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Por muito tempo na história ‘‘Anônimo’’ foi uma mulher
Virgínia Wolf
Hoje, 8 de março, é o dia de comemorarmos, em todo mundo, as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres. Ao longo da história, as mulheres transformaram o mundo, na ciência, na tecnologia, na literatura, nas artes. Enquanto guerreiras, por séculos repeliram invasões estrangeiras e defenderam suas terras. Como esquecer dos feitos das ‘‘Amazonas do Daomé’’, bravas guerreiras da África Ocidental que inspiraram as Dora Milaje do filme Pantera Negra, ou da Rainha Nzinga Mbandi que durante quatro décadas representou a resistência dos reinos de Ndongo e Matamba, atualmente parte de Angola, ao colonialismo português.
Ainda hoje, meninas e mulheres precisam lutar para terem garantido seus direitos básicos – direito à vida, à educação, ao seu corpo, às suas escolhas, à equidade de gênero. Cotidianamente, buscam o empoderamento, a presença em espaços de tomadas de decisão, a participação na vida pública. Hoje, podemos também abordar as desigualdades de gênero que ainda assolam o mundo, sobretudo o Brasil; os crescentes níveis de feminicídio; as disparidades salariais entre homens e mulheres, apesar destas estarem em maior número nas Universidades. Entretanto, lembremos as meninas, as mulheres, os coletivos femininos que lutam para modificar as estruturas desiguais as quais as sociedades estão construídas. Lembremos a jovem paquistanesa Malala Yousafzai, Prêmio Nobel da Paz de 2014 pela sua luta pelo direito das meninas paquistanesas estudarem; Wangari Maathai, queniana, ativista política e Nobel da Paz de 2004 pela sua luta pela conservação das florestas e do meio ambiente.
Em 2019, a ONU Mulheres elegeu como tema global para o Dia Internacional das Mulheres: ‘‘Pensemos em igualdade, construção das mudanças com inteligência e inovação’’, obviamente, sem esquecer as estruturas desiguais da sociedade no quesito gênero e raça, mas centrando as reflexões nas formas inovadoras para a defesa da equidade de gênero, da justiça e do empoderamento feminino. As mulheres, no Brasil e em diversos países, ainda precisam lutar pelos seus espaços, sobretudo quando pertencentes a grupos étnico-raciais entendidos como minorias, como o caso de mulheres indígenas. Neste sentido, lembremos Joênia Wapichana, deputada federal eleita por Roraima e primeira indígena eleita para o Congresso. Na ‘‘casa do povo brasileiro’’, o Congresso Nacional, na atual legislatura, temos o maior percentual de mulheres em 30 anos, com 77 deputadas, mas ainda assim apenas 15% dos parlamentares, número bem inferior ao mínimo de candidaturas femininas estipulado em lei, de 30%, e à proporção de mulheres na população, de 51%.
O dia 8 de março nasceu da luta feminina no início do século XX, da luta de mulheres operárias por melhores condições de trabalho e de salário, condições de criarem seus filhos e manterem suas famílias. As pautas do século XXI não são muito diferentes daquelas postas pelas mulheres da indústria têxtil e por isso, enquanto a equidade de gênero não for uma realidade, bem como o respeito à vida e a dignidade da mulher nos quatro cantos do mundo, o Dia Internacional da Mulher se manterá como um dia de luta, reflexão, resgate histórico e memória às mulheres que ao longo do tempo ousaram mudar o cenário.