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Palmares marca presença na exposição Saberes Ancestrais em território de resistência e memória negra
Exposição Saberes Ancestrais Não Cabem na Sala de Aula, da artista plástica Cláudia Fassini
A Fundação Cultural Palmares esteve presente no lançamento da exposição Saberes Ancestrais Não Cabem na Sala de Aula, da artista plástica Cláudia Fassini, nesta quinta-feira (20). A mostra resgata e celebra os conhecimentos tradicionais das comunidades afrodescendentes e foi inaugurada no coração da Pequena África, território simbólico de resistência e memória negra, no centro do Rio de Janeiro.
Realizada pelo Instituto Pretos Novos (IPN), em parceria com o Ministério da Cultura, a exposição ocupa a Galeria de Artes Pretos Novos, espaço que se tornou referência na preservação da memória da diáspora africana no Brasil. A proposta fortalece a aplicação da Lei 10.639/03 como instrumento de valorização da herança africana no país. Também combate o racismo religioso e afirma os saberes ancestrais como parte essencial da formação identitária brasileira.
“Os saberes que esta exposição evoca são parte viva da nossa história e da nossa cultura. Ao reconhecer os terreiros como espaços de civilização e sabedoria, damos um passo importante contra o apagamento histórico que ainda persiste. É por isso que a Palmares está aqui: para afirmar a memória, a resistência e o protagonismo negro”, declarou João Jorge, presidente da Fundação Cultural Palmares.
O IPN está situado no Sítio Arqueológico Cemitério dos Pretos Novos, na Zona Portuária do Rio de Janeiro. O nome do instituto batiza um dos territórios mais marcantes da história da escravidão no Brasil: o local onde eram enterrados africanos que morriam nos navios negreiros, antes mesmo de serem comercializados — em sua maioria adolescentes e crianças, os chamados “pretos novos”.
A descoberta, em 1996, de ossadas humanas e fragmentos arqueológicos no terreno revelou a existência de um cemitério com estimativa de 20 mil a 30 mil corpos. Desde então, o Instituto Pretos Novos se firmou como um centro de memória, pesquisa e resistência, além de cenário de produção cultural e reflexão crítica sobre a escravidão e seus impactos na formação da sociedade brasileira.
Saiba mais:
A Lei 10.639/03 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e tornou obrigatória a inclusão do ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira no currículo oficial da educação básica em todo o país.
Aprovada em 2003, após décadas de mobilização do movimento negro, a lei representa um marco na luta contra o racismo estrutural ao reconhecer a centralidade da população negra na construção da identidade brasileira. Ela determina que as escolas abordem a participação dos povos africanos na formação da sociedade nacional, valorizando as contribuições nas áreas social, econômica, política e cultural, além de promover o respeito à diversidade étnico-racial.
Mais do que um conteúdo, a Lei 10.639/03 propõe uma mudança de perspectiva: educar para combater o preconceito, para reconhecer a pluralidade e para construir uma memória coletiva mais justa e representativa.


