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Presidente da FCP/MinC, Zulu Araújo, apresenta sua pauta de trabalho para os próximos quatro anos
Brasília, 12/2/07 – A cultura é um direito básico do cidadão, tão importante quanto o direito do voto, à moradia, à alimentação, à saúde e à educação. A frase do novo presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, resume um pouco das iniciativas que o dirigente pretende implantar em sua nova gestão de trabalho a frente da instituição pública federal no período 2007-2010. As propostas de trabalho, já encaminhadas oficialmente ao ministro da Cultura, Gilberto Gil, foram apresentadas aos integrantes do Conselho Curador da FCP/MinC, reunidos em Brasília nesta segunda-feira (12). Durante o encontro, Zulu Araújo ressaltou o compromisso de promover uma gestão participativa, onde as demais secretarias e fundações do Sistema MinC irão produzir e dialogar ações voltadas à população afro-brasileira.
No documento, Zulu Araújo ressalta ao ministro Gilberto Gil que a Fundação Cultural Palmares, durante a gestão do historiador Ubiratan Castro de Araújo (2003-2006), encontrou não só a maior idade ao completar 18 anos de existência, mas sim reencontrou a sua vocação e caminho natural para fazer da cultura o principal instrumento de convencimento, sensibilização e difusão na sociedade brasileira da necessidade da superação da desigualdade racial em nosso país. Mas, conforme Zulu Araújo, sua gestão à frente da Fundação Cultural Palmares vai sim partir para difundir um olhar positivo sobre a contribuição da comunidade negra para o Brasil.
Confira abaixo, os principais pontos da pauta de ações apresentadas por Zulu Araújo para sua gestão no comando da FCP/MinC:
Fomento às manifestações culturais
– Participar ativamente da execução da política de fomento do MinC, através da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura, seja no âmbito dos atuais mecanismos, como o Fundo Nacional de Cultura e Mecenato ou com a criação de outros instrumentos.
– Ampliar a parceria (FCP) com a Secretaria da Identidade e Diversidade Cultural.
– Consolidar ações em conjunto junto ao Iphan/MinC, particularmente na área do patrimônio imaterial.
– Lançamento de editais conjuntos para a publicação, em vários suportes, sobre a temática afro-brasileira entre a FCP/MinC e outros ministérios.
– Consolidar parcerias para a capacitação de professores para o ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira com o Ministério da Educação.
– Articulações com outros ministérios: Meio-Ambiente, Desenvolvimento Agrário, Justiça, Seppir e Secretaria Especial dos Direitos Humanos.
– Parceria com o Ministério das Relações Exteriores, particularmente nas relações com o continente africano, dando assim sequência à política de integração cultural estabelecida pelo Governo Lula.
– Fortalecer a presença da instituição na área quilombola, articulada com o Ministério Público Federal e a Advocacia Geral da União, na defesa dos interesses dos remanescentes de quilombos e na criação de mecanismos de sustentabilidade para suas comunidades.
– Presença e liderança na discussão e reflexão de temáticas abrangentes da sociedade brasileira, como a democratização do acesso ao ensino superior (cotas para negros nas universidades) e o combate à intolerância religiosa.
Integração cultural nacional e internacional:
– Realizar o II Festival África-Brasil, com a participação de artistas do Brasil e de vários países africanos.
– Realizar a II Mostra Pan-Africana de Arte Contemporânea, com a participação de artistas africanos e da diáspora.
– Realizar a II CIAD CULTURAL
– Realizar a I Conferência Mundial de Doadores para a viabilização do Portifólium de Projetos da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), com a presença de agências internacionais de financiamento de projetos.
– Criar um Centro de Referência da Diáspora Negra no Brasil, em parceria com universidades.
– Garantir a catalogação e disponibilização para uso público do acervo do cineasta baiano Luiz Orlando. O acervo contém hoje mais de 5.000 filmes sobre o cinema negro no Brasil e no Mundo.
– Realizar seminário, exposição e reedição de parte da obra do poeta pernambucano Solano Trindade, no ano em que completa 100 anos de seu nascimento (2007).
– Realizar o Prêmio Mário Gusmão. Edital de premiação dos melhores trabalhos com temática afro-brasileira nas áreas de dança e teatro.
Juventude Negra:
– Incentivar e apoiar as experiências de manifestação cultural da juventude negra, hoje apresentada por segmentos do Movimento Hip Hop, expressa também nos Pontos de Cultura, nos blocos afro, entre outros.
– Articular a FCP/MinC com ações junto à Secretaria Nacional da Juventude.
Informação, Comunicação e Referência Negra:
– Promover e estimular o estudo e a pesquisa, com o apoio a lançamento de publicações voltadas à temática afro-brasileira.
– Estimular os jovens escritores afro-brasileiros a produzirem peças literárias, bem como garantir a divulgação e distribuição de suas produções, particularmente entre alunos e professores das escolas públicas.
– Articular com TVs públicas, em especial com o Sistema Radiobrás, a produção de programas de rádio, televisão e matérias especiais para a Web que dêem maior visibilidade e incluam aspectos da cultura, da história e também da religiosidade afro-brasileira em seus conteúdos.
Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro:
– Intensificar a titulação de terras quilombolas, através de articulações com o INCRA e SEPPIR.
– Proteger e apoiar ações que levem à sociedade o pleno reconhecimento e respeitabilidade para com as manifestações religiosas afro-brasileiras, bem como para com os terreiros de religiões de matriz africana.
– Estabelecer uma política especial para o tratamento do segmento Religiões de Matriz Africana aliado a ações com outros ministérios, como o de Desenvolvimento Social e da Justiça.
Nova sede da Fundação Cultural Palmares/MinC:
Outra preocupação ressaltada pelo novo presidente da FCP/MinC está na melhoria das condições de trabalho para os servidores da instituição, em especial os que trabalham na sede da Fundação, em Brasília. Zulu Araújo lembra no documento que a atual condição física da sede está em uma situação preocupante. Declarou ainda, junto aos conselheiros da Fundação, que neste ano (2007) a Palmares irá lançar um edital público para escolher o novo projeto arquitetônico para a sede da Fundação a ser erguida a partir de 2008 junto ao terreno que a Palmares possui às márgens do Lago Paranóa, em Brasília.