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PALMARES 18 ANOS: Comemorações oficiais reforçam a luta pela valorização da cultura afro
Brasília, 7/11/06 – Com poesia, música e reflexões sobre as conquistas e dificuldades que enfrenta desde a sua criação, a Fundação Cultural Palmares começou, nesta segunda-feira, a comemoração de seus 18 anos. Funcionários, integrantes do movimento negro, políticos e autoridades religiosas compareceram à cerimônia de abertura da festa, chegando a quase 300 pessoas.
O diretor de promoção, estudos, pesquisa e divulgação da cultura Afro-brasileira da FCP, Zulu Araújo, foi o primeiro a discursar e ressaltou a importância de a Fundação Cultural Palmares chegar à maioridade, com a conquista de ter “saído das paredes burocráticas” e chegado à Mãe-África. “Apesar de tanto não e de tanta dor que nos invade, somos nós alegria da cidade”, terminou ele, com a poesia de Jorge Portugal Lazzo.
Integraram a mesa, representando o ministro Gilberto Gil, o presidente do IPHAN, Luis Fernando; o presidente da Fundação Cultural Palmares, Ubiratan Castro de Araújo; a ministra da Secretaria Especial de Políticas de Igualdade Racial (SEPIR), Matilde Ribeiro; a embaixadora da África do Sul, Linduii Zulu; a desembargadora do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Neuza Maria Alves da Silva; o deputado federal do PT, Zezéu Ribeiro; e a presidente da Federação Brasiliense e Entorno de Umbanda e Candomblé, Marinalva dos Santos Moreira.
“Estamos em família, estamos felizes, porque nós viemos de uma grande vitória”, falou o professor Ubiratan em seu discurso, demonstrando a alegria pelo resultado das eleições. Dos 18 anos de existência da FCP, o professor ressaltou os últimos quatro anos, em que o Brasil teve uma política de solidariedade com a África. A promulgação do decreto 4.887, que possibilitou o reconhecimento de quase 900 comunidades remanescentes de quilombos até hoje e da lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da história da África nas escolas brasileiras, foi o principal exemplo dado pelo professor.
As dificuldades de se trabalhar com um número reduzido de funcionários e de verba não deixaram de ser mencionadas. Mas, acima de tudo, ficou a alegria das conquistas e a certeza de ter mais responsabilidades. “Os 18 anos tem um caráter simbólico. É um momento que se atinge a maioridade e por isso, você passa a ser mais respeitado e mais exigido”, observou Zulu.
Depois de seu discurso, o professor Ubiratan entoou a canção “Sorriso Negro” de Dona Ivone Lara, também tocada pelo DVD que contou a história da FCP com fotos do acervo. A noite terminou com o som da orquestra de berimbaus do grupo Nzinga de Capoeira Angola e com o sabor da culinária afro-brasileira.