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OS KALUNGAS: Descobrindo as próprias riquezas
Brasília, 27/9/06 – “Quem nós somos?”, “O que nós temos?”, “O que queremos?” e “O que podemos?” foram as quatro perguntas trabalhadas durante a Oficina Kalunga. A primeira delas serviu para resgatar um pouco da memória dessas comunidades remanescentes dos quilombos.
Os próprios Kalungas questionaram o instrutor da Iattermundi sobre o porque de receberem esse nome. Existem várias versões sobre a origem do nome. A versão contada pelo quilombola Manoel Moreira, conhecido como Tico, é que existe uma grota chamada Kalunga na Fazenda Tinguizal, em Monte Alegre. Por causa disso, os que viviam na região também passaram a ser chamados assim.
O povo Kalunga engloba hoje mais de 30 comunidades espalhadas pelo norte de Goiás. A grande quantidade de povoados é uma das razões para que se realizem oficinas de discussão e integração. “Hoje até melhorou. A gente está se integrando mais e se articulando melhor”, observa Tico em relação ao início da luta dos kalungas.
Desde que foram expostos à mídia e ao conhecimento de pesquisadores e turistas, muita coisa já mudou nas comunidades Kalungas. Ismael é da comunidade do Vão do Moleque, em Cavalcante, e coordena a festa de Nossa Senhora do Livramento e São Gonçalo. Ele conta que a participação de pessoas de fora tem aumentado nas festas tradicionais, mas existem coisas que prejudicam. “Vão muitos vendedores ambulantes, que retiram a verba da comunidade e deixam muito lixo em nossas festas”, diz ele.
“Antigamente, nós sofríamos não só com os fazendeiros, como também na cidade. Éramos tratados como se fôssemos o lixo da cidade”, observa Tico, que está na luta há mais de 20 anos. Ele avalia que neste governo, houve uma maior atenção à causa dos kalungas. “Mas, ainda falta concluir muita coisa, como a regularização da terra”, observa.