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20 DE NOVEMBRO!
Milhares de pessoas subiram o monte sagrado de União dos Palmares!
A diversidade cultural dos afro-brasileiros cobriu solo sagrado do Parque Memorial Quilombo dos Palmares
Dia de muita emoção, no Parque Memorial Quilombo dos Palmares. Milhares de pessoas subiram a Serra da Barriga para festejar o 20 de novembro, pela primeira vez, como feriado nacional. Foi como se um grito de liberdade ecoasse em forma de dança, música, ritos sagrados, sorrisos, lágrimas, palavras, atos. E o som dos berimbaus anunciassem:
– Renderam não / renderam não / renderam / renderam / se renderam não...
Logo ao alvorecer, líderes de diferentes religiões de matriz africana realizaram um culto, demonstrando a força da espiritualidade ancestral, que não se deixou aniquilar pelo racismo. Os caminhos estavam devidamente abertos para as celebrações, que continuaram no mesmo tom, com a outorga do título de Doutor Honoris Causa a quatro líderes espirituais que simbolizam a luta contra a intolerância religiosa.
Em cerimônia conduzida pelo reitor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Josealdo Tonholo, receberam a honraria o babalorixá Celio Omintologi, a Yalorixa Neide Oyá D'Oxum (Mãe Neide), o babalawô Oloyé Ayinde Oriwo e makota Celinha. Foram ovacionados pelo auditório improvisado no Parque Memorial Quilombo dos Palmares.
EMOÇÃO. Finalizada a cerimônia, o foco mudou para o palco armado pela Fundação Cultural Palmares, onde mais uma liderança religiosa foi homenageada: a Iyalorixá Mãe Mirian, que recebeu uma placa de prata da instituição, em reconhecimento por seu trabalho em defesa das religiões afro-brasileiras.
No discurso de agradecimento e de reafirmação dos valores espirituais do povo negro, fez menção especial ao presidente Lula, que “nos agraciou com esse feriado nacional”. Ato que, como bem classificou Nelson Mendes, diretor da Fundação Cultural Palmares, significa o reconhecimento, por parte do Estado brasileiro, da contribuição do povo negro para a cultura nacional.
Dois momentos singulares: a colocação de flores na estátua de Zumbi dos Palmares – marco da resistência contra a escravização – e a execução do hino nacional. Na interpretação invulgar do líder espiritual Igbonan Rocha, versos como “não teme quem te adora a própria morte” revestiram-se de eloquente e emocionante coerência.
FALARES. No palco, autoridades dos três níveis de governo, ativistas e agentes culturais alternaram-se em falas curtas e complementares, umas cobrando a presença política “fora das eleições” (capoeirista Mestre Girafa); outras exaltando os políticos, como o presidente Lula, que “voltou a ser presidente para valorizar Serra da Barriga” (Junior Menezes, vice-prefeito de União dos Palmares).
Todas as falas, porém, com um único foco: a valorização e a exaltação da cultura afro-brasileira, com vivas à consciência negra (Melina Freitas, secretária estadual de Cultura e Economia Criativa) e votos de que “a negritude alegre o mundo” (Márcia Rollemberg, secretária da Diversidade e Cidadania do Ministério da Cultura, representando a ministra Margareth Menezes).
“O Brasil que queremos é um Brasil no qual pessoas negras tenham acesso a todos os direitos", proclamou Roberta Eugênio, secretária executiva do Ministério da Igualdade Racial, enquanto Vitor Pereira, representante do Governo do Estado de Alagoas, prometia: “não economizaremos esforços para que todos e todas sejam inseridos no orçamento do estado”.
Pontilhando o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, a diversificada cultura afro, numa significativa manifestação de resistência e fé: rodas de capoeira de variadas vertentes; performances de dança e muita música – do samba de roda à orquestra de tambores, passando pelo coco e pelos afoxés.
Dia memorável!
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