Notícias
Povo de santo se despede do ogã mais antigo do Brasil
Comunidades de matriz africana de todo Brasil, já não podem mais contar com o conhecimento de Ambrósio Bispo da Conceição, falecido na última sexta-feira (10), em Cachoeira, Bahia.
O sacerdote de 107 anos, tinha a função litúrgica de reverenciar os orixás através do canto e da percussão dos atabaques, sua intuição espiritual e habilidade musical determinavam a coreografia executada pelos orixás.
Bobosa, como era popularmente conhecido, era uma das principais lideranças do terreiro Seja Hundé, um dos mais antigos de tradição Jêje no Brasil. Também chamado de Roça do Ventura (Zoogodo Gbogun Male Cejá Houndé), o terreiro possui tombamento provisório como patrimônio nacional. O processo foi aberto pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Órun recebe a alma deste que com mais de 80 anos de iniciação religiosa, teve importância fundamental na preservação da área do terreiro. O corpo do ogã Bobosa foi velado em sua residência na Ladeira Manoel Vitório, em Cachoeira, por familiares e irmãos do Povo de Santo.
Trabalho santo – Os cargos de Ogan na nação Jeje são classificados em Pejigan que é o primeiro Ogan da casa Jeje que quer dizer “Senhor que zela pelo altar sagrado” e Runtó que é o tocador do atabaque Run. No Ketu, os atabaques são chamados de Ilú. Há também outros Ogans como Gaipé, Runsó, Gaitó, Arrow, Arrontodé, etc.
A Nação Jeje vive de forma independente em seus cultos e tradições de raízes profundas em solo africano, trazida de forma fiel pelos negros ao Brasil.