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Morre aos 64 anos, o historiador Ubiratan Castro
Ubiratan Castro, ex-presidente da Fundação Cultural Palmares
Faleceu aos 64 anos nesta quinta-feira (3), o historiador baiano Ubiratan Castro. A notícia foi dada por meio de nota pela Fundação Pedro Calmon, da qual ele era diretor. Castro estava internado na UTI do Hospital Espanhol desde outubro por conta de uma insuficiência renal que se agravou nos últimos dias. A família aguarda a chegada dos filhos de Castro, que estão em São Paulo, e de parentes para o sepultamento.
Ao saber da morte de Castro, o presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, recordou sua importância para a instituição da qual também foi presidente entre 2003 e 2006. “Ele fez muito pela Palmares e deixou um legado para a instituição e para o país. Temos muito a agradecer”, disse. Os servidores e colaboradores da instituição expressam seus sentimentos em solidariedade à família do intelectual.
Ativismo – À frente da Fundação Cultural Palmares, Ubiratan Castro de Araújo teve o mérito de acelerar as certificações de auto-definição das comunidades remanescentes de quilombo, a fim de viabilizar aplicação do artigo 68 das disposições transitórias da Constituição de 1988 e do Decreto 4887/2003.
Foi responsável também, por projetos que deram ao Brasil visibilidade internacional no que diz respeito ao debate sobre a diáspora africana.
Vida – Nascido em Salvador, em 22 de dezembro de 1948, Ubiratan Castro de Araújo exercia, desde 2007, o cargo de diretor-geral da Fundação Pedro Calmon. Em sua formação acadêmica, era doutor em História pela Université Paris IV-Sorbonne, Mestre em História pela Université Paris X-Nanterre, licenciado em história pela Universidade Católica do Salvador e bacharel em Direito pela Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Membro da Academia de Letras da Bahia, ocupou a cadeira 33, cujo patrono é o poeta abolicionista Castro Alves. Foi diretor do Centro de Estudos Afro-Orientais da Ufba, presidente do Conselho para o Desenvolvimento das Comunidades Negras de Salvador (CDCN) e irmão professo da Venerada Ordem do Rosário de Nossa Senhora dos Homens Pretos a Portas do Carmo, localizada na Igreja do Rosário dos Pretos no Largo do Pelourinho.
No primeiro mandato do presidente Luís Inácio Lula da Silva (entre 2003 e 2006), Ubiratan Castro de Araújo trabalhou com o ministro da Cultura, Gilberto Gil, presidindo a Fundação Cultural Palmares. Desde 2007, integrou o Governo Jaques Wagner, sendo diretor-geral da FPC. Entre os prêmios e títulos que recebeu, destacam-se a Medalha do Bicentenário da Restauração Portuguesa da Academia Portuguesa de História, o Troféu Clementina de Jesus da União dos Negros pela Igualdade (Unegro) e a Medalha Zumbi dos Palmares da Câmara Municipal de Salvador.
Recentemente, recebeu ainda a Comenda da Ordem Rio Branco, condecoração oferecida pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil. É autor dos livros: A Guerra da Bahia, Salvador Era Assim – Memórias da Cidade, Sete Histórias de Negro (primeiro trabalho ficcional do autor) e Histórias de Negro.