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Prêmio Oliveira Silveira: lançamento dos romances vencedores
O lançamento dos 5 romances vencedores do Prêmio Oliveira Silveira integra a programação comemorativa dos 28 anos da Fundação Cultural Palmares, que ocorrerá entre os dias 22 e 26 de agosto.
As obras vencedoras serão lançadas durante a solenidade que abre oficialmente as atividades em celebração ao aniversário da Fundação Palmares. As autoras e autores estarão presentes para uma noite de autógrafos.
A cerimônia de abertura contará com a presença do Presidente da Fundação, Erivaldo Oliveira, e outras autoridades.
A Fundação Cultural Palmares convida todos a participar de mais um grande momento para a cultura afro-brasileira. Confira abaixo as sinopses dos livros premiados.
Serviço
Data: 22 de agosto, às 19h.
Local: Caixa Cultural Brasília.
Endereço: SBS Quadra 4 Lotes 3/4, edifício anexo à matriz da CAIXA.
Romances contemplados
Água de Barrela, de Eliana Alves dos Santos Cruz (jornalista, empresária e pós-graduada em comunicação empresarial).
Água de Barrela é uma saga, um livro que começa em meados do século XIX, mais precisamente em 1849, quando dois membros de um mesmo clã embarcam escravizados para o Brasil e desembarcam no poderoso recôncavo baiano açucareiro. A história vai atravessando as décadas até os dias atuais, tendo como pano de fundo momentos históricos do país, que foram testemunhados e vivenciados pelos que nunca tiveram chance de contar suas trajetórias.
A história fascinante, que começou com o menino Akin Sangokunle em uma pequena cidadela do reino de Oió, no oeste africano, cruza os caminhos dele e de seus familiares com o de outras poderosas famílias do Brasil império. Relações afetivas e de poder que ganham novos contornos ao longo do tempo e que falam muito sobre o modo de pensar e de agir da elite brasileira e também o que foi determinante para os que são frutos da diáspora africana.
O romance também mostra a mulher negra de uma forma pouco usual na literatura, retratando lutas, dores e vitórias daquelas que, em tempos de subalternas, optaram por protagonizar suas próprias histórias.
Haussá 1815 – Comarca das Alagoas, de Júlio César Farias de Andrade (alagoano de Maceió, servidor público da Universidade Federal de Alagoas, capoeirista angoleiro e mestre de maracatu de baque virado em Alagoas).
Bomani é o nosso protagonista, homem digno e filho único de uma família que vive do plantio e comércio de An-nil em Kano, Norte da Nigéria. A paz que desfrutavam, nas proximidades do Deserto do Saara, é abalada durante uma jihad, após inúmeros ataques às caravanas chefiadas por Bomani.
Feito prisioneiro, vendido e trabalhando como servo, percorre o país e presencia seus costumes milenares. O cenário muda e Bomani se vê dentro de um tumbeiro rumo ao Brasil.
Ao final de uma longa e sofrida viagem, aporta nos arredores da Vila de São Francisco do Penedo, Comarca das Alagoas, Brasil. Bomani torna-se propriedade de um senhor de engenho realizando trabalhos forçados.
Tempos depois ele foge da fazenda, conhece a bela e jovem Nyota e planejam um levante para libertar seu povo.
Permita-se acompanhar toda essa emocionante trajetória que culmina no levante malê na cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos, em meados do século XIX.
Sobre as vitórias que a história não conta, de André Luís Soares (brasiliense, é economista).
O romance narra a história dos gêmeos africanos – Akin e Olakundê – que, ainda na infância, são trazidos ao Brasil no começo do século XIX.
Sendo comprados por um negro de ganho que os cria e os insere na tradição muçulmana, colocando-os no centro das lutas dos escravos malês, os quais sonhavam tomar a Bahia para nela construir o primeiro império negro fora da África.
Os jovens gêmeos crescem unidos, envolvendo-se nas mais diversas aventuras por toda a cidade de Salvador, vivendo também paixões e sofrimentos próprios daqueles que buscavam, acima de tudo, formas mais justas e livres de viver.
Paralelo à história dos dois irmãos, o romance apresenta os cenários sociais, políticos e econômicos predominantes à época, revelando insuportável quadro de desigualdades, em que o Estado e a Igreja tudo faziam para perpetuar a produção escravista. Nesse panorama, os levantes eram constantes, fazendo da Bahia o centro das revoltas de escravos no Brasil.
Sina traçada, de Custódia Wolney (administradora de empresas com especialização em Gestão Cultural e membro da Academia de Letras e Músicas do Brasil – ALMUB).
Sina Traçada é um envolvente romance que aborda a revolução dos Malês, ocorrida em Salvador, no ano de 1835. Africanos adeptos ao islamismo, que se comunicavam em árabe, e que na Bahia lutavam contra a escravidão. Na busca da liberdade de professarem a própria fé, queriam impor, na Bahia, um governo muçulmano.
A obra envolve o leitor na trajetória de vida de Thomaz. Homem determinado, acostumado às guerrilhas africanas por conquistas de reinados. Convertido recentemente ao Islamismo, ainda trazia no peito sua crença nos orixás. Na África, fora capturado por tentar matar o rei e vendido ao Brasil à troca de tabaco. Conhecendo a escravidão, não se curvou a ela.
O leitor terá a oportunidade de perceber a congregação de diferentes crenças na Bahia, que favoreceram a formação da vasta diversidade cultural brasileira. Thomaz sentiu-se traído por si mesmo ao ver-se apaixonado pela esposa de seu feitor: rica, branca e católica. Uma mulher que, para ele, representava a personificação de uma classe que ele bravamente combatia.
É possível o amor sobreviver a preconceitos, diferenças sociais e religiosas? Descubra isto nas páginas deste romance.
Sessenta e seis elos, de Eduardo Carvalho (publicitário e jornalista editor na área de arte e cultura).
Dois irmãos, filhos de reis congoleses são escravizados e levados ao Rio de Janeiro. Um deles é vendido para trabalhar nas minas de Ouro Preto. O outro junta-se à tripulação de uma embarcação pirata rumo ao Haiti colonial.
Suas descendências paralelas atuam como coadjuvantes em fatos históricos que culminam na formação da primeira nação negra independente fora da África e do país que mais tardiamente aboliu a escravidão formal.
Duas outras narrativas, contemporâneas e paralelas traçam um panorama da atuação das Forças de Paz da ONU, desempenhadas por tropas brasileiras.
Diásporas e resgates, separações e reencontros, perdas e glórias, escravidão e poder, degradação e fortuna, fugas e lutas são alguns dos antagonismos presentes nessa trama cativante e libertadora!