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O mundo sem Mama África
Miriam Makeba, a Mama África, morreu depois de uma apresentação na Itália
A música africana e a luta pela igualdade racial perderam um grande ícone nesta segunda-feira (10). A cantora sul-africana, Miriam Makeba, 76, conhecida como “Mama África”, sofreu um ataque cardíaco na noite do dia 9, enquanto se apresentava num concerto em Castel Volturno, Itália. O corpo da cantora vai ser repatriado da Itália para a África do Sul, onde será o funeral e a cremação, a pedido da família. Ainda não é conhecida a data do funeral.
Makeba nasceu em Joanesburgo, em 1932. Começou a carreira em grupos vocais nos anos 50, cantando blues americanos e ritmos tradicionais da África do Sul. Vendia muitos discos no país, mas ganhava pouco pelas gravações, fazendo nascer nela a vontade de emigrar para os Estados Unidos, para cantar profissionalmente.
Em 1960, participou do filme Come Back, África, um documentário contra o apartheid. Teve uma boa recepção na Europa, e, por não voltar ao país, teve o seu passaporte sul-africano anulado. Em Londres, conheceu o cantor e ator negro norte-americano Harry Belafonte, que foi o responsável pela entrada de Miriam no mercado americano. Um de seus maiores sucessos é a canção Pata Pata. Em 1966, os dois ganharam o Prêmio Grammy na categoria de música folk, pelo disco An Evening with Belafonte/Makeba.
Um testemunho sobre as condições dos negros da África do Sul perante o Comitê das Nações Unidas contra o Apartheid, em 1963, rendeu a Miriam a cassação de sua nacionalidade sul-africana pelo governo racista. Com o fim do apartheid, a cantora regressou ao seu país, em 1990, a pedido do presidente Nelson Mandela, que a recebeu pessoalmente.
Miriam Makeba recebeu a Medalha de Ouro da paz Otto Hahn, em 2001, entregue pela Associação da Alemanha das Nações Unidas, “por relevantes serviços pela paz e pelo entendimento mundial”.
Depois de passar mal em um concerto no sul da Itália, morreu na madrugada do dia 10 de novembro. Símbolo da luta contra o racismo por meio da cultura, Makeba cantou até o fim e marcou a história cultural e racial em seu país e em todo o mundo.