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O nobel da paz ao etíope Abiy Ahmed
O anúncio na sexta-feira (11) de que o escolhido como ganhador do Prêmio Nobel da Paz, em 2019, foi o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali, merece comemorações, obviamente, pela população do país do agraciado, dos povos dos demais países africanos e de defensores do desenvolvimento e do congraçamento entre as nações, o que inclui de modo contundente o Brasil.
Abiy Ahmed, de 43 anos, mereceu a distinção, de acordo com o comitê do prêmio, na Noruega, pela atuação que tem em prol da paz na região especialmente no que se refere ao conflito entre a Etiópia e a Eritreia.
Abiy Ahmed foi protagonista de uma conciliação com a Eritreia. Em apenas um semestre de governo, ele conseguiu celebrar um tratado de paz com o país vizinho, colocando fim a duas décadas de confrontos.
No seu governo, Abiy também concedeu liberdade a dissidentes políticos. Pediu desculpas oficiais pela violência estatal e recebeu de braços abertos os integrantes de grupos exilados que seus antecessores haviam chamado de “terroristas”.
Os dois estados têm um histórico de confronto e esforço por autodeterminação, que tem raízes na antiguidade clássica, quer dizer, passa pelo período grego e romano, logo diz respeito a uma relação complexa e longínqua. Há também menções tanto à Etiópia quanto à Eritreia em fontes literárias egípcias, ou seja, datadas por volta de 2 500 a.C.
Os dois territórios podem ser considerados integrantes do berço da civilização mundial. Não é por acaso que a sede da União Africana está na capital da Etiópia, Adis Abeba.
A repercussão desse prêmio no Brasil, país que tem a segunda maior população afrodescendente do planeta, deveria ser impactante. Por essa característica étnica, quando o Continente Africano avança em quaisquer áreas de políticas públicas, essa conquista ajuda a elevar a estima dos negros do nosso país.
A Etiópia com 110 milhões de habitantes tem a segunda maior população entre os países africanos. Conta com tradições profundas entre cristãos e judeus. Portanto, simbolicamente é um estado bastante representativo.
Abiy é o 24º a conquistar um Nobel. No ano passado, o prêmio laureou o médico congolês, Denis Mukwege. Ele atendeu mais de 30 mil vítimas de abuso sexual com ferimentos graves, numa região em que a guerra civil levou que milhares de mulheres tenham sido estupradas e ceifou mais de 6 milhões de vidas humanas.
Conforme divulgou o comitê do Nobel, o prêmio divulgado hoje é a expressão de um desejo “de reconhecimento a todos os atores que trabalham pela paz e a reconciliação na Etiópia e nas regiões do leste e nordeste africanos”.
Nós aqui do Brasil aplaudimos e manifestamos o mesmo desejo de que essa celebração se traduza em mais um passo em direção à paz entre esses povos e nações africanas.
Por: Sionei Ricardo Leão
Diretor de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Cultural Palmares