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Palmares precisa estar próxima das comunidades, destaca presidente da instituição
A Fundação Cultural Palmares não pode ficar estática em sua sede e precisa se deslocar pelo Brasil inteiro para conhecer de perto as principais demandas dos quilombolas e de todos os afro-brasileiros. Foi o que enfatizou o presidente da instituição, Erivaldo Oliveira, no primeiro dia da Palmares Itinerante na cidade do Rio de Janeiro. O evento acontece nesta terça-feira (18/04) e quarta-feira (19/04) no Museu do Amanhã, na Zona Portuária carioca.
Além de Erivaldo Oliveira, participaram do encontro a secretária de cultura municipal do Rio, Nilcemar Nogueira e representantes de órgãos como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro (Comdedine) e Coordenadoria Especial de Promoção das Políticas de Igualdade Racial (Ceppir), ligado à Prefeitura do Rio.
Na abertura do evento, o presidente Erivaldo Oliveira destacou que a atual gestão da Fundação Palmares tem se empenhado pela integração das ações do governo federal, de estados e municípios voltadas para a população negra. Na visão dele, as políticas públicas só se tornam eficientes se o gestor vai às comunidades para conhecer quais são as suas necessidades. “Certificar essas comunidades é fundamental, mas, depois não se pode abandoná-las. Temos de estimular seus potenciais. Cada lugar tem a sua vocação, seja cultura ou agronegócio, e este perfil irá influenciar o seu desenvolvimento”, ponderou Erivaldo.
O presidente assinalou que é fundamental resgatar o orgulho e a autoestima dos afro-brasileiros, abalados pelo preconceito e a discriminação. Para isso, Erivaldo Oliveira frisou a importância de se trabalhar a cultura negra nas escolas. “Você anda por alguns lugares do Brasil e vê que muitas pessoas têm vergonha de usar as roupas das religiões de matriz afro. É preciso que os jovens sintam orgulho e frequentem os terreiros sem medo. Devemos começar desde cedo a trabalhar isso com as crianças”, contou.
Com o objetivo de difundir a cultura afro nas escolas a Fundação Cultural Palmares produziu o kit educativo O que você sabe sobre a África. O material será distribuído, inicialmente, em instituições de ensino de 17 municípios das cinco regiões. O projeto piloto tem lançamento nos dias 27 e 28 de abril no município de União dos Palmares, em Alagoas.
Museu
Durante o evento, Erivaldo Oliveira e a secretária municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Nilcemar Nogueira, assinaram um protocolo de intenções para estabelecer ações conjuntas para realização de estudos e projetos para a criação do espaço que está sendo chamado provisoriamente de Museu da Escravidão e da Liberdade (MEL). O ambiente deve funcionar na região portuária da capital e dará espaço à cultura e história negra. “A maioria dos museus trazem o ponto de vista do colonizador. Precisamos de um espaço que aborde a nossa contribuição”, comentou Nilcemar.
Ainda no Palmares Itinerante, Erivaldo Oliveira entregou certificação que reconhece as comunidades quilombolas de Dona Belina, na zona oeste carioca, e do Grotão, em Niterói. Emocionados, os representantes desses locais reconheceram o documento como essencial para consolidar suas trajetórias.
Os participantes da mesa também ouviram reivindicações e comentários do público composto por cerca de 300 pessoas, entre representantes de mulheres negras, movimento negro, artistas, produtores culturais, povos de terreiro e capoeiristas. Houve ainda apresentações artísticas, como a Companhia de Dança Ás de Ouro, que mostrou o espetáculo As Facetas do Malandro.