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Pesquisas confirmam acerto de ações afirmativas
Eliane Borges, da Fundação Cultural Palmares, durante a abertura do VI Copene, no Rio de Janeiro Foto: Divulgação
O desempenho dos estudantes negros cotistas é academicamente superior ao dos que não entraram na universidade por meio deste mecanismo da política de ações afirmativas. A conclusão é de pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), e integra um leque de estudos científicos apresentados no VI Congresso Brasileiro de Pesquisadores(as) Negros(as) – Copene, na cidade do Rio de Janeiro.
Afrodiáspora: saberes pós-coloniais, poderes e movimentos sociais é o tema do encontro organizado pela Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN), e que ocorreu de 26 a 29 de julho último, na UERJ. Estudos e debates sobre a realidade das populações negras – principalmente, as questões ligadas ao racismo, às reconstruções culturais diaspóricas, às resistências e (re)existências negras – nortearam o encontro, do qual participam Dora Lúcia Bertúlio, Elísio Lopes Jr e Eliane Borges, da Fundação Cultural Palmares.
GRANDE MÍDIA – Eliane Borges, chefe de gabinete da Fundação Cultural Palmares, representou o presidente Zulu Araújo na mesa de abertura do congresso. Ela também participou do evento como pesquisadora – apresentou sua tese de doutorado, intitulada Negros(as) e ciência: uma análise sobre a inserção acadêmica de intelectuais negros(as). Cerca de duas mil pessoas, entre professores, estudantes e pesquisadores do Brasil e do exterior participaram do evento.
Elísio Lopes, diretor da FCP, coordenou a mesa-redonda ABPN 10 anos: trajetórias, internacionalização, desafios e participação dos(as) pesquisadores(as). “O congresso está excelente; a pauta, interessante; e as discussões bastante coerentes”, mas que sente falta da presença da mídia, “para divulgar pesquisas extremamente importantes, como a apresentada pela UERJ, mostrando que o desempenho dos estudantes cotistas é academicamente superior ao dos que não entraram por meio de cotas. É uma pena que resultados como estes não sejam divulgados”, pontuou.
DIÁLOGO – “Ampliar e abrir espaços para que os(as) intelectuais negros(as) possam apresentar e divulgar os seus trabalhos é um dos principais focos da ABPN. A realização deste VI Copene é a continuidade de um árduo trabalho que desenvolvemos há dez anos e que, para nossa felicidade, tem crescido com vigor. Proporcionar o diálogo, as trocas, e refletir sobre o desafio da inserção acadêmica desses pesquisadores são alguns dos nossos objetivos”, relatou Eliane Borges, que foi sócia-fundadora da ABPN, e participou da mesa sobre os 10 anos da instituição.
A escolha da temática do Congresso levou em consideração a atual conjuntura brasileira, na qual os segmentos negros organizados reivindicam o incremento de mecanismos jurídicos-políticos de constituição material de direitos, como, por exemplo, a Lei 10.639, que determina o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas do país e a implementação de políticas de ações afirmativas.
O VI Copene foi precedido pelo I Simpósio Internacional da ABPN – Construindo conhecimentos e conectando as experiências do Brasil e da diáspora africana, que aconteceu nos dias 25 e 26 de julho, também no Rio de Janeiro. O encerramento do congresso contou com o apoio da Fundação Palmares, e foi recheado de muita música e exposições de artes plásticas. Para completar, degustação de pratos de origem africana.
FONTE: ASCOM / PALMARES