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Morre Nelson Mandela, símbolo da luta contra o racismo
Mandela permanecerá vivo nos corações e mentes de todos que, como ele, combatem a descriminação racial e as desigualdades
BONDADE
Ninguém nasce odiando outra pessoa
pela cor de sua pele,
ou por sua origem, ou sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender,
e se elas aprendem a odiar,
podem ser ensinadas a amar,
pois o amor chega mais naturalmente
ao coração humano do que o seu oposto.
A bondade humana é uma chama que pode ser oculta,
jamais extinta.
Nelson Mandela
O mundo perdeu, ontem (05/12), o maior símbolo da luta contra o racismo e pela paz mundial. Aos 95 anos, morre Nelson Mandela, agraciado com o Prêmio Nobel da Paz de 1993, militante incansável pela liberdade e contra a discriminação racial há mais de 70 anos e primeiro presidente negro da história da África do Sul.
Em decorrência de uma infecção pulmonar, Mandela ficou internado de junho a setembro de 2013, quando voltou para casa. Faleceu na noite dessa quinta-feira, às 20h50, horário local de Pretória.
A vida do líder negro da liberdade – Foi batizado Rolihlahla Mandela, cujo primeiro nome significa, em xhosa (um dos 11 línguas da África do Sul), agitador. Adjetivo que caracterizava o espírito e a vida do líder nascido em uma pequena aldeia na região sudeste da África do Sul chamado de Transkei.
Ainda jovem, como estudante de direito, Mandela se envolveu na oposição ao regime do Apartheid, que negava aos negros (maioria da população), mestiços e indianos (uma expressiva colônia de imigrantes) direitos políticos, sociais e econômicos. A luta pela igualdade se acirrou em 1960, depois do Massacre de Sharpeville. Nesta ocasião, 5000 pessoas participavam de um protesto pacífico, quando foram impedidos pela polícia sul-africana que, na tentativa de conter os manifestantes, matou 69 pessoas, deixando cerca de 180 feridos.
O fato teve repercussão internacional para a luta contra o Apartheid. E Mandela, líder das manifestações, foi preso em 1964, condenado, à prisão perpétua, por sabotagem contra militares e o governo, e por planejar uma guerrilha. Encarcerado por 27 anos, Madiba, como também era conhecido, foi exemplo de persistência contra a opressão e admirado ao redor do mundo. Com o passar dos anos, tornou-se o maior símbolo de protestos internacionais contra o racismo.
A prisão do líder sul-africano culminou debates pelo mundo. A África do Sul, pressionada pela comunidade internacional, estava isolada. Foi neste contexto que Frederik de Klerk, então presidente do país, finalmente respondeu aos apelos para libertá-lo. Três anos depois de conquistar a liberdade, Nelson Mandela recebeu o Prêmio Nobel da Paz junto com De Klerk. E em 1994, tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul.
Mandela na Fundação Palmares – Em visita oficial a Brasília, em 1998, Mandela, ainda como presidente da África do Sul, participou da cerimônia de entrega a Fundação Cultural Palmares do terreno onde será construído o Museu de Memória e Cultura Afrodescendente. Na ocasião, Madiba assinou a placa de fundação da área.
“A Fundação Palmares lamenta profundamente essa perda. Nelson Mandela representou uma fundamental força política e social para o combate ao racismo na África do Sul e no mundo nas últimas décadas. A luta contra o Apartheid fomentou novas conquistas pelos direitos de igualdade racial. Certamente o legado de Mandela ficará na história da luta da gente negra pela igualdade, racial para sempre”, disse o presidente da FCP, Hilton Cobra.