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PALMARES, 18 ANOS: Professora Valdirene abre o coração e emociona alunos com sua luta e fé em um Brasil sem racismo
Publicado em
08/11/2006 09h00
Atualizado em
05/06/2024 14h54
“O que não se pode admitir é ser assassino, ser bandido, ser malfeitor. Nós negros não denegrimos a imagem de ninguém, mas os outros denigrem a nossa“. Carregada de emoção, a fala da professora Valdirene Berredo sintetizou o momento único pelo qual ela e seus alunos da Escola Municipal Castro Alves, de Valparaíso de Goiás, presenciaram ao participar do segundo dia da programação comemorativa aos 18 anos da Fundação Cultural Palmares/MinC. Além dos estudantes do Colégio Castro Alves, também os alunos da Escola Municipal Monteiro Lobato, de Valparaíso de Goiás também estiveram no evento. Maranhense e radicada há cinco anos no DF, Valdirene conta que mobilizou aos seus alunos a virem até Brasília para assistir ao filme “Vista Minha Pele” e também acompanhar o bate-papo promovido pela pedagoga e rapper Vera Veronika. “Eu acompanho muita coisa sobre negritude e ações afirmativas pela Internet, mas jamais tive a oportunidade de participar de um evento tão maravilhoso quanto esse”, salientou Valdirene, emocionada. No calor das considerações promovidas por Valdirene a todos os presentes na platéia, a professora formada em Letras e Artes – ela leciona Inglês e Artes na escola da cidade goiana – sua voz naquele momento servia para chamar a atenção de todos os seus alunos (ou não) sobre a importância de se valorizar e respeitar a sua raiz negra. Uma raiz que transcende a cor da pele, mas uma cultura e uma história pela qual seus ancestrais lutaram.
A educadora fez questão de frisar o quanto se deve investir em levar a discussão sobre Ações Afirmativas para a sala de aula. “Educar não é somente transmitir conteúdos e cobrar resultados, mas sim educar é formar valores humanos”, comentou ao parabenizar a pedagoga Vera Veronika por sua palestra. O cumprimento da educadora também teve um sentido tão especial, marcou a proximidade entre as duas professoras que se conheceram na sede da FCP, e um desejo Valdirene deixou bem claro no ar: quer que sua escola (Castro Alves) receba uma visita da Fundação Palmares. Neste encontro, Valdirene sonha com um amplo evento que divulge os valores da cultura negra e também destaque com o uso da arte o combate ao racismo. Discriminação já vivida com dor pela professora. “Me lembro com muita clareza de como era tratada pelos familiares de meu ex-marido. Não bastava apenas ser chamada de negra, mas sim eles diziam que eu era a preta universitária. Ou seja, não bastava ser negra, tinha também que ter este adjetivo ressaltado de forma tão pejorativa em minha convivência familiar”. Ao contar isso, de uma forma até bem humorada, a professora Valdirene disse que poderia ficar contando vários casos de discriminação racial pelo qual viveu. Mas que só se limitaria a contar a rejeição encontrada dentro da família.
Tais situações não fizeram com que Valdirene baixasse a cabeça. Pelo contrário, com a mesma voz forte, a professora se enche de força para dobrar a sua própria estatura física e reforçar a sua luta pela igualdade racial. Como ela faz isso? Conta que com muita leitura, muito estudo e também com muito diálogo para com os seus alunos.
Ao participar aos seus estudantes a sua determinação em construir junto aos jovens um sentimento de igualdade e cidadania, Valdirene assim consegue resultados além daqueles que podem ser escritos em um papel. ” Ela (a Valdirene) nos explica tudo sobre a sua religião. Ela nos diz que é do candomblé e diz que tem orgulho dos ensinamentos que teve de seus ancestrais. Nós não somos da mesma religião, mas ela nos ensinou a respeitarmos todos os tipos de crença”, sintetizou o estudante Júlio César Rodrigues, 14 anos. Aluno da 6ª série do Ensino Fundamental da Escola Castro Alves, Júlio Cesar conta que nunca tinha visto o filme Vista a Minha Pele e que tampouco tinha conversado sobre ações afirmativas e combate ao racismo. Com simplicidade, o jovem declarou que “gosta de ser negro”. Para ele “os colegas de escola, brancos, que vieram também assistir a palestra na sede da Fundação Cultural Palmares, vão passar a respeitar os demais alunos negros”.
Outra estudante do Castro Alves, Taiane Muniz, 12, aluna também do sexto ano do ensino fundamental, lembrou que já chorou inúmeras vezes por ter sido vítima de deboches e de discriminação por colegas. Contou que por várias vezes, alguns colegas seus de classe escreviam na parede a frase “Taiane negrinha” e que aquilo a trazia muita mágoa. “Eu nunca aceitei isso porque sempre me senti desrespeitada. Taiane comemorou a oportunidade de ter vindo acompanhar a programação de aniversário da FCP, onde lembrou que muitos dos colegas que a chamavam de “negrinha” também estavam no mesmo auditório assistindo a tudo. “Agora eles vão parar de me chamar de negrinha e vão passar a me respeitar”, comemorou a jovem.
Histórias de emoção, de desabafo e de reflexão estão podendo ser vistas até esta quinta-feira, no auditório da FCP/MinC. Nesta quarta-feira, os alunos e professores do Colégio Estadual Desembargador Dilermando Meireles, de Valparaíso de Goiás, também vão ter a mesma oportunidade de dialogar sobre o combate ao racismo e cidadania, a partir das 14h. A aula de vida e de pluralidade está aberta a todos.
A educadora fez questão de frisar o quanto se deve investir em levar a discussão sobre Ações Afirmativas para a sala de aula. “Educar não é somente transmitir conteúdos e cobrar resultados, mas sim educar é formar valores humanos”, comentou ao parabenizar a pedagoga Vera Veronika por sua palestra. O cumprimento da educadora também teve um sentido tão especial, marcou a proximidade entre as duas professoras que se conheceram na sede da FCP, e um desejo Valdirene deixou bem claro no ar: quer que sua escola (Castro Alves) receba uma visita da Fundação Palmares. Neste encontro, Valdirene sonha com um amplo evento que divulge os valores da cultura negra e também destaque com o uso da arte o combate ao racismo. Discriminação já vivida com dor pela professora. “Me lembro com muita clareza de como era tratada pelos familiares de meu ex-marido. Não bastava apenas ser chamada de negra, mas sim eles diziam que eu era a preta universitária. Ou seja, não bastava ser negra, tinha também que ter este adjetivo ressaltado de forma tão pejorativa em minha convivência familiar”. Ao contar isso, de uma forma até bem humorada, a professora Valdirene disse que poderia ficar contando vários casos de discriminação racial pelo qual viveu. Mas que só se limitaria a contar a rejeição encontrada dentro da família.
Tais situações não fizeram com que Valdirene baixasse a cabeça. Pelo contrário, com a mesma voz forte, a professora se enche de força para dobrar a sua própria estatura física e reforçar a sua luta pela igualdade racial. Como ela faz isso? Conta que com muita leitura, muito estudo e também com muito diálogo para com os seus alunos.
Ao participar aos seus estudantes a sua determinação em construir junto aos jovens um sentimento de igualdade e cidadania, Valdirene assim consegue resultados além daqueles que podem ser escritos em um papel. ” Ela (a Valdirene) nos explica tudo sobre a sua religião. Ela nos diz que é do candomblé e diz que tem orgulho dos ensinamentos que teve de seus ancestrais. Nós não somos da mesma religião, mas ela nos ensinou a respeitarmos todos os tipos de crença”, sintetizou o estudante Júlio César Rodrigues, 14 anos. Aluno da 6ª série do Ensino Fundamental da Escola Castro Alves, Júlio Cesar conta que nunca tinha visto o filme Vista a Minha Pele e que tampouco tinha conversado sobre ações afirmativas e combate ao racismo. Com simplicidade, o jovem declarou que “gosta de ser negro”. Para ele “os colegas de escola, brancos, que vieram também assistir a palestra na sede da Fundação Cultural Palmares, vão passar a respeitar os demais alunos negros”.
Outra estudante do Castro Alves, Taiane Muniz, 12, aluna também do sexto ano do ensino fundamental, lembrou que já chorou inúmeras vezes por ter sido vítima de deboches e de discriminação por colegas. Contou que por várias vezes, alguns colegas seus de classe escreviam na parede a frase “Taiane negrinha” e que aquilo a trazia muita mágoa. “Eu nunca aceitei isso porque sempre me senti desrespeitada. Taiane comemorou a oportunidade de ter vindo acompanhar a programação de aniversário da FCP, onde lembrou que muitos dos colegas que a chamavam de “negrinha” também estavam no mesmo auditório assistindo a tudo. “Agora eles vão parar de me chamar de negrinha e vão passar a me respeitar”, comemorou a jovem.
Histórias de emoção, de desabafo e de reflexão estão podendo ser vistas até esta quinta-feira, no auditório da FCP/MinC. Nesta quarta-feira, os alunos e professores do Colégio Estadual Desembargador Dilermando Meireles, de Valparaíso de Goiás, também vão ter a mesma oportunidade de dialogar sobre o combate ao racismo e cidadania, a partir das 14h. A aula de vida e de pluralidade está aberta a todos.