeto. Ela está à frente de 105 professores de escolas urbanas e quilombolas e mostra que o trabalho iniciado em Caucaia, em 2018, já traz resultados. “Está mais evidente, nas comunidades atendidas pelas escolas, uma valorização do que representam as memórias, as vivências e o pertencimento”, diz.
De acordo com Cláudia, os professores têm se mostrado mais seguros para tratar de assuntos pertinentes aos afro-brasileiros e o próximo passo estabelecido por eles é apresentar de forma qualitativa esses resultados à gestão educacional do município. “Queremos fortalecer ainda mais o processo. Estamos bem articulados sobre os conteúdos referentes à africanidade durante todo o ano, o que antes só ocorria no Mês da Consciência Negra”, conclui.