Notícias
País investe para receber turista negro dos EUA
A ministra do Turismo, Marta Suplicy, informou que sua pasta está destinando recursos ao governo da Bahia para o desenvolvimento de infra-estrutura destinada a receber turistas negros dos Estados Unidos. Segundo ela, esse público norte-americano já “começa a descobrir as delícias da Bahia na busca de suas raízes”. Ela participou da audiência pública sobre turismo étnico realizada nesta quinta-feira pela Comissão de Turismo e Desporto.
Os negros dos Estados Unidos têm uma capacidade de geração de renda que os coloca em posição equivalente à 11ª economia do mundo, segundo informou na audiência o presidente da Associação Nacional dos Coletivos de Empresários e Empreendedores Afro-Brasileiros, João Bosco Borba. Os afro-americanos gastam 54 bilhões de dólares por ano em turismo, e desembolsam, em média, 1,5 mil dólares por viagem na compra de mercadorias.
Investimento
Pensando nesse filão, começam a surgir investimentos em turismo étnico no Brasil, conforme ressaltou a ministra. “Eles querem a raiz africana; os rituais religiosos, a gastronomia, a música. E isso a Bahia tem demais”, disse. O ministério, segundo ela, aplicou 11 milhões de dólares desde outubro em propaganda do Brasil nos Estados Unidos voltada para o público negro, em cidades como Miami, Nova Iorque, Atlanta, Los Angeles e Chicago. “Hoje, os negros têm 12% do PIB norte-americano. Eles viajam e podem viajar para o Brasil”, ressaltou.
Os Estados Unidos são o segundo país que mais manda turistas para o Brasil, atrás apenas da Argentina. Apesar disso, somente 1,2% dos turistas americanos viaja para o Brasil. Por isso, a ministra disse que o País deve investir mais nesse público.
Valorização social
A autora do requerimento para a realização da audiência, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), contou que a cidade de Cachoeiro, no interior da Bahia, costuma receber turistas afro-americanos por ocasião da Festa de Nossa Senhora da Boa Morte.
Ela destacou que esse tipo de turista quer gastar dinheiro, mas também espera encontrar boa infra-estrutura. Lídice da Mata ressaltou, ainda, a importância social de estimular o turismo étnico: “Há nesse nicho de trabalho uma valorização social do negro brasileiro”.
O secretário de Turismo da Bahia, Domingos Leoneli, ressaltou que o estado está formatando acordos com termos de conduta para quem trabalha com turismo étnico. Ele disse que o candomblé, por exemplo, não é atração turística, mas uma atividade religiosa, e deve ser tratado com o mesmo respeito que a Basílica de São Pedro, no Vaticano, por exemplo.
O representante da Fundação Palmares, Antônio Pompeu, salientou que está sendo trabalhada a integração entre a cultura e o turismo. A prioridade é o Parque Memorial Quilombo dos Palmares – o primeiro parque cultural afro-brasileiro do País, inaugurado no final do ano passado em Alagoas.
Agência Câmara