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Pós-neoliberalismo, movimentos sociais e desenvolvimento
Publicado em
13/04/2008 21h00
Atualizado em
26/04/2024 11h23
Seminário Internacional aborda as perspectivas políticas e a história afro-latina e a
construção de uma agenda comum para estratégias na luta anti-racial
construção de uma agenda comum para estratégias na luta anti-racial
Realizado pelo Comitê Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso), em parceria com a Apisa e a Codesria, entre os dias 9 e 11 de abril, na UERJ, O Seminário Internacional Pós-Neoliberalismo, Movimentos Sociais e Desenvolvimento: Perspectivas comparadas na América Latina e Caribe, Ásia e África reuniu especialistas de diferentes países, que debateram importantes abordagens culturalistas sobre os caminhos dos movimentos sociais e do desenvolvimento pelas sociedades ao longo da história.
O seminário, coordenado pelo pesquisador Jacques d`Adesky, foi realizado também com o objetivo de promover a integração Sul-Sul (entre países em desenvolvimento do Hemisfério Sul) do Clacso.
Os debates tiveram como marco de referência o contexto global. A percepção dos palestrantes foi de que é necessária a interação entre, principalmente, América Latina e Caribe, para fazer frente ao Interesse Nacional dos Estados Unidos. Foram discutidos aspectos estratégicos associados à existência de uma identidade latino-americana.
Presente à sessão de abertura, o ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, Edson Santos, destacou o pensamento do atual governo em dar prosseguimento às políticas centradas em uma nova relação entre o Estado e os trabalhadores. “Estou muito feliz em estar aqui para reafirmar a importância do Brasil nesta temática”, ressaltou.
“O racismo é incompatível com a democracia, por isso não basta que a lei proteja, mas deve-se procurar a inclusão social”, disse ele, destacando algumas ações em que o Brasil participa para o combate ao racismo. Segundo Santos, essas são ações governamentais que se assentam em bases legítimas, “baseadas na verdade e na liberdade, pois enquanto houver pessoas na privacidade não há democracia plena”.
Palmares – O presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, foi convidado a participar da mesa que debateu os Movimentos Afro-descendentes: perspectivas políticas e históricas. Em um breve apanhado sobre o papel da Fundação Palmares, Zulu Araújo destacou como nesses vinte anos de história, a instituição tem buscado cumprir com seu objetivo de promover, preservar e difundir os valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira.
Em 2007, segundo Zulu Araújo, a Fundação Palmares partiu para um novo eixo de trabalho que é a aproximação com os países da América Latina, que também viveram processos históricos similares ao do Brasil. Ressaltando o papel da Fundação para compreender as semelhanças e diferenças da história e dos processos de integração social das comunidades negras nos países latino-americanos, o presidente da Palmares, destacou a importância da troca de experiências e a elaboração de uma agenda comum que contribua para a luta contra o racismo e pela promoção da igualdade racial, tendo a cultura como eixo central.
Os afro-descendentes representam cerca de 23% da população da América Latina. Esse dado, de acordo o presidente da Fundação Palmares, revela que, apesar do esforço de lideranças e de organizações afro-latinas, os índices de exclusão é assustador. ” Diria mesmo mais assustador do que aqueles que encontramos no Brasil. Neste sentido, o Brasil precisa assumir urgente suas responsabilidades nesse processo de luta, seja no campo institucional, com ações do governo, seja no campo social, com a interferência dos movimentos. E é o cumprimento deste papel que a Fundação Palmares propõe”, afirmou.
Para tanto, ele citou o Programa Intercâmbios Afro-latinos como um importante instrumento de promoção de trocas de experiências, debates, reflexões e articulações entre as comunidades dos países da região. Pare ele, o nosso objetivo da Plmares nesse sentido é muito claro: “Fazer da cultura o nosso principal instrumento de diálogo e de reconhecimento mútuo na luta contra o racismo e na promoção da igualdade racial em todo o continente”.
Os debates foram muito ricos em contribuição e questionamentos. O interesse dos estudantes privilegiou uma rica discussão e, foi assim que, sob aplausos. Zulu Araújo destacou que para se contrapor ao revigoramento e agressividade de setores conservadores e racistas ainda existentes no Brasil, que querem garantir seus privilégios, é necessário compreender profundamente essa questão. “Para essa luta, não basta se auto-intitular afro-descendente, mas que sejamos defensores contra a discriminação racial”.